Bolsonaro deixa PF em Brasília para cirurgia no dia de Natal
Ex-presidente será submetido a correção de hérnia inguinal, com autorização de Alexandre de Moraes. Juiz negou pedido de prisão domiciliar.O ex-presidente Jair Bolsonaro deixou na manhã desta quarta-feira (24/12) a Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, para se submeter a uma cirurgia de correção de hérnia inguinal. O procedimento está previsto para o dia de Natal.
Sob escolta policial, a saída para o hospital DF Star foi autorizada pelo juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do processo no qual Bolsonaro foi condenado a mais de 27 anos de prisão por ter atentado contra o Estado democrático de direito.
Na decisão, Moraes frisou que a transferência deveria ter escolta discreta pela PF. A Polícia Federal oferecerá vigilância e segurança a Bolsonaro durante a sua internação, bem como ao hospital, e manterá equipes de plantão.
Concessões limitadas
Está proibida a entrada de computadores, telefones, celulares ou qualquer equipamento eletrônico no quarto do ex-presidente, preso há 32 dias em Brasília. A previsão é que a cirurgia dure até quatro horas e a internação se prolongue por no máximo uma semana.
O juiz também autorizou a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como acompanhante enquanto o marido estiver no hospital. Qualquer outra visita deverá contar previamente com autorização judicial.
Os advogados de Bolsonaro haviam solicitado que dois dos cinco filhos do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, também fossem considerados acompanhantes.
Um relatório de médicos da Polícia Federal confirmou que Bolsonaro, de 70 anos, precisava do procedimento, uma vez que estaria sofrendo com até 40 soluços por minuto.
O problema seria decorrente do ataque a faca de que ele foi alvo durante a campanha presidencial de 2018. Desde então, Bolsonaro já foi submetido a diversas cirurgias e internações.
Moraes negou, entretanto, um novo pedido de prisão domiciliar apresentado pela defesa. Ele argumentou que não havia correspondência aos requisitos legais para o benefício e que Bolsonaro reiteradamente descumpriu medidas cautelares antes de ser levado à sede da PF.
Sem indulto de Natal
Bolsonaro cancelou aquela que seria a sua primeira entrevista à imprensa desde que foi preso, alegando questões de saúde ao portal Metrópoles para justificar a desistência.
A Folha de São Paulo, entretanto, reportou ter havido resistência à ideia no entorno do ex-presidente. Havia expectativa de que ele anunciasse apoio à candidatura à Presidência do seu filho Flávio Bolsonaro em 2026.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva excluiu do seu indulto de Natal os condenados por tentativa de golpe de Estado, tal como Bolsonaro. Também ficaram de fora os condenados por violência contra mulheres, tráfico de drogas ou desempenho de funções de liderança em organizações criminosas.
Na semana passada, o Senado aprovou um projeto de lei que reduz a pena de Bolsonaro. Lula já garantiu que vai vetar.
ht (Lusa, ots)