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'A Casa do Dragão': Discussão do 1º episódio e o que vem por aí

Atenção: o texto a seguir contém spoilers do primeiro episódio de 'House of The Dragon'

22 ago 2022 - 12h01
(atualizado às 14h44)
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A primeira cena de A Casa do Dragão, ou House of the Dragon, dentro da Fortaleza Real, acompanhando as adolescentes Rhaenyra Targaryen (Milly Alcock) e Alicent Hightower (Emily Carey), tem um certo ar de retorno a Hogwarts depois das férias na série Harry Potter. Tudo ali é familiar. Mas também levemente diferente.

ATENÇÃO: O texto a seguir contém spoilers do primeiro episódio de A Casa do Dragão, que estreou ontem na HBO e HBO Max. Leia só depois de assistir, ou siga por sua conta e risco.

Na praça em Porto Real, há uma estátua de dragão, que nunca foi mostrada em Game of Thrones, a série original, também baseada na obra de George R.R. Martin - o que faz sentido, pois os Targaryen foram reduzidos a Daenerys (Emilia Clarke) e Viserys (Harry Lloyd).

Os dragões, que só vão aparecer no final da primeira temporada de GoT, em formato bebê, aqui são grandes, majestosos e coloridos, com cenas de voos, a meia distância e bem próximos. Quase sempre, são vistos de dia, o que é sempre um desafio de CGI. Impressionam especialmente as cenas em que os atores interagem mais de perto com eles. Rhaenyra usa sela quando está sobre eles, ao contrário de Daenerys, que cavalgava sem. (Por quê? Os dragões pareciam extintos por anos, mas sempre pareceu um esforço sobre-humano conseguir dar cambalhotas só segurando no cangote.)

O Trono de Ferro é bem mais ameaçador, com espadas avançando pela escadaria a seus pés, como uma proteção extra para o rei. (O que terá acontecido a elas nas décadas até Game of Thrones?)

É uma tentação comparar os personagens de House of the Dragon com os de Game of Thrones. Em sua primeira cena, o rei Viserys I (o excelente Paddy Considine) está no meio de uma piada no Pequeno Conselho. Ele parece mais preocupado com o torneio para comemorar o nascimento de mais um filho, potencialmente um homem, ou seja, herdeiro do trono, do que com uma ameaça levantada pelo Lorde Corlys Velaryon (Steve Toussaint). Viserys I parece um pouco Robert Baratheon (Mark Addy), mas essa é uma visão superficial. Considerado um bom homem, mas conciliador e fraco como rei, Viserys I está preocupado com a marca que vai deixar.

Seu herdeiro no início do episódio, Daemon Targaryen (Matt Smith) é o oposto. Poderia parecer um Jaime Lannister (Nikolai Coster-Waldau), mas sua incorreção política é mais grosseira, como quando fala de sua mulher. Ele diz achar a corte chata, por isso nunca aparece nas reuniões do Pequeno Conselho. Mas, como diz Otto Hightower (Rhys Ifans), a Mão do Rei, "está para ser criado pelos deuses um homem que não tem paciência para o poder absoluto". Ele comanda a Patrulha da Cidade de Porto Real para combater no melhor estilo "olho por olho" os criminosos da cidade. Apesar de Daemon ser claramente perigoso, Viserys o protege, por ser da sua família. O sangue, aqui, fala mais alto. Não à toa, os Targaryen costumam recorrer ao incesto para manter a linhagem pura.

Rhaenyra, apesar do sobrenome, está mais para Arya Stark (Maisie Williams) do que para Daenerys. Ela é muito mais rebelde e segura de si do que Daenerys no início de Game of Thrones. Diz para sua mãe que preferiria servir o reino como cavaleira do que parindo. É ousada e impulsiva. Já Alicent Hightower, sua melhor amiga e filha da Mão do Rei, está conformada com seu papel como mulher nessa corte. Mas não chega a ser ingênua (e irritante) como a Sansa Stark (Sophie Turner) do começo de Game of Thrones. Ela se incomoda com as decisões tomadas por seu pai em seu nome.

Dito isso, A Casa do Dragão claramente quer ficar o mais próximo de Game of Thrones possível, usando seus elementos mais chamativos - dragões, violência, sexo. É compreensível. É uma série cara, que vem na esteira de um final decepcionante e precisa dar certo para estabelecer um Universo Cinematográfico GoT. Neste primeiro episódio faltam, porém, o humor de um Tyrion Lannister (Peter Dinklage) e frases marcantes. Há ainda uma certa solenidade e uma pressa nas cenas que diminuem a emoção e a identificação com os personagens.

Três pilares sustentam o primeiro episódio de A Casa do Dragão:

O ponto de vista é deslocado para a situação das mulheres. Por mais rebelde que Rhaenyra seja, ela sofre as consequências de ser mulher nessa sociedade. Para começar, a possibilidade de que herde o trono é motivo suficiente para discórdia e vai, lá adiante, causar uma guerra civil entre os Targaryen. É uma questão como foi para a prima de seu pai, Rhaenys (Eve Best), que não foi escolhida para governar justamente por ser mulher. A mãe de Rhaenyra, Aemma (Sian Brooke), sabe que seu papel é apenas parir o herdeiro, que tem de ser um homem. Ela começa o episódio sofrendo com os últimos dias da gravidez e termina morta, por hemorragia, quando tentam tirar o bebê de seu útero com uma cirurgia - sem anestesia, sutura ou antibiótico.

Este mundo é fundamentalmente violento. O rei Viserys I teme por seu legado por não ter sofrido vitórias ou derrotas na batalha. O torneio para comemorar a chegada de seu herdeiro é filmado na melhor tradição de Game of Thrones - o episódio foi dirigido por Miguel Sapochnik, responsável por Hardhome e Battle of the Bastards e showrunner de A Casa do Dragão. Os combates com lança dão a impressão de estarmos na pele dos cavaleiros. Mas logo a festa descamba para a violência extrema, com morte e tudo. Como o Lorde Corlys Valeryon pergunta: Será essa a melhor maneira de comemorar a chegada do novo príncipe? E a pergunta serve para nós também. Se para os homens a violência se dá no campo de batalha ou em forma de entretenimento, para as mulheres ela é imposta. A cena do parto de Aemma é de uma brutalidade digna de GoT.

O poder é afetado pelas relações familiares e pessoais. Viserys acha que faz tudo por Daemon, mas ele acha pouco. A maneira como Daemon se refere ao bebê de Viserys, que morre pouco depois do parto como a mãe, determina que Viserys o destitua da posição de herdeiro do trono. Alicent esconde de Rhaenyra que está confortando o pai dela, o rei. Tudo isso vai ter consequências que desestabilizam o reino.

Preste atenção:

- No alerta que Lorde Corlys Velaryon faz sobre a formação da Triarquia (união de três Cidades Livres do continente Essos) e a atuação do personagem Craghas Drahar, o Engorda Caranguejo, no combate a piratas.

- No fato de ele ser ignorado e depois surpreendido quando seu favorito a herdeiro, Daemon, é trocado por Rhaenyra. Velaryon jura lealdade à futura rainha, que será a primeira mulher a sentar no Trono de Ferro, mas até que ponto vai mantê-la?

- Na relação entre Daemon e sua sobrinha Rhaenyra, brincalhona, de compreensão mútua e cheia de tensão sexual. Lembrando que os Targaryen são dados a relações incestuosas.

- No combate entre Daemon e Sor Criston Cole (Fabien Frankel), filho de um servo nobre de Dorne que chama a atenção de Rhaenyra. Vai ser só um crush? Aliás, como Rhaenyra vai lidar com o fato de que, agora nomeada oficialmente herdeira do Trono de Ferro, terá de se casar e produzir herdeiros para garantir a estabilidade do reino?

- Em Rhaenyra e Viserys falando sobre como o poder dos Targaryen está diretamente ligado aos dragões e como, apesar de cavalgá-los, eles não têm controle total sobre eles.

O segundo episódio de A Casa do Dragão estreia no próximo domingo (28), às 22h, na HBO e HBO Max.

Estadão
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