BGS 2025: Conheça Yoko Shimomura, a rainha das trilhas sonoras dos games
Responsável por trilhas icônicas de Street Fighter e Kingdom Hearts, compositora é uma das grandes atrações confirmadas no evento
A Brasil Game Show (BGS) 2025 não é apenas um ponto de encontro para fãs de games, tecnologia e cultura pop — é também uma celebração das trilhas sonoras que dão alma às maiores experiências do mundo dos videogames. E neste ano, um dos grandes nomes lembrados pelos fãs é Yoko Shimomura, compositora lendária responsável por algumas das músicas mais marcantes da história dos jogos.
Com uma carreira que ultrapassa três décadas, Shimomura é sinônimo de emoção, melodia e identidade musical. Suas composições atravessaram gerações e gêneros, indo do RPG ao jogos de luta, e continuam sendo executadas em shows e orquestras pelo mundo.
A artista japonesa estará no evento nos dias 10 e 11 de outubro para participar de painéis, sessões de Meet and Greet e receber o prestigioso Lifetime Achievement Award da feira.
Para celebrar essa lenda, confira a seguir alguns dos games mais importantes que carregam a assinatura musical de Yoko Shimomura.
Iniciando a carreira na Capcom
Yoko Shimomura deu seus primeiros passos na indústria dos games no final dos anos 1980, quando ingressou na Capcom. Ainda jovem, ela demonstrou um talento raro para criar melodias marcantes que combinavam energia, emoção e identidade — características que logo a tornariam uma das compositoras mais respeitadas do meio.
Durante sua passagem pela empresa, Shimomura trabalhou em títulos que se tornariam pilares da história dos arcades, como Final Fight (1989) e Street Fighter II (1991). Suas composições ajudaram a moldar o som da era de ouro dos jogos de luta, trazendo personalidade única a cada cenário e personagem.
O legado dessas trilhas é imenso: temas como os de Ken, Ryu e Guile ultrapassaram o universo dos videogames e entraram para a cultura pop, sendo reconhecidos até por quem nunca empunhou um controle. Com isso, Yoko Shimomura não apenas marcou uma geração, mas também redefiniu o que significa emoção em forma de música nos games.
Dos ringues de luta para os RPGS
Em 1993, Shimomura decidiu encerrar seu ciclo na Capcom para embarcar em um novo desafio na então Squaresoft (atual Square Enix). A mudança marcou uma virada em sua carreira, motivada pelo desejo de explorar composições mais complexas e emocionais, voltadas ao universo dos RPGs de fantasia.
Na nova casa, Shimomura encontrou o cenário ideal para expandir sua criatividade e aprofundar sua linguagem musical. Foi nesse período que começou a trabalhar em trilhas mais elaboradas, com arranjos orquestrais e atmosferas ricas em emoção e narrativa.
Entre seus primeiros projetos na empresa estão clássicos como Live A Live (1994), o encantador Super Mario RPG (desenvolvido em parceria com a Nintendo), Parasite Eve (1998) e Legend of Mana (1999) — obras que consolidaram seu nome como uma das compositoras mais versáteis e respeitadas da indústria.
No entanto, a franquia Kingdom Hearts (2002) é, talvez, o trabalho mais representativo e aclamado de Yoko Shimomura na Square Enix, e um ponto de virada em sua carreira. Sua composição é a alma desta saga que une personagens da Disney e de Final Fantasy. Os temas de Kingdom Hearts são famosos por sua complexidade emocional, misturando temas de fantasia épica com a doçura da Disney.
Canções como "Dearly Beloved", o belíssimo tema principal da série, e a melancólica "Simple and Clean" (embora esta tenha o vocal da cantora Hikaru Utada, a composição instrumental de Shimomura é central) são exemplos de como a artista consegue traduzir sentimentos complexos em música, tornando-se uma parte inseparável da identidade da franquia - escute ambas as músicas acima.
Virando freelancer
Após o gigantesco sucesso de Kingdom Hearts, Yoko Shimomura decidiu seguir um novo caminho na carreira. Em 2003, deixou a Square Enix e passou a atuar como compositora freelancer, mantendo parcerias com grandes estúdios e explorando uma liberdade criativa ainda maior. Mesmo fora da empresa, continuou responsável pelas trilhas da série Kingdom Hearts e também assinou músicas marcantes para a franquia Mario & Luigi, da Nintendo.
Essa nova fase consolidou sua reputação como uma artista versátil e requisitada, capaz de transitar entre universos completamente distintos — do drama épico dos RPGs ao humor leve e colorido dos títulos da Nintendo. Sua música continuou a ser sinônimo de identidade, emoção e qualidade técnica.
Entre seus trabalhos mais ambiciosos está a trilha sonora de Final Fantasy XV (2016), uma produção de longa gestação que ela começou a compor ainda em 2006. O resultado é uma obra grandiosa, que combina orquestra, coral e sonoridades modernas em um equilíbrio perfeito entre emoção e espetáculo — um verdadeiro testemunho da maturidade artística de Yoko Shimomura.
Faixas como “Somnus” e “Apocalypsis Noctis” (que você pode ouvir acima, com a própria Shimomura no piano) mostram seu domínio de temas orquestrais e sua capacidade de traduzir emoções complexas em som.
Melodias que atravessam gerações
Yoko Shimomura é uma das raras compositoras capazes de equilibrar técnica refinada e emoção genuína de forma constante ao longo de toda a sua carreira. Suas melodias ultrapassam a função de simples trilhas de fundo — elas dão vida aos personagens, intensificam as narrativas e se tornam parte inseparável da experiência de jogar.
Ao longo das décadas, sua música acompanhou gerações de jogadores, conectando passado e presente através de notas que despertam lembranças e sentimentos únicos. Cada obra composta por Shimomura carrega uma assinatura emocional inconfundível, capaz de transformar qualquer cena em um momento memorável.
Na BGS 2025, onde o som e a nostalgia caminham lado a lado, o nome de Yoko Shimomura ecoa como o de uma verdadeira lenda da indústria, encantando fãs que reconhecem, em suas melodias, o som eterno dos videogames.