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Análise: Com Joice, Doria tenta se antecipar e criar chapa improvável

Perfis de Bruno Covas e Hasselmann são muito diferentes; governador mostra bem sua posição de que não quer perder

19 nov 2019 - 05h11
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A declaração do governador João Doria (PSDB) sobre Joice Hasselmann (PSL) e Bruno Covas (PSDB), pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo, ao dizer que "quanto mais perto ela estiver do Bruno mais feliz eu serei", mostra bem sua posição. Doria não quer perder nenhuma, e sempre foi assim.

Joice tem um grande potencial, mas não sabemos ainda se isso se traduz em termos eleitorais. Há, sim, grande presença política: ela fala e transmite aquilo que quer.

É muito diferente da postura de Bruno Covas, um político mais moderado que trabalhou para ampliar a base de apoio ao seu governo após a saída de Doria da Prefeitura, e retirou secretários que não eram identificados com esse perfil, mais voltado à centro-esquerda.

Isso demonstra que os perfis são diferentes. Joice é tão autocentrada, e voltada para suas próprias atividades e sua postura política, que seria difícil vê-la como vice de um político mais moderado como Bruno Covas.

Ela deve ter o próprio eleitorado, mas não terá o bolsonarismo trabalhando a seu favor. Rompeu com o presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e uma parte do partido, e não sabemos até que ponto seu capital político pode ser retomado no processo eleitoral.

A situação de Bruno é imprevisível e também complicada: está saindo do hospital e já é pressionado, querem colocar uma vice em sua chapa. Não é assim que se resolve um processo eleitoral.

Doria quer se antecipar, e política não se faz assim. Todo candidato muito afoito teve algum problema de desgaste da própria imagem. Aliás, nas últimas eleições o próprio governador perdeu na cidade de São Paulo, onde foi, durante pouco tempo, prefeito.

*É PROFESSORA E PESQUISADORA DE CIÊNCIA POLÍTICA NA PUC-SP

Estadão
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