Bolsonaro diz que negociará tarifaço com Trump se Lula sinalizar e passaporte for devolvido
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (17), que estaria disposto a negociar com o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump para tentar reverter o aumento nas tarifas sobre produtos brasileiros. Mas impôs duas condições: uma sinalização positiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a devolução de seu passaporte, retido pela Polícia Federal.
"Se o Lula sinalizar para mim, eu sei que não é ele que vai dar o passaporte, eu negocio com o Trump. (...) Quem não vai conversar vai pagar um preço alto", disse Bolsonaro em coletiva de imprensa.
Segundo o ex-presidente, o cenário tende a piorar caso o Brasil não tome uma posição. Ele disse acreditar que poderia conseguir uma reunião com Trump e reiterou a gravidade do atual impasse comercial.
"Trump jogou pesado com a China, não vai jogar com o Brasil? (...) Ele não quer o Brasil cada vez mais próximo da Venezuela", afirmou.
"Está na cara", completou, ao dizer que não vê disposição do governo norte-americano em ceder. Ele avalia que uma negociação direta poderia evitar danos maiores à economia brasileira.
Quem deve negociar com Trump?
Durante a coletiva, Bolsonaro ressaltou que não tem plena liberdade para interceder, mas reiterou sua disposição em tentar: "Eu acho que teria sucesso em uma audiência com o presidente Trump".
A declaração foi reforçada por falas anteriores, como na entrevista à CNN Arena, na noite de terça-feira, 15, quando o ex-presidente condicionou qualquer movimentação à devolução de seu passaporte: "Me restitua [o passaporte] que eu converso. Quem é o presidente é o Lula, não sou eu".
O documento foi apreendido pela Polícia Federal em fevereiro, em meio a investigações sobre possível fuga do país. Desde então, o Supremo Tribunal Federal (STF) já rejeitou três pedidos de devolução.
Mesmo com o documento retido, Bolsonaro descarta sair do Brasil. Em conversa com o site Poder360, também na terça, disse: "Estou com 70 anos, cheio de problemas de saúde. Como é que eu vou para outro país?"