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Os carros inteligentes podem mesmo decretar o fim da CNH?

CNH será mesmo necessária em um futuro muito próximo? Ou cursos de condução?

12 nov 2023 - 06h20
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Foto: Freepik

Os carros estão passando por uma transformação significativa com o avanço da Inteligência Artificial (IA) e do uso de Machine Learning. A IA já desempenha um papel crucial na condução de veículos, tornando-os mais eficientes, autônomos e principalmente mais seguros pelo extenso uso de sensores, câmeras, algoritmos, troca de informação com outros veículos, internet e qualquer outro device digital, tudo isso utilizando conexões V2X (Vehicle to Everything).

O carro inteligente monitora o ambiente ao seu redor, itinerário e posterior destino e, a partir disso, identifica pedestres, outros veículos e bloqueios, tomando decisões rápidas para evitar colisões, reconhecer obstáculos ou trânsito mais adiante, interpretar sinais de trânsito e até mesmo lidar com situações complexas, como rotatórias e interseções entre outras informações a partir destas fontes.

Tomar decisões em tempo real – detalhe: com mais segurança, velocidade e assertividade do que qualquer ser humano – já é praticamente um item de série nos carros mais modernos. Além disso, os sistemas de controle de cruzeiro adaptativo usam a IA para ajustar a velocidade e a distância em relação a outros carros, estilo de pilotagem do motorista, itinerários mais utilizados, entre outros. Em outras palavras, o carro inteligente se adaptará ao motorista, e não o contrário como ocorre hoje.

Carros autônomos vs. carros comuns

Mais de 80% dos acidentes envolvendo carros autônomos ocorrem por culpa dos motoristas de carros comuns, enquanto os outros 20% se devem ao uso inadequado da tecnologia por parte dos usuários. 

Diante disso, não é exagero dizer que o ato de dirigir será cada vez mais uma ação transferida aos processadores do carro contemporâneo. E isso vai de encontro ao desejo dos motoristas. De acordo com a pesquisa “Autotrader: Car Buyer Journey”, realizada pelo Gartner em 2022, até 84% dos motoristas usariam o seu tempo para outras atividades no lugar de dirigir.

Isso significa que o carro inteligente tem o potencial de revolucionar a mobilidade. Em um dado momento no filme “Eu, Robô”, (ambientado no ano de 2035) protagonizado pelo ator Will Smith, o seu personagem Del Spooner escolhe dirigir o carro por conta própria desligando o controle autônomo do seu veículo. Logo em seguida o próprio carro adverte o personagem que, além de ser uma ação não indicada, é menos segura!

Deixando a ficção de lado, estamos falando da possibilidade de proporcionar liberdade aos idosos e pessoas com mobilidade reduzida, permitindo-lhes acessar facilmente a condução. 

Que tal carros para crianças e adolescentes? Certamente muitos pais agradeceriam que o seu carro autônomo/inteligente pudesse automaticamente buscar os seus filhos nas “baladas” de madrugada com máxima segurança e controle. E estes são apenas alguns dos mercados não atendidos hoje que podem ser alcançados pelo uso do carro inteligente.

Setor de seguros

Imagine as drásticas mudanças que podem ocorrer nos setores de seguros e pós-venda de veículos: que tal cobrar o seguro por quilômetro rodado combinado com o perfil do motorista? Ou calcular a durabilidade das peças a partir de dirigibilidades mais adaptativas e ideais a cada situação, clima, terreno, entre outras variáveis facilmente coletadas pelos sensores e processadores do carro inteligente?

Com tudo isso, vale a pergunta: a CNH será mesmo necessária em um futuro muito próximo? Ou cursos de condução? Para quem não sabe, o “maquinista” do metrô em várias linhas é responsável por várias funções, menos a condução! O metrô já opera de forma inteligente e, em algumas linhas, nem o maquinista é mais necessário.

O mesmo fenômeno alcançará os carros, haja vista que os “trilhos” virtuais nas cidades mais modernas já estão sendo planejadas e os carros serão cada vez mais autônomos, inteligentes e certamente mais seguros. Enfim, em breve teremos algum controle, documento ou aplicativo instalado nos celulares no lugar da atual CNH, mas definitivamente, não se parecerá em nada com o que temos hoje.

(*) Eder Polizei é doutor e mestre em Administração pela FEA/USP e diretor da agência Seven7th para o setor automotivo.

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