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UX para Minas Pretas: iniciativa promove diversidade no mercado de tecnologia

Com capacitação e suporte emocional dentro de uma comunidade de pessoas que buscam se apoiar, startup também conecta mulheres a vagas em empresas de tecnologia

30 jun 2022 - 15h12
(atualizado às 15h48)
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Imagem de Karen Santos, fundadora da UX para Minas Pretas. Ela é uma mulheres negra e tem cabelos cacheados.
Imagem de Karen Santos, fundadora da UX para Minas Pretas. Ela é uma mulheres negra e tem cabelos cacheados.
Foto: Imagem: Reprodução/ Facebook UX para Minas Pretas / Alma Preta

"A UX para Minas Pretas surgiu muito de uma dor inicial minha, que foi não me enxergar, não me reconhecer e não ver mulheres negras na área de UX (experiência do usuário) em específico e depois na tecnologia como um todo", relata a designer Karen Santos, fundadora e CEO da iniciativa.

O projeto começou com a ideia de fazer um workshop pequeno sobre experiência do usuário para mulheres que buscavam mais conhecimentos e interesse em conhecer a área. Karen criou um formulário para a organização do evento e passou a divulgá-lo, mas, das cinco pessoas interessadas que esperava, recebeu mais de 300 respostas. Em abril de 2019, o primeiro encontro do grupo aconteceu.

UX - do inglês 'user experience' ou 'experiência do usuário', em português - é uma área que busca tornar a interação entre usuários e tecnologias mais agradável e pensa na experiência das pessoas para utilizar produtos, serviços e soluções.

"Eu sempre fiquei com a grande dúvida, a partir do momento que eu comecei a entrar e estudar mais sobre essa área, sobre quem eram as pessoas que estavam colocando a mão na massa para criar essas soluções e quem estava sendo considerado  público alvo, uma vez que esse ambiente era e ainda é pouco diverso", comenta Karen Santos.

O mercado da tecnologia tem crescido cada vez mais. Em 2020, só em São Paulo, a procura por profissionais de algumas vagas cresceu mais de 600%. Considerando que a população negra no Brasil é de 56,2%, o mercado de tecnologia e de UX, especificamente, abriga pouco dessas pessoas.

Segundo a pesquisa Panorama UX 2020, apenas 5% dos trabalhadores de UX são pessoas negras. Mulheres são 45%. Em posições de liderança, elas são apenas 28%.

Foi dessa ausência de mulheres negras no mercado da tecnologia, mesmo diante de um grande número de mulheres interessadas e de vagas disponíveis, que a importância da UX para Minas Pretas (UXMP) se mantém desde o seu surgimento. A iniciativa, transformada em edtech neste ano, uma startup com foco em educação e tecnologia, busca conectar, capacitar e profissionalizar mulheres negras para o mercado de tecnologia e UX.

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Focos de atuação da UXMP

A startup atua com três frentes principais de trabalho. A primeira é formada por capacitações, mentorias, workshops e bolsas de estudo, muitas fornecidas dentro da comunidade das mulheres cadastradas na iniciativa. Além das habilidades técnicas, as mulheres participantes têm a oportunidade de desenvolver capacidades interpessoais e intrapessoais.

Há diversas ações de capacitações e mentorias dentro da comunidade privada de mulheres da UXMP | Foto: Divulgação/UXMP

"A gente trabalha com a autoestima delas também, porque enxergamos que esse é um outro empecilho que temos enquanto pessoas nessa área que, infelizmente, ainda é majoritariamente masculina", explica a fundadora da UXMP.

O segundo foco de atuação da startup está na conexão que realiza entre as mulheres e as vagas dentro das empresas de tecnologia, o que viabiliza a contratação dessas pessoas.

"A gente tem feito também esse processo de recrutamento e seleção de uma forma interna e de uma maneira acolhedora também. São processos que aproximem a mulher da vaga e não distancie, que é um outro ponto também do ponto de vista de tecnologia", comenta Karen Santos.

A UXMP também realiza eventos, abertos a pessoas de fora do grupo privado de mulheres da comunidade. O próximo já está agendado. Será o "Julho das Pretas: Lideranças Negras em Tecnologia & Inovação", no próximo dia 30 de julho, em São Paulo, feito em parceria com a AfrOya Tech Hub.

O projeto já soma um impacto em mais de 2 mil mulheres, mais de 35 mil pessoas engajadas nas redes sociais, mais de 1.500 mulheres na comunidade, além de ter apoiado, de alguma forma, mais de 150 mulheres negras que foram empregadas.

"Existe um mercado e existem mulheres que querem aprender sobre isso e que estão disponíveis. Temos mulheres hoje, na comunidade, que são desde professoras, arquitetas, psicólogas, mas também operadoras de caixa, operadoras de telemarketing. São mulheres de diferentes vivências, diferentes lugares do país e até de fora do Brasil", destaca a CEO da startup.

A transformação gerada pela capacitação na área da tecnologia e o suporte emocional oferecido por uma comunidade de pessoas que possam se apoiar, não só ajuda as mulheres negras em sua emancipação financeira e a ampliar suas possibilidades de independência, mas também transforma a estrutura das empresas.

"Dentro das empresas a gente já sabe que elas geram um impacto também positivo do ponto de vista de criação de produtos e serviços que são mais empáticos, olhando para quem está utilizando eles lá na ponta com mais acessibilidade e mais diversidade. Novas questões surgem e novas necessidades, porque colocar diversidade dentro de uma empresa é também precisar olhar pra cultura e mudar a maneira como a gente age", finaliza Karen.

As mulheres negras que tiverem interesse em participar da comunidade da UX para Minas Pretas podem entrar em contato com a equipe para buscar mais informações.

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Alma Preta
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