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Jojo Todynho presta um desserviço a população negra ao atacar o SUS

O SUS pode ter os seus defeitos, mas é fundamental para manutenção da saúde de pessoas pretas e pobres

11 abr 2025 - 10h40
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O SUS no papel é quase perfeito. Vários países pedem o modelo para tentar implantar ou aperfeiçoar seus sistemas de saúde.
O SUS no papel é quase perfeito. Vários países pedem o modelo para tentar implantar ou aperfeiçoar seus sistemas de saúde.
Foto: Mais Goiás

Não sei o que acontece com a Jojo. Não sei mesmo. Também confesso que já parei de tentar entender. Essa semana, de novo, ela veio com falas problemáticas. Seu alvo? O SUS (Sistema único de Saúde). Ela foi de socialista de iPhone, para segurança pública e se afundou de vez dizendo que quem defende o SUS tem plano de saúde, dando a entender, a meu ver, que só defende o SUS quem não o utiliza.

Isso é uma bobagem sem tamanho. O SUS no papel é quase perfeito. Vários países pedem o modelo para tentar implantar ou aperfeiçoar seus sistemas de saúde. Infelizmente, devido à corrupção sobretudo, muitas coisas que estão no papel não refletem com perfeição no dia-a-dia, isso é um fato e não tem como negar, mas daí tentar tirar toda importância do sus, dando a entender que ele é mais maléfico que benéfico para população é um absurdo, beirando a maldade. Parece muito que a Jojo tenta ajustar o discurso aleatório para se aproximar de uma extrema-direita que a vê com muitas ressalvas, para dizer o mínimo.

Sabe quem mais utiliza o SUS no Brasil? A população negra! Isso inclusive explica o porquê dele ser tão negligenciado. E ainda sendo negligenciado, o SUS é o maior instrumento de manutenção da saúde da população negra. Estou tentando dizer é que sem o SUS o genocídio negro que segue vigente no Brasil, seria ainda maior. O SUS foi ferramenta fundamental para que a lógica eugenista que era apoiada pelo estado brasileiro não desse tão certo.

O SUS é tão gigante que não teria como eu descrever as funcionalidades dele. É sempre que funciona perfeitamente? Não! Pessoas são infelizmente negligenciadas? Sim! Mas ainda assim, o número de pessoas que morreriam sem ele, ou talvez nem nascessem, é muito, muito maior. Urgência, emergência, consulta, internação, exame, vacina, cirurgia, pré-natal, parto, tratamento de câncer, de HIV, de doenças crônicas, PrEP, medicações gratuitas, cirurgias plásticas reparadoras de sequelas e lesões decorrentes de atos de violência contra a mulher, fiscalização sanitária, fiscalização de alimentos, auxílio à população indígena, ribeirinha e quilombola são apenas alguns dos benefícios que o SUS oferece a população brasileira.

Meu filho nasceu no SUS, o pré-natal dele foi todo no SUS (menos exames de imagem), ao nascer todos os testes foram feitos antes dele sair do hospital, me ensinaram a dar banho, a ajudar a ele pegar o peito, alimentação de primeira qualidade, tudo isso em meio a uma pandemia onde morria quase 2000 pessoas por dia e que se não fosse o SUS esse número seria terrivelmente maior. Tive contratempos? Sim! Tive que ir na assistente social algumas vezes? Sim. Mas os contratempos não chegam aos pés dos benefícios que desfrutei. De novo, não listei metade das surpresas positivas com o SUS porque não tem espaço.

Eu, meu filho, Jojo e talvez até você que está lendo isso agora, sobretudo se for preto e pobre, só está vivo por causa do Sistema Único de Saúde, direta ou indiretamente. Existe uma tática da extrema-direita de mitigar tudo governamental para eles privatizarem, aproveitarem da estrutura já montada, para encher o bolso de dinheiro e deixar a população negra e empobrecidas endividada e a mercê de um sistema que já é falho quando você chega com seu plano de saúde em empresas privadas. E cada dia a extrema-direita tem buscado pessoas negras, mulheres, LGBTQIAP+, PcD e outras minorias para emplacarem esse discurso de maneira sórdida. Fato é que a cada centavo a menos que o SUS recebe é mais um preto ou pobre a menos na nossa sociedade.

Fonte: Luã Andrade Luã Andrade é criador de conteúdo digital na página do Instagram @escurecendofatos. Formado em comunicação social e membro da APNB. Luã discute questões étnico raciais há dez anos e acredita que o racismo deva ser debatido em todas as esferas da sociedade.
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