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ONU diz que 'aprendeu muito' com morte de Vieira de Mello em atentado

19 ago 2013 - 16h37
(atualizado às 19h59)
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<p>A comunidade internacional não pode tolerar que surjam "novos Iraques", alertou nesta segunda-feira Antonio Patriota em homenagem a Vieira de Mello</p>
A comunidade internacional não pode tolerar que surjam "novos Iraques", alertou nesta segunda-feira Antonio Patriota em homenagem a Vieira de Mello
Foto: Tânia Rego / Agência Brasil

A ONU afirmou nesta segunda-feira que aprendeu muito com as baixas sofridas entre seu pessoal ao lembrar as vítimas do atentado contra a missão das Nações Unidas em Bagdá, em 2003, em uma dia de homenagens realizadas em Nova York, no Rio de Janeiro e em Bagdá. O secretário-geral Ban Ki-moon liderou em Nova York as cerimônias em homenagem aos 22 mortos e 200 feridos do "pior ataque terrorista já sofrido pelas Nações Unidas", segundo ele.

Há dez anos, em 19 de agosto de 2003, um terrorista suicida detonou um caminhão carregado de explosivos perto do Hotel Canal, na capital iraquiana, que abrigava os escritórios da ONU, matando seu enviado especial, o brasileiro Sergio Vieira de Mello, e outras 21 pessoas.

"Hoje, mesmo se nos esforçarmos para melhorar nossa preparação e resposta, os terroristas que nos atacam se tornam mais sofisticados, mais descarados e mais bem armados", afirmou, na presença de sobreviventes, familiares dos falecidos e representantes diplomáticos dos países-membros da ONU.

"Aprendemos com nossas baixas. Estamos mudando o modo no qual operamos ao redor do mundo", disse, destacando a ênfase que a organização coloca em segurança, treinamento e resposta médica. O secretário-geral classificou Sergio Vieira de Mello de "incomparável" e disse que a data de 19 de agosto de 2003 "está gravada na memória coletiva da família da ONU".

Durante a cerimônia foram lidos os nomes dos 22 mortos, um vídeo foi divulgado com imagens das vítimas e sobreviventes lembraram sua experiência naquela data.

O dia de homenagem começou pela manhã quando Ban depositou flores ao pé de painéis com uma mensagem lembrando as vítimas. Depois, a presidência argentina do Conselho de Segurança da ONU organizou um debate sobre a proteção de civis em zonas de conflitos armados.

A ONU lembrou não apenas as vítimas do ataque de 2003, mas também seus funcionários mortos em missão no último ano. "Neste ano, já temos mais colegas mortos em missão do que em todo 2012", ressaltou Ban, mencionando 30 integrantes de diversas missões da organização mortos em cumprimento de seu dever ao redor do mundo.

Em 2012, a ONU indicou ao menos 26 mortos, sendo nove civis, enquanto que um ano antes este número foi de 35 pessoas, das quais 25 civis. Este ano, a ONU sofreu um ataque brutal em seu principal complexo em Mogadíscio, capital da Somália, que deixou 18 mortos.

Brasil homenageia Vieira de Mello

As vítimas e sobreviventes do ataque em Bagdá também foram homenageadas no Brasil, onde o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, alertou que a comunidade internacional não pode tolerar que surjam "novos Iraques".

Sem mencionar nenhuma vez diretamente os Estados Unidos, Patriota criticou a intervenção militar no Iraque em 2003 e fez uma apaixonada defesa do multilateralismo também defendido por Vieira de Mello.

"Antes do surgimento do mundo multipolar, (Vieira de Mello) já era multipolar antes de sua época. Nunca incorreu na tendência de ser norte-atlântico-centrista, ou de acreditar mais no que se lê na imprensa americana, inglesa, europeia, sempre cultivando uma variedade de fontes para se informar, para ter a adequada compreensão de um problema. Esse era um aspecto de seu universalismo", afirmou.

"A primeira obrigação deve ser não piorar, não desestabilizar mais a situação", disse ainda Patriota, recordando que, quando começou a intervenção militar no Iraque, em 2003, o país tinha 360 mil refugiados e deslocados internos, que, em 2007, passaram para 2,3 milhões.

"São números que aterrorizam, sem falar das mais de 100 mil vítimas civis diretas e indiretas da intervenção militar, segundo estimativas modestas", afirmou o ministro ante cerca de 300 pessoas reunidas para homenagear Vieira de Mello, incluindo a subsecretária-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos.

"A comunidade internacional precisa encontrar formas de ser operacional para evitar grandes tragédias. Não é tolerável que surjam novas Ruandas, novas Srebrenicas, novos Iraques", afirmou o ministro.

"Vieira de Mello era um líder humanitário carismático, sem medo", afirmou, por sua vez, Valerie Amos. "O ataque foi um desperdício sem sentido de vida humana (...) e, de maneira indireta, um ataque a pessoas que estão entre as mais vulneráveis do mundo", acrescentou.

Além de Nova York e Rio de Janeiro, as vítimas do ataque foram lembradas em Bagdá, em uma cerimônia liderada pelo secretário-geral adjunto da ONU para assuntos políticos, Jeffrey Feltman. "Nosso trabalho hoje aqui no Iraque é a melhor homenagem àqueles que morreram", disse Feltman, de acordo com um comunicado da ONU.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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