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2006: Reabertura do Admiralspalast em Berlim

11 ago 2017 - 04h17
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Abrigando salas de teatro, clube, café e até piscina, o Admiralspalast de Berlim foi reaberto após uma reforma milionária em 11 de agosto de 2006, com uma montagem da "Ópera dos Três Vinténs" no programa.Com uma montagem da Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht, o Admiralspalast, teatro localizado ao lado da estação ferroviária Friedrichstrasse em Berlim, foi reaberto em 11 de agosto de 2006. A reinauguração deu continuidade a 133 anos de história de um patrimônio cultural berlinense.

Poucos edifícios acompanharam de forma tão marcante a evolução e a transformação de uma cidade e de uma sociedade como o Admiralspalast. Construído como balneário público na segunda metade do século 19, em suas muitas reformas o prédio do Admiralspalast acompanhou guerras, governos, tendências e foi palco para apresentação de grandes nomes.

Um passado de sal e gelo

Tudo começou em 1873, quando, num canteiro de obras na Friedrichstrasse, no centro de Berlim, foi encontrado um poço artesiano.

Como uma das primeiras piscinas públicas de Berlim, foi aberto então o Admirals-Gartenbad (Balneário Admiral). Entre 1889 e 1890, o balneário foi ampliado com a construção de um prédio de três andares e dezenas de piscinas.

Mas o sucesso durou somente 20 anos. Além da crescente concorrência, o aumento do número de moradias com suas próprias banheiras provocou a diminuição dos visitantes do Balneário Admiral, condenando o antigo prédio à demolição.

Em seu lugar, surgia em 1911 o Palácio do Gelo de Berlim, um luxuoso prédio em estilo pompeiano, cujas cinco colunas dóricas da fachada chamam a atenção dos transeuntes da Friedrichstrasse até hoje. Termas luxuosas, um café romano, cinema e pistas de boliche completavam o requintado complexo que chegou a se tornar, durante a Primeira Grande Guerra (1914-1918), o único ginásio para esportes de gelo no mundo, segundo informação do próprio Admiralspalast.

Após a Primeira Guerra, menos corpo, mais diversão

Como consequência da inflação e do desemprego pós-guerra, as pessoas começaram a procurar mais por formas de diversão como escapismo, em vez de atividades corporais. Em 1922, a pista de gelo tornou-se o Welt-Varieté, um teatro de variedades para mais de mil espectadores em estilo art déco, transformado um ano mais tarde por seu novo diretor em teatro de revistas, o Teatro no Admiralspalast.

O prédio sofreu uma nova reforma em 1930, quando sua capacidade foi ampliada para 2,2 mil lugares. Mas a década não foi fácil para o teatro na Friedrichsstrasse. Depois de duas falências e três reaberturas, ele foi fusionado ao Teatro Metropol da Behrensstrasse, onde hoje se encontra a Komische Oper.

No mesmo ano, Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, ordenou sua reforma para um "espaço de lazer belo e festivo". As termas foram fechadas e um camarote, que até hoje existe, foi construído especialmente para Hitler. A ornamentação art déco foi substituída por uma decoração classicista mais sóbria, em tons de dourado e vermelho.

Brecht, operetas e musicais

Por ter sido pouco danificado durante a Segunda Guerra, o Admiralspalast abrigou até 1955 a Deutsche Staatsoper, localizada na avenida Unten den Linden. Em 1946, foi palco da apresentação do primeiro filme alemão do pós-guerra e, no ano seguinte, recebeu o violinista de origem judaica Yehudi Menuhin.

Em 1948, Bertolt Brecht e Helene Weigel participaram de uma manifestação de paz da Liga da Cultura no Admiralspalast. Em 1951, a peça O interrogatório de Lúculo, de Brecht e Paul Dessau, foi censurada pelos comunistas. Com seu texto atenuado e o título modificado para A condenação de Lúculo, a peça passou a fazer parte do repertório da Staatsoper.

Em 1955, o Teatro Metropol no Admiralspalast foi inaugurado como casa de espetáculos musicais e operetas na antiga Berlim Oriental. Com a reunificação em 1990, a casa perdeu grande parte de seu público, entrando na lista de "liquidação" da cidade de Berlim. O teatro tombado pelo patrimônio histórico estava fechado desde 1997.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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