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Ataques de cães crescem no País; em SP, 1 pessoa é mordida por hora

12 out 2010 - 08h46
(atualizado às 11h32)
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Hermano Freitas
Direto de São Paulo

Mais de 500 pessoas por ano são atacadas por cães no Brasil. Apenas no Estado de São Paulo, o mais populoso do Brasil, uma nova vítima é atendida por hora na rede pública de saúde. Um levantamento do Ministério da Saúde, que leva em conta os dados do Sistema Único de Saúde, aponta um crescimento anual de aproximadamente 25% nos casos de internações hospitalares motivadas por mordidas de animais da espécie nos últimos dois anos. Os números, até julho, apontam um crescimento de 28,7% em relação ao mesmo período de 2008 - de 257 para 331 registros.

Mais de 500 pessoas por ano são atacadas no Brasil
Mais de 500 pessoas por ano são atacadas no Brasil
Foto: Reuters

A maior ameaça, no entanto, é a contaminação por raiva. "Se a pessoa for agredida por um cão ou qualquer outro animal, é muito importante que procure um serviço de saúde mesmo se o ferimento não for grave, pois pode haver a necessidade de tomar a vacina contra a raiva", lembra Neide Takaoka, diretora do Instituto Pasteur, um centro de pesquisa sobre raiva animal ligado ao governo do Estado.

Especialistas defendem que, para evitar os ataques, é importante saber os motivos que levam o cachorro a atacar até mesmo pessoas próximas a ele. De acordo com a psicóloga especialista em comportamento animal, Ceres Faraco, a invasão do território do animal é um motivo importante, mas não explica todas as reações agressivas que o bicho pode apresentar.

"Existe a invasão do território que o cão considera sua propriedade, mas também ele considera seu espaço o chamado espaço de "ataque e fuga", que pode ser inclusive até onde ele pode alcançar com a guia na rua", diz.

Um comportamento que é interpretado como confrontador por todas as espécies de cachorro é dirigir o olhar para o focinho. Movimentar os braços também pode ser interpretado como uma tentativa de agressão, especialmente pela visão pouco apurada do animal.

Cuidado especial com as crianças

As crianças, principalmente, podem despertar o instinto predador do animal. Pelo tamanho pequeno, correm o risco de serem confundidas com algumas presas naturais do cachorro, como pequenos animais herbívoros. Para Neide, o pouco discernimento da criança no trato com o cão também pode estimular o comportamento agressivo do bicho. "A criança gosta de pegar no cachorro, acha que pode abraçar, apertar. Até o mais pacífico dos cachorros uma hora pode reagir", explica.

Uma dica segura parar tentar escapar de um cão prestes a atacar é não olhar diretamente para ele. "Devemos fazer a chamada posição de árvore: braços colados no corpo e olhar voltado para o alto", diz Ceres. Em caso de movimentação, os passos devem ser o mais lentos possíveis e se afastar ao máximo da direção do cachorro potencialmente perigoso. Neide afirma que uma reação instintiva pode agravar ainda mais a situação. "Puxar o braço pode fazer com que a mordida do braço dilacere o membro", afirma.

Uma crença popular também é desmitificada pelas especialistas. Não se deve tentar exercer qualquer autoridade sobre o animal como chamá-lo pelo nome, gritar ou dar ordens. "Se o animal estiver propenso a atacar, ouvindo seu nome ele vai atacar mesmo", alerta Ceres.

A diretora do instituto Pasteur é cética em relação à criação de uma lei específica para punir donos de animais agressores. "O que resolve é um trabalho de conscientização para a criação segura dos animais, que não podem ser vistos nunca como brinquedos", diz.

Segundo a Secretaria da Saúde paulista, quase 85% dos ferimentos em humanos provocados por animais são casos de ataques de cães. Em segundo lugar, estão os atendimentos de pessoas machucadas por gatos (8%). Segundo Neide Takaoka, 55% dos ataques são contra homens, 40% são menores de 15 anos e a grande maioria dos animais agressores são conhecidos da vítima. Ainda que 60% dos ferimentos sejam superficiais e não acabem em morte, 38% dos ataques resultam em múltiplas escoriações e ainda 6% em feridas mais profundas.

Fonte: Redação Terra
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