Ação policial mira esquema de fraude em licitações de limpeza, merenda e serviços terceirizados do Governo do RS
Esquema teria permitido que um mesmo grupo controlasse setores inteiros de contratação, gerando prejuízos ao Estado.
Oito empresas são alvo da Operação Regenerare, deflagrada nesta sexta-feira para apurar um suposto esquema de manipulação de certames licitatórios do Governo do Rio Grande do Sul. A ação cumpre dez mandados de busca e apreensão e determina o bloqueio de R$ 60 milhões nas contas dos investigados, com diligências em Porto Alegre e na Região Metropolitana. O foco da investigação são contratos de serviços terceirizados de limpeza, copa, merenda, cozinha e outras atividades essenciais.
De acordo com a 2ª Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública, as empresas envolvidas teriam atuado de forma coordenada para simular competição em pregões e dispensas eletrônicas, frustrando a concorrência real. As suspeitas surgiram após análises da CRPJ, comissão formada pela Procuradoria-Geral do Estado e pela Contadoria e Auditoria-Geral do Estado, com apoio da Central de Licitações. As apurações identificaram padrões anômalos e vínculos diretos entre pessoas ligadas às companhias, incluindo o uso de "laranjas" para ocultar os verdadeiros beneficiários do esquema.
Conforme os investigadores, parte dessas empresas não possuía capacidade operacional para cumprir os contratos, acumulando falhas na prestação de serviços e gerando passivos trabalhistas posteriormente assumidos pelo Estado. Entre os casos identificados, uma empresa chegou a ter, por dois anos, um proprietário condenado por roubo e monitorado por tornozeleira eletrônica, período no qual venceu 15 licitações e soma mais de R$ 2 milhões em contratos. Outra companhia tinha como sócio um morador de rua, com diversos antecedentes policiais. A reportagem contatou o Governo do RS e aguarda manifestação. O espaço segue aberto para esclarecimentos.