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Por que concessionários Peugeot e Citroën criticam os carros que vendem

ANÁLISE: Num movimento surpreendente, associação dos concessionários Peugeot e Citroën ameaçam ir à Justiça contra Stellantis

8 mai 2023 - 20h42
(atualizado em 8/5/2023 às 14h26)
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Notificação extra-oficial dos concessionários Peugeot e Citroën
Notificação extra-oficial dos concessionários Peugeot e Citroën
Foto: Abracorp / Abracit / Guia do Carro

Na última quinta-feira, 4, as associações dos concessionários Peugeot (Abracop) e Citroën (Abracit) enviaram ao CEO da Stellantis América do Sul, Antonio Filosa, uma notificação extrajudicial na qual fazem críticas à qualidade construtiva dos carros que vendem e cobram bônus atrelados às pesquisas de qualidade realizados pelas marcas.

O documento foi vazado para a imprensa como “sigiloso”, de forma a despertar a curiosidade da mídia. Não se sabe de quem partiu a iniciativa de vazar a notificação extrajudicial. 

“Nossas concessionárias investiram pesadamente na estrutura necessária para cumprirem as exigências das marcas e para atenderem os clientes das Marcas de forma impecável”, diz o documento, ao qual tivemos acesso.

Segundo os concessionários, “a falta recorrente de peças e problemas de qualidade dos veículos já foram objetos de várias tratativas e correspondências anteriores enviadas para as marcas Peugeot e Citroën, porém apesar de alguns esforços e das medidas tomadas pelas marcas estas, é certo que não estão sendo efetivas e seus efeitos ainda não estão sendo sentidos pelos clientes”.

O novo Citroën C3, por exemplo, é citado na notificação extra-judicial de forma bastante crítica. Os concessionários reclamam do atraso no lançamento e da falta de peças reposição. “Em algumas dessas campanhas, não existem peças disponíveis para substituição o que ratifica a falta de qualidade do produto”, afirmam a Abracop e a Abracit.

Também houve queixas em relação à falta de carros reserva. Mas o que não não ganhou destaque, num primeiro momento, foi o verdadeiro motivo de tal documento ter sido enviado à Stellantis. 

“Além do fato das concessionárias não terem condições de atenderem seus clientes de forma plenamente satisfatória, isso também vem impactando – forte, negativamente e de forma injusta – nos recebimentos dos bônus atrelados às pesquisas de qualidade realizadas pelas marcas”, queixam-se os concessionários a Antonio Filosa.

As associações de concessionários Peugeot e Citroën sentem-se injustiçadas por não receberem bônus de qualidade a partir de pesquisas realizadas pela Stellantis. Por isso, pediram a exclusão dessas pesquisas.

“Todavia, nossas solicitações não estão sendo ouvidas/atendidas pelas marcas Peugeot e Citroën, mesmo sendo de conhecimento de todos os departamentos das marcas que têm plena ciência dos fatos relatados nesta nossa notificação”, diz o documento.

As duas associações de concessionários citam também a má reputação das duas marcas no site Reclame Aqui para sugerir que a Stellantis não zela corretamente pela imagem da Peugeot e da Citroën.

“Questionamos se a gestão dos clientes das marcas Peugeot e Citroën estão sendo feitas somente através das penalizações das concessionárias, uma vez que os canais das mídias sociais mais importantes (acima citados), nos demonstram não estarem sendo tratados/monitorados de forma adequada”, afirmam.

Ao longo do dia, entretanto, o que parecia ser uma crítica dura e inusitada aos veículos vendidos pelos próprios concessionários, a história se mostrou um pouco diferente. Em reportagem de Emily Nery e Ulisses Cavalcante, Autoesporte publicou a falta de interesse dos concessionários em esclarecer os pontos mais polêmicos da notificação.

Entramos em contato com a montadora, que respondeu: “A Stellantis detém os mais rígidos testes de qualidade, alinhados com as melhores práticas globais. Inconvenientes pontuais de abastecimento de peças são tratados e corrigidos com a maior velocidade possível”.

Aparentemente, nem a Abracop nem a Abracit, e tampouco a Stellantis, têm interesse em “lavar a roupa suja” em público. Trata-se, ao que parece, de uma disputa por bônus. A Stellantis trabalha com o histórico negativo dos concessionários Peugeot e Citroën da época da PSA. Os concessionários, pressionados, revidam dizendo que não podem resolver todos os problemas.

Resta saber agora como o público vai reagir diante dessa situação, pois a Peugeot vive um momento de recuperação, de transição para uma marca aspiracional, mais voltada a carros eletrificados, e a Citroën está se reinventando como uma marca mais popular e acessível com os modelos C3 e C3 Aircross (ainda não lançado).

Outra curiosidade será o discurso dos vendedores dos concessionários quando entrarem numa revenda da Peugeot ou da Citroën. As críticas enviadas ao CEO da Stellantis, Antonio Filosa, serão repetidas ao público? Se não forem repetidas, por que não? Era inverdade? Ou os problemas relatados serão jogados para debaixo do tapete para conseguir a venda?

Tudo indica que as duas associações foram surpreendidas pelo vazamento da notificação extrajudicial à imprensa. Ou, caso tenham participado disso, agiram de forma amadora ao dar visibilidade a um documento que desqualifica os próprios produtos que vendem. 

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