Adolescente é apontado como 'expert' em roubar prédios de luxo em SP; Moema é uma das áreas visadas
Jovem já responde a seis processos por atos infracionais semelhantes. Defesa dele não foi localizada
A Justiça de São Paulo determinou a internação por até três anos de um adolescente apontado como 'especialista' em furtar condomínios na capital. A decisão, dada nesta terça-feira, 1º, pela 5ª Vara Especial da Infância e da Juventude, destaca a "multirreincidência" do menor no ato infracional.
Além de ter sido flagrado por câmeras em diversos furtos, o próprio adolescente confessou os atos ao juiz. Ainda cabe recurso.
A reportagem não conseguiu contato com a família do adolescente e não localizou sua defesa. Por envolver menor, o processo corre em segredo de Justiça.
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Conforme o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), os autos do processo informam que o jovem, junto com outras pessoas não identificadas, enganou o porteiro de um prédio, entrou no condomínio e invadiu dois apartamentos, ambos sem moradores naquele momento. O adolescente subtraiu relógios, bijuterias e outros bens das vítimas. Câmeras de segurança registraram a ação.
Na sentença, o juiz Rodrigo Capez falou sobre a gravidade do caso, que gerou substancial prejuízo às vítimas, e destacou a reincidência do adolescente por atos equiparados a furtos, roubo e associação criminosa. Também fez referência a outros processos em andamento por condutas similares praticadas em condomínios da capital.
O menor já responde por seis processos por atos infracionais relacionados à invasão de furtos em condomínios. "Imperiosa, portanto, diante da gravidade concreta dos atos infracionais, de sua multirreincidência, de suas condições pessoais, do contexto de reiteração infracional, de sua profunda inserção no meio delitivo e do seu grave déficit socioeducativo, a aplicação de medida socioeducativa de internação", diz o juiz na decisão.
A internação é por tempo indeterminado, não superior a três anos. O TJSP não revelou a região da capital onde os atos infracionais foram praticados.
A internação é a medida mais severa prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para menores de 18 anos que praticam atos infracionais.
O estatuto prevê medidas que variam conforme a gravidade do caso. Elas começam com a advertência, passam pela obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida e semiliberdade, quando o jovem fica em internato, mas pode sair para atividades.
Na internação, o adolescente é privado da liberdade em unidade da Fundação Casa, com acompanhamento pedagógico e terapêutico.
MP aponta roubo de relógios, joias e bijuterias
O Ministério Público de São Paulo informou que a internação do adolescente determinada pelo juiz Rodrigo Capez nesta terça é resultado de representação oferecida pela 22ª Promotoria da Infância e Juventude da capital.
Ao levar o caso à Justiça, o promotor Renato Kim Barbosa relata que, em 30 de dezembro de 2024, o adolescente se passou por morador e entrou em um condomínio de Moema, na capital, arrombando a porta de dois apartamentos, de onde roubou relógios, joias e bijuterias. Flagrado pelo zelador já no térreo, fugiu na companhia de outras duas pessoas não identificadas que o esperavam.
Segundo o promotor, o adolescente é reincidente e possui diversas passagens infracionais anteriores. Ele já foi submetido a outras medidas socioeducativas e tem seis mandados de busca e apreensão em aberto. Para o promotor, isso demonstra que o jovem está inserido no meio infracional.
Polícia apreendeu adolescente suspeito de invadir 40 prédios
No dia 17, a Polícia Civil de São Paulo apreendeu um adolescente de 17 anos suspeito de invadir ao menos 40 condomínios para furtos. Ele começou a cometer os crimes aos 13, segundo estimativa da polícia, e deu prejuízo de ao menos R$ 30 milhões às vítimas.
Não é possível confirmar se o adolescente apreendido é o mesmo que foi sentenciado pelo juiz.
Com o dinheiro dos furtos, o jovem levava vida de luxo, usando roupas de marca, mochilas e tênis caros - o que também facilitava o acesso aos edifícios, já que muitas vezes ele se fazia passar por amigo de moradores.
A polícia obteve registros de câmeras mostrando que o rapaz entrava nos prédios muitas vezes enganando a vigilância, após puxar conversa com porteiros e funcionários. Às vezes, aproveitava a saída de um morador para entrar como se morasse no prédio.
No interior dos apartamentos, ele sabia onde encontrar os objetos de valor e selecionava aquilo que era fácil de carregar: joias, relógios de grife e dinheiro em espécie. Segundo a investigação, o jovem, residente em São Paulo, viajou para outros seis Estados, incluindo Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul, onde também praticou furtos em condomínios.
Aos 14 anos, ele foi apreendido após arrombar um cofre e furtar relógios e joias avaliados em R$ 3 milhões. O adolescente cumpriu um ano e nove meses na Fundação Casa. Quando foi apreendido pela segunda vez, morava sozinho em um apartamento de alto padrão.