Atualizado às 14 horasA Air France anunciou hoje que o reator do avião que se incendiou, o de número dois, sofreu reparos pouco antes de o aparelho decolar. Segundo a empresa, no dia anterior ao acidente "o inversor de impulso do motor 2 do Concorde sinistrado não estava funcionando" e não se tinha a peça necessária para o reparo. Porém, o avião pôde voltar a voar sem sofrer os reparos devido à tolerância técnica autorizada pelo construtor.
Segundo um técnico da Air France, o "inversor é o mecanismo disposto fora do reator que permite inverter o impulso. O inversor é utilizado para frear em terra, tanto na aterrissagem como para deter, se necessário, o procedimento de decolagem".
A Air France esclareceu que foi o reparo do motor - em Paris - e a chegada com atraso ao avião da bagagem de alguns passageiros que atrasaram em uma hora e seis minutos a saída do vôo AF-4590.
Segundo uma promotora do tribunal de Pontoise, periferia de Paris, em cuja jurisdição está Gonesse, Elisabeth Senot, a tripulação do Concorde avisou à torre de controle que seu motor número dois não funcionava, um pouco antes de cair.
Segundo a magistrada, em um diálogo entre as autoridades do aeroporto de Roissy e a tripulação do avião, falou-se do incêndio e do problema no reator número dois quando o avião tomava velocidade na pista para decolar.
"Houve uma autorização de decolagem, que foi dada em tempo zero pela torre de controle. Cinqüenta e seis depois, a torre de controle assinalava que havia fogo na parte traseira do avião. O comandante de bordo ou a tripulação teriam respondido: 'defeito no motor número dois'", relatou a magistrada.
"Aparentemente, a partir de então, as chamas aumentaram, pois a torre de controle voltou a assinalar fogo e a tripulação respondeu que já não estava em condições de deter a manobra".
"O avião então decolou - continuou Senot - e o comandante, imagino, ou o co-piloto, indicou que o avião sse dirigia para (o aeroporto de) Bourget, ou seja, que faria um giro de 180º em vez de voltar completamente sobre a pista de Roissy". "Foi durante essa manobra de giro que o aparelho caiu sobre o hotel de Gonesse", concluiu.
A promotoria de Pontoise abriu um expediente judicial: "homicídios involuntários e ferimentos involuntários".
Os cinco Concorde que restam à Air France deverão esperar os primeiros resultados da investigação, anunciou o ministério francês dos Transportes.
Pouco antes das 15 horas locais (10 horas de Brasília) de hoje, os cadáveres de 55 das 113 vítimas do Concorde foram trasladados para o Instituto Médico Legal de Paris, onde será realizada sua identificação.
Uma unidade de recepção e apoio psicológico foi instalada hoje, em Roissy, para cuidar dos familiares em sua chegada ao aeroporto.
Esta unidade é integrada pelo pessoal da Air France que fala alemão, psicólogos, psiquiatras e membros da Cruz Vermelha.
Entre os outros passageiros do Concorde (47 homens, 50 mulheres e três crianças) que morreram, figuravam também dois dinamarqueses, um americano e um austríaco, segundo um porta-voz da Air France. Os nove tripulantes eram franceses.
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