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Bolsonaro tentou usar prestígio das Forças Armadas

Presidente declarou neste domingo, 3, que as Forças Armadas estão ao lado do seu governo

3 mai 2020 - 20h50
(atualizado às 20h58)
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BRASÍLIA - Oficiais-generais influentes avaliaram que o presidente Jair Bolsonaro tentou, neste domingo, 3, fazer uso político do capital das Forças Armadas. Ao afirmar que a caserna estava com o governo, ele partiu para "pressões" e "ameaças dissuasórias" que provocaram novo incômodo no setor.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, acompanhado da filha Laura, desce a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília
O presidente da República, Jair Bolsonaro, acompanhado da filha Laura, desce a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília
Foto: Dida Sampaio / Estadão Conteúdo

Em conversas com o Estado, interlocutores do presidente deixaram claro que a Aeronáutica, o Exército e a Marinha estão "sempre" na defesa da independência dos poderes e da Constituição. "Ninguém apoia aventura nenhuma, pode desmontar essa tese. Estamos no século 21", resumiu uma das fontes, que ainda destacou a "retórica explosiva" do presidente que permite interpretações.

Na declaração a apoiadores que provocou reações, Bolsonaro disse que "chegamos ao "limite". Os militares ouvidos pelo jornal disseram que ele se expressa mal e acaba colocando em risco sua postura de defensor da Carta. A frase do presidente, reclamaram, voltou a colocá-los em uma "saia justa". Eles reafirmaram que não vão se meter em questões políticas. "É uma declaração infeliz de quem não conhece as Forças Armadas", reagiu de forma mais dura um deles. "O problema é que deixa ilações no ar. Afinal, não há caminho fora da Constituição."

As novas investidas do presidente contra o Judiciário, o Congresso e a imprensa ocorreram, segundo essas fontes, um dia depois de um encontro dele com ministros e comandante militares. Nessa reunião ocorrida no Palácio da Alvorada, no sábado, 2, Bolsonaro e sua equipe discutiram a situação do País, a saída de Sergio Moro da pasta de Justiça e Segurança Pública, as consequências de uma crise política arrastada nesta pandemia do novo coronavírus e a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que suspendeu a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para comandar a Polícia Federal.

A suposta interferência de Moraes num ato do Executivo foi criticada pelos participantes do encontro, que demonstraram preocupação com a influência desse posicionamento em instâncias inferiores do Judiciário para barrar indicações em outros órgãos federais e mesmo estaduais. Os ministros e comandantes militares teriam saído do encontro do Alvorada certos de uma "pacificação" por parte de Bolsonaro. Mas, na avaliação das fontes, ele voltou a ser "envenenado", na manhã de domingo, por pessoas próximas e grupos de WhatsApp. Por tradição e hierarquia, os militares não devem fazer manifestações públicas sobre a fala do presidente.

Estadão
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