BYD Song Plus em 2.100 km: por que o consumo na estrada decepciona
Viajamos de São Paulo a Foz do Iguaçu, ida e volta, com o carro lotado e ele mostrou boa evolução na linha 2026, mas um detalhe foi ruim
Rodamos 2.100 km na estrada com o BYD Song Plus 2026, ida e volta de São Paulo a Foz do Iguaçu, e ele mostrou evolução no comportamento dinâmico – que melhorou – e muito conforto, porém um detalhe prejudicou o consumo, que só é bom quando o carro roda em velocidades moderadas, abaixo de 80 km/h.
A versão avaliada foi a de um motor elétrico dianteiro e tração dianteira, que custa R$ 249.990, mas há outra mais cara, a Premium, de R$ 299.800, com motor elétrico também na traseira e tração AWD. Além da diferença de potência combinada (235 cv contra 324), a bateria do Song Plus é de 18,3 kWh e a do Song Plus Premium é de 26,6 kWh.
Os dois são chamados de Super Híbridos pela BYD, pois a bateria nunca descarrega, se o motorista quiser (isso pode ser ajustado no display central). O problema é que a versão de 18 kWh só tem carregamento lento AC, de 6,6 kW. O Plus, de 26 kWh, consegue carregar também em DC com potência de 18 kW.
Numa viagem, isso é fundamental. Nas duas paradas que fiz para almoçar e lanchar em locais que havia carregadores, o ganho de energia foi ínfimo. Portanto, durante praticamente o tempo todo, o Super Híbrido gastou combustível apenas para manter o motor elétrico em funcionamento. Esta é uma característica pouco falada sobre os carros híbridos plug-in (PHEV).
Como solução de descarbonização e economia de combustível, só vale a pena rodando no modo EV (100% elétrico), mas isso dura apenas 63 km no Song Plus e 87 km no Song Plus Premium. Ou dirigindo em ritmo de tartaruga. No roteiro que eu fiz, era perfeitamente possível viajar com um carro elétrico com alcance de 300 km, que tem a vantagem de carregar rapidamente.
Por causa disso, o gasto com combustível nessa viagem com o BYD Song Plus foi bem alto. Foram 160 litros de gasolina só na estrada com média de 13,3 km/l, o que deu mais de R$ 1.000, considerando os valores que encontramos pela frente. A média geral foi 7,1 litros/100 km, com ajuda dos trechos percorridos no modo EV.
Em algumas situações a economia é bem baixa. Veja o que conseguimos nessa viagem, rodando sempre com o carro pesado:
| VELOCIDADE | MÉDIA DE CONSUMO |
| 60 km/h | 21,5 km/l |
| 80 km/h | 14 km/l |
| 100 km/h | 13 km/l |
| 120 km/h | 12,5 km/l |
| 130 km/h | 10 km/l |
Agora com a frente parecida com a da versão Premium, o BYD Song Plus teve um pequeno aumento de potência no motor elétrico, que foi de 194 para 197 cv. O motor a combustão, 1.5 aspirado, perdeu potência, caindo de 105 para 98 cv. O desempenho é bom quando o carro está embalado, mas ele sofre para retomar velocidade em baixas rotações, pois o torque máximo do motor a combustão (121 Nm) surge só a 4.500 rpm, o que dificultou algumas ultrapassagens na supermovimentada BR 369, uma estrada de pista simples em quase toda sua extensão e repleta de caminhões.
Direção mais firme, freios eficientes, boa estabilidade nas curvas a 110 km/h, comportamento direcional mais previsível, suspensão mais ajustada para as condições do Brasil, excelente multimídia, grande espaço interno, baixo nível de ruído, bancos confortáveis e bom porta-malas são os destaques positivos do BYD Song Plus 2026.
Quanto a fazer a 1.200 km com um tanque de gasolina e uma carga de combustível, só se rodar sempre entre 60 e 70 km/h, em condições favoráveis, sem grandes subidas, mas quem faz uma viagem de 1.200 km dessa forma?
Essa suposta superautonomia dos carros híbridos plug-in é apenas uma narrativa para quem ainda tem medo de viajar com um carro elétrico de verdade. Isso vale para todos os fabricantes, não apenas para a BYD. No mundo real, conseguimos 820 km de alcance rodoviário.