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"Me tornei referência para mulheres com deficiência visual", diz Ádria Santos, velocista cega e comentarista da Globo

Ádria Santos, 50 anos, é a maior medalhista paralímpica mulher do Brasil, com 13 medalhas

27 ago 2024 - 05h00
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Resumo
Ádria Santos, maior medalhista paralímpica mulher do Brasil, será comentarista na Globo e possui instituto de esporte educativo.
Ádria Santos será uma das comentaristas da Globo nos Jogos Paralímpicos
Ádria Santos será uma das comentaristas da Globo nos Jogos Paralímpicos
Foto: Reprodução: Instagram/adriasantosatleta

A velocista com deficiência visual Ádria Santos, 50 anos, é a maior medalhista paralímpica mulher do Brasil. Ela, que também é uma mulher negra, será uma das comentaristas da Globo nos Jogos Paralímpicos, participando diariamente do boletim "Volta Paralímpica", além da abertura e encerramento do evento. 

Em 2021, ela também esteve no time de comentaristas da emissora. "Foi um momento incrível de participar, de estar ali como referência para as pessoas com deficiência. É uma emoção muito grande, não só por estar representando, mas também por ser em um momento tão emocionante como os Jogos Paralímpicos", relembrou a atleta em entrevista ao Terra NÓS.

"Isso mexe muito com o emocional do atleta, nesse momento de Jogos Paralímpicos e poder representar as mulheres negras e com deficiência."

Deficiência visual 

Ádria nasceu com apenas 10% da visão em decorrência da associação entre duas doenças que provocaram a degeneração de sua retina (retinose pigmentar e astigmatismo congênito), e perdeu totalmente a visão ao longo dos anos.

"Tive que aprender tudo novamente, como a locomoção, a confiança e a aceitação. E eu fui aprendendo a lidar, às vezes, com preconceitos e a falta de estrutura em alguns lugares", disse. 

Mas, antes de perder totalmente a visão, com 13 anos Ádria já treinava no Instituto São Rafael, em Belo Horizonte (MG), especializado em pessoas com deficiência visual.

Quais são os tipos de deficiência? Quais são os tipos de deficiência?

"No início, o esporte paralímpico não era conhecido e a gente treinava de uma forma bem precária, onde a gente quase não tinha os materiais para treinar."

Segundo Ádria, ela foi aprendendo cada vez mais e conhecendo a modalidade. E em determinado momento, ela percebeu a importância que o esporte estava tendo em sua vida. "Em questão de oportunidades, de conhecer culturas, outros países, de autonomia na minha vida e de tudo que [o esporte] estava proporcionando", contou.

"Por ser de uma família simples, se não fosse o esporte, eu não teria essas oportunidades."

Ádria Santos nasceu com apenas 10% da visão e ficou completamente cega ao longo dos anos
Ádria Santos nasceu com apenas 10% da visão e ficou completamente cega ao longo dos anos
Foto: Reprodução: Instagram/adriasantosatleta

Para ela, correr sempre foi uma paixão. "Eu digo que o correr já veio no meu DNA, sempre gostei muito de correr desde criança. Não sabia andar e tudo que ia fazer eu gostava de correr. Então, para mim, o correr sempre foi uma sensação de liberdade", afirmou ainda à reportagem.

Recordista mundial 

Ádria é recordista mundial nos 100 e 200 metros rasos, se consagrando como a maior velocista cega do mundo. A atleta coleciona 73 medalhas em competições internacionais e outras 583 em provas nacionais.

Suas primeiras participações em Jogos Paralímpicos foram Seul 1988 e Barcelona 1992, conquistado uma medalha de ouro e duas de prata. Ela competiu mais três edições dos Jogos (Atlanta, Sydney e Pequim) somando 13 medalhas paralímpicas, quatro de ouro, oito de prata e uma de bronze.

Referência no esporte

A velocista representou o Brasil durante 27 anos e seus feitos inspiram outras mulheres. "Me tornei uma referência para outras mulheres, para as mulheres com deficiência visual, para pessoas que vão se motivando a praticar o esporte por me conhecer e saber minha história", destacou ao Terra NÓS.

Hoje, ela tem um instituto que leva o seu nome e promove o esporte educativo com crianças e adolescentes com e sem deficiência. "Passar para essas crianças o que eu aprendi sobre valores e princípios do esporte e, além disso, a socialização de crianças com e sem deficiência. Esse é o meu projeto", completou. 

Mirando em Paris, Ádria comenta que está com as expectativas altas para a vitória do Brasil em várias modalidades, não só no atletismo. "O país sempre voltou com grandes resultados e acredito que não vai ser diferente nesses Jogos", finaliza a corredora. 

Fonte: Redação Nós
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