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Como será o jogo Elden Ring, do criador de GoT

Depois de vários eventos sem notícias e boatos desconcertantes, finalmente Elden Ring apareceu. O que podemos esperar dele?

17 jul 2021 - 10h00
(atualizado em 8/9/2021 às 18h26)
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Foto: Bandai Namco

Após anos de incertezas dolorosas — mas ainda menos amargas que a falta de informações sobre os dois últimos livros da franquia As Crônicas de Gelo e Fogo —, podemos, finalmente, nos perguntar com mais propriedade: o que esperar de Elden Ring? Não por acaso, o trailer lançado nos últimos minutos do Summer Game Fest, no mês passado, foi um sucesso estrondoso e atraiu todos os entusiastas pelo jogo, que já estavam desconfiados da própria existência dele.

Depois de tanto anseio, faz-se necessário avaliar o que realmente pode vir com o próximo título da From Software, responsável por gigantes como a série Souls e o aclamado Sekiro: Shadows Die Twice. Que a empresa sabe fazer ótimos jogos já é de conhecimento geral, mas o que será que acontece quando ela decide se juntar com um grande contador de histórias medievais como George R. R. Martin — considerar somente os livros da série As Crônicas de Gelo e Fogo para essa nomenclatura, de preferência, e não o roteiro de Game of Thrones — e apostar num roteiro aparentemente tão sombrio quanto o da série Souls?

Tendo isso em vista, eis uma análise detalhada do trailer de apresentação, que você pode conferir ao fim do post.

O que esperar de Elden Ring segundo o trailer?

O que esperar de Elden Ring?
O que esperar de Elden Ring?
Foto: Bandai Namco

A primeira coisa que salta aos olhos — e, convenhamos, a primeira que aparece no vídeo — é este simpático cavalo, que está cheirando a mão de alguém caído. Considerando os jogos da From Software, é bem plausível que este seja o nosso protagonista, que normalmente começa o jogo em situações precárias, quase sem esperança, vide Dark Souls, em que você está preso no Undead Asylum, ou Sekiro, em que o protagonista de nome homônimo perde um braço logo no início.

Claro que a criatura tombada pode ser também um NPC morto, ou simplesmente não ser nada de importante, servindo apenas para introduzir a personagem feminina que aparece em seguida. A moça encapuzada, que mais parece uma versão remasterizada da Mãe Miranda de Resident Evil Village, no que lhe concerne, introduz uma coisa interessante em seu diálogo de abertura, que permite algumas suposições iniciais:

  • The tarnished will soon return. Guided by grace once lost.
  • Em tradução livre: O manchado logo retornará. Guiado pela graça outrora perdida.

A From Software é uma verdadeira mestra no que diz respeito à semiótica dos trailers e dos próprios jogos. A legenda, que normalmente acompanha as introduções dos seus títulos, não costuma ter distinção de caracteres maiúsculos ou minúsculos, o que já nos indica certa obscuridade no próprio trailer.

De todo modo, devido a outras dicas que aparecem ao longo dos dois minutos do vídeo, é possível indicar que Tarnished, ou Manchado, em tradução livre, é o protagonista, dado que este tipo de epíteto é concedido às personagens da série Souls, como The Chosen Undead e The Ashen One, por exemplo.

Um contraponto, no entanto, é o de que o artigo definido the, em inglês, não indica, necessariamente, flexão de número, ao menos não sem contexto. Isso significa dizer que pode muito bem ser "o/a manchado(a)" quanto "os/as manchados(as)", implicando num tipo de sociedade, seita ou mesmo status.

A questão do status, por exemplo, é relevante ao lembrarmos que, em Dark Souls, há muitos Undead e mesmo vários Chosen Undead, de acordo com o diálogo com o Crestfallen Warrior que encontramos assim que chegamos à Firelink Shrine.

Diálogo do Crestfallen Warrior em Dark Souls. Em tradução livre: "Deixe-me adivinhar. O destino dos Mortos-vivos, certo? Bom, você não é o primeiro.".
Diálogo do Crestfallen Warrior em Dark Souls. Em tradução livre: "Deixe-me adivinhar. O destino dos Mortos-vivos, certo? Bom, você não é o primeiro.".
Foto: YouTube de cad5150

No próprio trailer de Elden Ring, há algumas suposições a serem feitas de acordo com a fala de uma determinada personagem — um chefe, ao que tudo indica. Apesar do estilo bastante personalizado e da conversa, é possível que ele seja o primeiro ou, pelo menos, um dos primeiros que o jogador enfrentará. Isso considerando, claro, que a "árvore da vida", sobre a qual falarei adiante, signifique o início da jornada, e não o fim. Agora, faz-se necessário observar um pouco mais a fundo a história de fato do jogo.

Fragmentos da história oficial

Com essas suposições iniciais feitas, podemos proceder ao site oficial do jogo. Nele, há descrições oficiais e pontos de interesse para quem busca mais informações sobre a história do título. Mesmo com esses dados, a mitologia do próprio jogo ainda é um tanto obscura, como era de se esperar da dupla Miyazaki e George Martin.

De todo modo, a primeira coisa da qual podemos tirar proveito é o fato de que houve uma guerra no mundo de Elden Ring, chamada The Shattering, que, em tradução livre, pode significar A Quebra, A Fragmentação ou algo no mesmo estilo.

A Ordem Dourada (Golden Order, no original) parece ter sido um grupo responsável por manter a ordem nas Terras Intermediárias.
A Ordem Dourada (Golden Order, no original) parece ter sido um grupo responsável por manter a ordem nas Terras Intermediárias.
Foto: Bandai Namco

Essa guerra foi responsável pelo abandono "dourado" da Vontade Maior (Greater Will, no original). Se essa vontade é algo fruto dos deuses, que estão presentes, como logo direi, ou então uma espécie de fé individual, não dá para saber.

O mundo de Elden Ring, chamado de The Lands Between, ou, em tradução bastante livre, As Terras Intermediárias, é, como sugere o nome, governado por vários semi-deuses, filhos da rainha Marika, a Sempiterna (Marika, the Eternal, em inglês) que carregam fragmentos do Elden Ring, um anel de poder inimaginável.

O conceito de fragmentação parece bem forte no jogo, dado que há várias instâncias em que ele aparece, seja na terra dividida, no próprio anel ou na Vontade Maior. Os pedaços do anel, inclusive, são chamados Grandes Runas, o que aponta um pouco da influência da mitologia germânica no game, que também aparecerá na forma da grande árvore dourada que veremos logo adiante.

Temos a confirmação de que os Tarnished foram uma tribo ou clã que pertenceu a essas Terras Intermediárias, mas foram expurgados do mundo devido à guerra. Outro fator interessante é o de que, segundo a Bandai Namco, os Manchados devem cumprir a profecia de reconstruir o anel perdido e assumir o comando do reino.

Te lembrou algo? Se não, eu ajudo: isso parece muito com a jornada de Aragorn, em O Senhor dos Anéis. Primeiramente visto como um Guardião do Norte, ou Ranger, fica claro, ao longo da narrativa do livro, que Aragorn é, na verdade, o rei prometido de Gondor, descendente de Isildur.

Aragorn, o Rei Legítimo de Westero- espera, não...
Aragorn, o Rei Legítimo de Westero- espera, não...
Foto: Reprodução

Considerando que foi George Martin, responsável por Game of Thrones, quem escreveu grande parte da mitologia do jogo, é bem provável que você morra ao chegar ao final da trama. Brincadeiras à parte, informações oficiais confirmam também personagens espalhadas pelo mundo de Elden Ring, principalmente nas cidades, que mais se parecem ruínas, do que foi o grande reino de outrora.

Elas passam missões e podem te ajudar ou te prejudicar (maldito Patches). Outra característica, já conhecida dos fãs tardios da série Souls, são as várias armas e ataques especiais, refinados desde Dark Souls 2. O aspecto positivo aqui é que as magias parecem estar melhores, mas só o tempo dirá.

Enfrentar inimigos em encontros aleatórios no meio do mapa parece realidade.
Enfrentar inimigos em encontros aleatórios no meio do mapa parece realidade.
Foto: Bandai Namco

Um ponto interessante é que, segundo a Bandai, o jogador pode escolher vários caminhos de exploração num mundo semi-aberto. Difícil delimitar o que, exatamente, isso significa, mas talvez tenhamos mais liberdade de escolha do que em outros jogos da From Software, o que é uma inovação bem-vinda.

Como na imagem acima, parece ser possível encontrar mercenários e outros tipos de soldados espalhados pelo mapa e enfrentá-los, seja diretamente ou num modo mais stealth. E, como afirma a narradora, você vai morrer bastante, por causa de alguma maldição, como sempre. Mas nada disso é novidade, convenhamos.

A árvore dourada

A primeira cena mais imponente, por assim dizer, apresenta ao espectador uma gigantesca árvore dourada. O que ela significa? Qual o objetivo de colocá-la? Onde ela se encontra? são apenas algumas das perguntas que atravessam a mente dos mais curiosos.

Árvores do gênero não são incomuns na história da humanidade, seja na arte, na religião ou na literatura — o exemplo mais básico seria Yggdrasil, a árvore fundamental da mitologia nórdica/germânica, que representa, de forma bem breve, aquilo que se convém chamar existência. Para quem gosta de mangás, uma semelhante também está presente em Berserk, de Kentaro Miura, inspiração constante do Hidetaka Miyazaki. Vide:

O nome oficial da nossa querida árvore fantasmagórica é Erdtree. Erd, em alemão, dá a ideia de terra e solo, o que, numa tradução livre, significaria Árvore Terrestre, por mais que pareça um pleonasmo. A árvore parece bastante importante, dado que é mencionada como a criação do próprio Elden Ring.

Não fosse o fato de sabermos que a personagem principal chega às Terras Intermediárias atravessando um oceano, poderíamos supor que a árvore fosse uma espécie de Nexus. Talvez ainda seja, mas um que precise ser descoberto. De qualquer modo, ela terá um papel fundamental, de um jeito ou de outro.

É interessante notar também que, quando a primeira narradora versa sobre o retorno dos Manchados e afirma que eles serão guiados pela graça antes perdida, a câmera está virada para a árvore. Talvez a Erdtree seja, de fato, um local de descanso e sirva, literalmente, como essa graça perdida, ou pelo menos abrigue seja lá quem representar essa entidade. Algo que não ficou muito claro, inclusive, foi o sistema de descanso — fogueiras? encontros com NPCs? lanternas no meio da rua?

Jogabilidade

Quando tirei o print, não havia prestado atenção. Mas olhando de perto... aquilo é uma flâmula dos Lannisters?
Quando tirei o print, não havia prestado atenção. Mas olhando de perto... aquilo é uma flâmula dos Lannisters?
Foto: Bandai Namco

Ainda que as histórias obscuras tenham progredido ao longo dos jogos da From Software, um aspecto fundamental que se desenvolveu com os anos foi a jogabilidade. Desde as mecânicas travadas do primeiro Demon Souls, passando pelo estilo pesado de Dark Souls, enfrentando um pouco mais de liberdade em Dark Souls 2, experimentando com Bloodborne, refinando as experimentações em Dark Souls 3 e, finalmente, alcançando a perfeição em Sekiro, a From Software se destacou ao ouvir as críticas dos fãs e melhorou cada vez mais. Então vamos lá, na ordem do trailer.

Foto: Bandai Namco

Essa mecânica provavelmente era óbvia para quem está acostumado a jogar outros RPG's, mas inexistia nos títulos da From Software. Sim, estou falando dela: a mudança de horas do dia. Também conhecida, popularmente, como tempo. Já está confirmado que o jogador poderá enfrentar alguns inimigos durante a noite, o que facilitaria, por exemplo, emboscadas e se movimentar com mais cautela.

O quanto disso vai ser derivado de skills ou armas, entretanto, ainda precisa ser visto. Pode ser que, para descansar, como na segunda imagem, seja necessário montar um acampamento, o que implica várias adversidades possíveis.

MONTARIAS!!!!!
MONTARIAS!!!!!
Foto: Bandai Namco

Parece uma coisa besta, mas MONTARIAS facilitariam demais a vida num mundo aberto da FromSoft como parece ser o caso de Elden Ring. Dark Souls 3, por exemplo, estava no limiar do aceitável sobre andar a pé para um lado ou outro, e olha que o mundo já era relativamente grande.

Andar aleatoriamente pelo que é o maior mundo semi-aberto da história da produtora não me parece muito tentador, e olha que eu tenho 600 horas de Fallout: New Vegas, caçando casas vazias, tesouros inexistentes e batendo a cabeça em paredes invisíveis. Por isso, esse... búfalo? híbrido? Não sei ao certo, mas sei que não é um cavalo, pode ser tão bom.

E ele significa também combate montado! Finalmente os usuários de lança ficarão ainda mais insuportáveis do que já o são em outros títulos com PvP (player vs player, o famoso x1). Numa captura anterior, sobre a aparição de mercenários aleatórios durante a jornada, é possível ver um pouco desse estilo de luta montado.

Além disso, há, ainda, outra cena que mostra a personagem pulando da montaria e já engatando um combo contra um grupo de adversários. Talvez seja indício de que os golpes únicos também serão transplantados para esse sistema montado.

Foto: Bandai Namco

Temos o retorno das tochas para lugares sinistros e, lógico, das armas de duas mãos. Curiosamente, a personagem fica bem no meio do ataque do esqueleto — não dá para saber se ela tomou dano ou não, mas que pareceu esquisito, pareceu. De qualquer maneira, essa é provavelmente uma espada longa comum, sem muitos floreios, ao contrário daquela que aparece na primeira captura desta seção. Aquela, meus amigos, é uma espada mágica.

Gostaria que tivesse mais detalhes, mas nada é perfeito, infelizmente. Temo que só quando o jogo sair é que saberemos a qualidade das magias. Uma aparição inesperada foi a de um arco, que, ao que tudo indica, parece bem mais dinâmico que seus antecessores.

Pads de impulso.
Pads de impulso.
Foto: Bandai Namco

Outra breve surpresa está localizada nessas áreas circulares. Podemos supor que elas estão espalhadas pelo mapa, ainda que só uma tenha sido mostrada — esses pads, por assim dizer, servem para dar impulso ao jogador quando ele estiver galopando. Também não dá para saber se elas servirão somente para montarias ou se o protagonista poderá usá-las, ou ainda os inimigos. O que dá para esperar, entretanto, é um mapa grande e cheio de construções gigantescas.

Outro retorno, ainda que um tanto inexplorado, é o do co-op, ou modo cooperativo. Ele nunca foi exatamente complexo em outros jogos da produtora; você encontrava o nome brilhante do seu coleguinha, invocava-o num instante e pronto, vocês podiam enfrentar um chefe, se defender de espíritos invasores ou mesmo atacar outras pessoas.

Dessa vez, entretanto, parece haver, em Elden Ring, uma maior profundidade no modo, sendo possível, quem sabe, até mesmo fazer uma jornada com o espírito amigável. De acordo com o site oficial da Bandai Namco:

  • Summon familiar spirits to even the odds against you or call on your fellow Tarnished to fight at your side and share the burden as you explore.
  • "Invoque espíritos amigáveis para equilibrar as chances ou chame outros Manchados para lutar ao seu lado e dividir o fardo da exploração."

Chefes e inimigos

O que não faltou no trailer de apresentação da gameplay de Elden Ring foram chefes e inimigos dos mais variados. Desde cavaleiros clássicos até mãos gigantes chamuscadas, passando por ogros, cabeças flamejantes, alces verdejantes, esqueletos e monstros padronizados, deu para perceber que qualquer um vai encontrar pelo menos 10 inimigos dignos.

A ordem de aparecimento, entretanto, continua um mistério; como mencionei lá no início do texto, o chefe que te despreza como um Manchado qualquer pode muito bem aparecer no início ou no final, dependendo da relação com a árvore dourada.

Julgando pela atitude de obrigar a personagem a se ajoelhar, podemos imaginar que ele é um dos lordes que está com um dos fragmentos do referido anel. Ou, quem sabe, um protetor de algum deles.

O que importa é que ele não parece muito amigável, seja por causa do machado gigante ou devido às várias mãos protuberantes em seus braços, que lhe conferem uma aparência digna de chefe final de Resident Evil. É melhor assistir ao vídeo, porque são tantos que eu passaria vários minutos adicionando imagens seguidas.

Foto: Bandai Namco

Bom, a imagem acima ilustra outra mecânica bastante pedida pelos fãs e que também é bem básica: o pulo. Mais de uma vez no trailer, vemos a personagem saltando, seja da montaria para o ataque, seja para desviar de algum golpe usando outra manobra, ou para atacar.

Ainda que a cena acima mostre o que é com certeza uma cutscene, a mecânica realmente parece estar presente, para alegria de todos nós. Mal posso imaginar quais tipos de combos insanos serão feitos e quais armas serão as melhores nessa nova dinâmica de combate.

Me lembrou a Moonlight Butterfly do primeiro jogo da série Souls.
Me lembrou a Moonlight Butterfly do primeiro jogo da série Souls.
Foto: Bandai Namco

Bom, esta foi a análise do trailer. Claro que ainda há milhares de coisas para serem pensadas e teorias a serem desenvolvidas, como a presença da rainha Marika num dos frames do trailer, guardada por um espadachim nada convidativo, ou os vários castelos imponentes e maravilhosos que aparecem ao longo da jornada, alguns em ruínas, outros em plena atividade.

Mal posso esperar para encontrar a área pantanosa que vai fazer os quadros por segundo do Playstation 5 passarem vergonha — e, no caso dos jogadores, raiva.

E, claro, a mulher gigante de cabelo vermelho que cola o braço de volta e atravessa um cavaleiro com uma espada digna do Sephiroth de Final Fantasy VII. Será ela a próxima Lady Dimitrescu? Bem, saberemos mais para a frente. A seguir você pode conferir o trailer completo de Elden Ring.

Fonte: Game On
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