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Amor faz parte 'da construção da identidade nacional' do Brasil, diz jornalista francês

O Le Monde publicou nesta terça-feira (30) a última crônica de Bruno Meyerfeld como correspondente do jornal no Brasil, na qual o jornalista analisa o lugar central do amor na sociedade brasileira a partir das tradições do réveillon. Para o correspondente, as superstições e os rituais de Ano-Novo revelam que o desejo de amor ocupa uma posição tão importante quanto as aspirações por dinheiro ou saúde.

30 dez 2025 - 12h18
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Segundo o autor, no Brasil, o amor extrapola a esfera privada e se afirma como um valor cultural estruturante da sociedade e até da política, fazendo parte da construção da identidade nacional.

Casal posa ao nascer do sol na praia de Copacabana na véspera do Dia dos Namorados, no Rio de Janeiro.
Casal posa ao nascer do sol na praia de Copacabana na véspera do Dia dos Namorados, no Rio de Janeiro.
Foto: AFP - CHRISTOPHE SIMON / RFI

O texto relembra que o amor quase integrou o lema da República, que deveria ser: "Amor como princípio, ordem como base, progresso como objetivo", mas foi excluído da fórmula por ser considerado um conceito frívolo, restando apenas o lema positivista "Ordem e Progresso".

Essa ausência simbólica se contrapõe à presença recorrente do amor no discurso político contemporâneo brasileiro, especialmente sob o governo Lula, que mobiliza o sentimento como ferramenta de pacificação e de oposição à retórica do ódio, transformando-o em elemento de comunicação política.

A crônica também aborda as práticas sociais ligadas às relações afetivas no Brasil, desde pedidos formais de namoro até rituais tradicionais em comunidades indígenas. Meyerfeld destaca a complexidade do vocabulário popular para definir relações amorosas informais com termos como olhante, conversante, ficante, entre outros, revelando a fluidez dos vínculos e a importância atribuída às dinâmicas afetivas no cotidiano brasileiro.

Contexto conservador e de desigualdades

Em um contexto social marcado por conservadorismo e desigualdades, o autor afirma que amar pode exigir estratégias específicas, sobretudo para populações negras e LGBTQIA+. O uso do pajubá, linguagem criada como forma de proteção e afirmação identitária, ilustra como amor e resistência cultural se entrelaçam.

Paralelamente, o texto descreve práticas religiosas e místicas católicas, afro-brasileiras e populares, mobilizadas na busca por relações amorosas.

Por fim, Meyerfeld recorre à literatura, à música e às lendas populares para mostrar como o amor atravessa a produção simbólica brasileira, frequentemente associado a narrativas de paixão intensa e tragédia. Ao encerrar sua correspondência para o Le Monde no país, o autor associa essa temática à própria experiência de despedida, sugerindo que escrever sobre o Brasil é também uma forma de amar o país e de elaborar a saudade deixada por ele.

 

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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