Arquitetura de TI baseada em microsserviços é tendência e começa a ser adotada por startups
No Brasil, a Moobie elege a tecnologia à de empresas como Airbnb, Netflix e Spotify para promover o compartilhamento de carros P2P via app
Cada etapa do processo de compartilhamento de carros de Pessoa para Pessoa (P2P) realizada pela Moobie funciona como um serviço independente - cadastro, busca, reserva, verificação do perfil do condutor e pagamento da locação. É como se cada uma operasse em um compartimento próprio. "Caso o sistema de cadastro de usuários fique inativo, o serviço de busca e reserva de carros continua a funcionar, pois eles trabalham de forma isolada", explica o desenvolvedor da Moobie, Caio Carleto. Apesar dessa autonomia, a solução reflete em um sistema que permite não só enxergar as etapas isoladamente, mas também a integração entre elas.
Trata-se da arquitetura de microsserviços, orientada a eventos (event driven), uma solução pouco utilizada por empresas no Brasil. Na Moobie, os desenvolvedores que conceberam a solução inicial tiveram liberdade para buscar o que existia de mais avançado no mercado, pensando no longo prazo. "Optamos por investir mais tempo de desenvolvimento no início para abreviar o tempo dedicado a melhorias e ao aumento de escala que virá com o amadurecimento do negócio", afirma a CEO e fundadora da Moobie, Tamy Lin.
Desde o início, o plano de negócios da startup enfatizou a base tecnológica do serviço. Experiências de compartilhamento em mobilidade implantadas em cidades dos Estados Unidos, França, Itália e Alemanha inspiraram o modelo, mas as soluções de TI foram espelhadas em diversos segmentos. O critério foi identificar onde as pessoas têm experiências positivas ao interagir com um serviço digital. E a referência veio de empresas como Netflix, Spotify e Airbnb.
Na prática
A arquitetura baseada em microsserviços permite que diferentes integrantes do time de desenvolvedores trabalhem em partes distintas do código de programação, em velocidades específicas, sem gerar interferências. "Atualmente, temos pelo menos quatro melhorias em desenvolvimento simultaneamente. Além disso, avaliamos previamente as implicações do crescimento da comunidade em número de pessoas, carros ou cidades para nos preparar a cada novo passo, preservando o mais importante que é experiência do usuário", explica Tamy.
É como se cada uma das etapas tivesse vida independente, controlando uma base de dados individualizada. Assim, é possível ter uma visão geral da usabilidade da plataforma identificando imprevistos em tempo real, gargalos, raiz de problemas e comportamentos padrão. Os dados ficam organizados de forma a viabilizar a extração de relatórios por episódio e geração de indicadores. Com esses dados, é possível tomar decisões em tempo real quanto a correções, melhorias e implantação de novas funcionalidades.
Atualmente, a Moobie é formada por um time de 12 profissionais, sendo sete no núcleo de produto e desenvolvimento, e quatro dedicados à operação e atendimento. "Todos trabalham muito próximos e têm a mesma visão geral do serviço, fim a fim, participando das decisões", revela Tamy. Segundo ela, a independência de cada etapa é positiva desde que o time mantenha o foco no todo. Lançada em abril deste ano, a startup já tem mais de oito mil clientes na plataforma e 500 carros cadastrados.
Website: http://www.moobie.com.br