Maserati, única marca de luxo da Stellantis, pode ser vendida para a Chery
Primeiro “abacaxi” do novo CEO Antonio Filosa é decidir o destino da Maserati, que deu prejuízo de 1,64 bilhão de reais em 2024
Na próxima segunda-feira, 23, Antonio Filosa assume como novo CEO global da Stellantis e já tem seu primeiro “abacaxi” para descarcar: decidir o que fazer com a Maserati, única marca de luxo da supermontadora. A Maserati fechou 2024 com um prejuízo de 260 milhões de euros (cerca de 1,64 bilhão de reais). Parte do conselho da Stellantis quer vender a Maserati.
Segundo a agência Reuters, a consultora McKinsey sugeriu à Stellantis que se desfaça da Maserati para melhorar sua situação financeira. No ano passado, a Maserati vendeu apenas 11.300 unidades, e tem dificuldades para ser prioridade num grupo composto por 14 marcas fabricantes de automóveis. A chinesa Chery seria uma das montadoras chinesas interessadas em comprar marcas europeias.
Mas a venda da Maserati não é um “abacaxi” qualquer. O chairman da Stellantis, John Elkmann, colocou a viabilidade das 14 marcas do grupo como prioridade na seleção do novo CEO. Filosa, que é italiano, tem ligação emocional com a Maserati, marca que dominou as corridas de F1 nos anos 1950, junto com a Alfa Romeo e a Ferrari. Seu antecessor, o português Carlos Tavares, sempre resistiu à ideia de vender marcas.
O jornalista Giulio Piovaccari, da Reuters, que ouviu duas fontes, disse que a McKinsey não quis comentar o assunto e que um porta-voz da Stellantis se limitou a dizer: “Respeitosamente, a Maserati não está à venda”. As fontes de Piovaccari, entretanto, dizem que a proposta será colocada para discussão no conselho, que está dividido.
Maserati e Alfa Romeo estão sofrendo o impacto das altas tarifas que o governo Trump impôs sobre os carros europeus vendidos nos Estados Unidos. Segundo a Reuters, “alguns investidores e analistas afirmam que um portfólio simplificado aumentaria as margens de lucro da Stellantis”. As ações da Stellantis perderam dois terços de seu valor desde março de 2024.
Atualmente a Maserati não tem lançamentos de novos modelos programados, o que projeta mais um período de prejuízos. De qualquer forma, Filosa também vai receber de Santo Ficili, CEO da marca italiana, um relógio sobre os projetos que podem virar o jogo para a Maserati.
Além da Chery, outras montadoras chinesas, como a BYD, podem entrar numa possível disputa pela posse da Maserati. O objetivo é ter mais reconhecimento dos consumidores europeus. Em 2007, a SAIC comprou a britânica MG; em 2010 foi a vez de a Geely adquirir a Volvo. Segundo a Reuters, a Chery mostrou interesse também em adquirir fábricas da Volkswagen na Europa.