40 anos de Tetris: a história do jogo mais popular do mundo
Criado por Alexey Pajitnov em 1984, Tetris conquistou o mundo e já vendeu mais de 500 milhões de unidades
Um dos jogos mais populares e amados da história, Tetris comemora 40 anos neste 6 de junho. Desde que Alexey Pajitnov o criou em 1984, Tetris conquistou o coração de inúmeros fãs e já vendeu mais de 520 milhões de unidades em todo o mundo.
O que poderia ser mais básico do que organizar blocos? Segundo Maya Rogers, CEO da Tetris Company, "O apelo duradouro de Tetris reside na sua simplicidade: fácil de jogar e altamente intuitivo, o jogo tornou-se acessível para todos. [40 anos] é uma conquista notável para qualquer marca, especialmente um videogame, é transcender gerações. Tetris se estabeleceu como um ícone cultural".
Mesmo sendo um dos jogos mais importantes e conhecidos da história, nem todo mundo conhece os detalhes sobre sua criação. Do surgimento quase clandestino ao fato de ter sido contrabandeado para fora da União Soviética e ao reconhecimento tardio de seu criador, não faltam detalhes e curiosidades sobre um dos capítulos mais conturbados dos videogames.
É uma história que parece coisa de cinema. Não por acaso, Hollywood levou a história de Tetris para as telinhas, com um filme eletrizante na Apple TV, ainda que com algumas pequenas diferenças à realidade.
O criador
O conceito de Tetris tem um único responsável: o russo Alexey Pajitnov. No início dos anos 1980, durante o período da Guerra Fria, Pajitnov começou a trabalhar na Academia Soviética de Ciências como pesquisador e engenheiro de software para desenvolver novas tecnologias para a União Soviética.
Mas ele decidiu usar os recursos que tinha à disposição para algo um tanto diferente: Pajitnov queria criar um jogo por considerá-los uma forma mais eficiente de conhecer as pessoas e seus comportamentos.
A ideia por trás de Tetris é bem simples e adapta a mecânica do Pentaminó, um quebra-cabeça de encaixe de peças. No entanto, as peças de Tetris são compostas por apenas quatro blocos, enquanto as dos Pentaminó têm cinco.
A partir disso nasceu, em 1984, a primeira versão de Tetris – cujo nome é resultado de uma mistura de tetra (quatro, em grego) com tênis, curiosamente o esporte favorito de Pajitnov. Programada em um Electronika 60, um computador soviético da época, era uma versão ainda muito rudimentar, que apresentava as peças com caracteres de texto – o sistema não tinha mapeamento de bits para criar imagens. Mesmo com essas limitações, o jogo mostrava potencial e foi um sucesso.
A simplicidade
Se o apelo duradouro de Tetris mora em sua simplicidade, como destacado por Maya Rogers, seu sucesso imediato também. Por ser muito básico, Tetris se popularizou rapidamente, mesmo em um mundo ainda sem a internet como conhecemos hoje. No início, sequer havia um sistema de pontuação ou níveis, mas o jogo já se mostrava capaz de prender jogadores em frente às telas por horas.
Em pouco tempo, grande parte dos funcionários da Academia Soviética de Ciências estavam jogando. Não demorou muito para que isso acontecesse em outros pontos de Moscou. Mesmo sem um lançamento oficial e sendo distribuído apenas no "boca a boca", Tetris rapidamente se tornou um fenômeno.
Sua popularidade ganhou ainda mais força quando Pajitnov decidiu aperfeiçoar seu trabalho. Vadim Gerasimov, na época com apenas 16 anos, reprogramou o jogo em um computador IBM e o deu nova roupagem: as peças ganharam formas de verdade e cores, e Tetris recebeu um sistema de pontuação, que apenas aumentou o vício dos jogadores.
O sucesso
A grande novela por trás de Tetris, mesmo com o jogo sendo criado de forma quase inapropriada, está no seu lançamento. Pajitnov sonhava em ver o jogo em todo o mundo. Mas, durante a Guerra Fria e em uma União Soviética fechada para o mundo ocidental, era praticamente impossível "exportar" sua criação – leis de direitos autorais, por exemplo, impediam pesquisadores de vender seus projetos para o exterior.
A solução era "contrabandear" Tetris. É nesse momento que surge Robert Stein, um empresário inglês que enxergou o potencial do jogo e tentou adquirir seus direitos. Pajitnov autorizou Stein, a partir de um fax, a negociar os direitos de Tetris com meio mundo, o que ele fez de forma bem duvidosa.
O resultado, porém, não foi nada duvidoso. Tetris se tornou um fenômeno global quando lançado nos Estados Unidos e na Europa para sistemas Amiga, Atari ST, ZX Spectrum, Amstrad PC e Commodore 64. Por outro lado, Pajitnov não estava ganhando um único centavo por sua criação – ele sequer sabia que o jogo havia sido lançado no ocidente –, uma vez que diversas empresas achavam que tinham o direito de simplesmente lançar o jogo da forma que quisessem.
A Nintendo
A confusão sobre os direitos de Tetris só começou a se resolver quando a Nintendo tentou levar Tetris para o Game Boy, que estava perto do lançamento. Nesse momento, a história ganha um novo personagem, Henk Rogers.
Rogers trabalhava para a Bullet Proof Software e precisava negociar com Stein os direitos do jogo para um console portátil, uma vez que os acordos existentes falavam apenas em computadores. Stein não respondeu, e Rogers resolveu procurar a própria União Soviética.
Nesse momento, o mundo descobriu que Stein não tinha agido de boa fé. Quando os agentes da URSS viram o cartucho de Tetris para NES, acusaram a Nintendo de piratear o jogo, pois acreditavam que o lançamento havia sido apenas para computadores. Já a Nintendo alegou que tinha comprado os direitos da Atari, que havia adquirido de Stein.
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Com a confusão descoberta, todos os contratos de direitos do jogo foram suspensos e renegociados, dessa vez com o aval da União Soviética e, claro, de Pajitnov. Isso permitiu que Tetris se tornasse um dos maiores sucessos do Game Boy e ganhasse ainda mais popularidade.
O lançamento para Game Boy tornou Pajitnov quase uma celebridade, dentro e fora de Moscou. No entanto, os direitos de Tetris voltaram para ele apenas em 1996, dez anos após o lançamento comercial do jogo. O programador criou a Tetris Company ao lado de Henk Rogers.
Ao longo desses 40 anos de história, Tetris se tornou um fenômeno cultural. Em 2010, entrou para o Guinness World Records como o jogo mais portado para outras plataformas: 65 – número que já aumentou.
O futuro
Segundo Maya Rogers, "Olhando para o futuro, estamos entusiasmados em continuar evoluindo Tetris para as gerações futuras. Nosso objetivo é inovar e, ao mesmo tempo, preservar os elementos centrais que tornaram Tetris atemporal, garantindo que ele continue sendo uma parte amada e relevante do mundo dos jogos nos próximos anos."
E para comemorar o marco, a Tetris Company tem vários anúncios, colaborações e eventos, que prometem manter os fãs jogando por, quem sabe, mais 40 anos: haverá uma colaboração com Minecraft, que levará armaduras, armas e blocos temáticos ao jogo da Mojang; o aplicativo de Tetris para iOS e Android será totalmente reformulado, e Tetris Block Puzzle será lançado pela playSTUDIOS, mirando em uma audiência mais casual; o 15° Tetris World Championship acontece entre os dias 7 e 9 de junho, em Pasadena, Califórnia; no final do ano, os fãs podem esperar pelo anúncio de um novo jogo Tetris; e muito mais.
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