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Ao lembrar Mello, Patriota diz que não se pode tolerar 'novos Iraques'

19 ago 2013 - 16h40
(atualizado às 18h58)
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A comunidade internacional não pode tolerar que surjam "novos Iraques", alertou nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota
A comunidade internacional não pode tolerar que surjam "novos Iraques", alertou nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota
Foto: Tânia Rego / Agência Brasil

A comunidade internacional não pode tolerar que surjam "novos Iraques", alertou nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota, durante homenagem a Sérgio Vieira de Mello, ex-representante especial das Organização das Nações Unidas (ONU) no país árabe, morto há 10 anos em um atentado contra a sede da organização em Bagdá.

Sem mencionar diretamente os Estados Unidos, Patriota criticou a intervenção militar no Iraque em 2003 e fez uma apaixonada defesa do multilateralismo também defendido por Vieira de Mello.

Também falou da necessidade de "não demonizar o outro", como, por exemplo, no conflito entre Israel e os palestinos ou em relação ao Irã.

"Antes do surgimento do mundo multipolar, (Vieira de Mello) já era multipolar antes de sua época. Nunca incorreu na tendência de ser norte-atlântico-centrista, ou de acreditar mais no que se lê na imprensa americana, inglesa, europeia, sempre cultivando uma variedade de fontes para informar-se, para ter a adequada compreensão de um problema. Esse era um aspecto de seu universalismo", afirmou o diplomata.

Há 10 anos, em 19 de agosto de 2003, um terrorista suicida detonou um caminhão carregado de explosivos perto do Hotel Canal, que abrigava os escritórios da ONU em Bagdá, deixando 22 mortos, entre eles o diplomata brasileiro, e 200 feridos.

"A primeira obrigação deve ser não piorar, não desestabilizar mais a situação", afirmou ainda Patriota, recordando que quando começou a intervenção militar no Iraque, em 2003, o país tinha 360 mil refugiados e deslocados internos, que, em 2007, passaram para 2,3 milhões.

"São números que aterrorizam, sem falar das mais de 100 mil vítimas civis diretas e indiretas da intervenção militar, segundo estimativas modestas", afirmou o ministro ante cerca de 300 pessoas reunidas para homenagear Vieira de Mello, incluindo a subsecretária-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos.

"A comunidade internacional precisa encontrar formas de ser operacional para evitar grandes tragédias. Não é tolerável que surjam novas Ruandas, novas Srebrenicas, novos Iraques", afirmou o ministro.

"Sérgio foi um grande defensor dos valores e missões da ONU. Sua morte foi uma grande perda para a organização, mas seu legado inspirou muitas pessoas a trabalhar em assuntos humanitários", afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em uma mensagem de vídeo.

Patriota também criticou em seu discurso várias omissões da comunidade internacional, como o uso de aviões não-tripulados (drones), "que provocam um número altíssimo de mortos civis, inocentes, sem que haja um debate sistemático sobre isso".

Também lamentou a demora em se criar um Estado palestino e advertiu que "a situação humanitária nos territórios ocupados, na Cisjordânia, na Faixa de Gaza, equivale a um barril de pólvora".

"Isso agrava as tensões em uma região que já está entre as mais voláteis e instáveis do mundo", comentou Patriota, que voltou a pedir um Conselho de Segurança da ONU "moderno, em consonância com a multipolaridade emergente".

Vieira de Mello, respeitado comissário da ONU para os Direitos Humanos, também trabalhou para a organização internacional em Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique, Peru, Camboja, Líbano, Kosovo, Fiji e Timor Leste.

"Sérgio construiu uma carreira em que conciliou notável talento no campo operacional, político e diplomático. Apoiou os refugiados, a mediação, a retirada de minas, a resolução de conflitos e a reconstrução pós-conflito", resumiu a ONU em um comunicado.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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