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Dragon's Dogma 2 é obra-prima da Capcom

Sequência de RPG cult da Capcom prova que ainda há espaço para inovações no gênero

20 mar 2024 - 12h14
(atualizado às 15h19)
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Dragon's Dogma 2 é um dos melhores jogos do ano
Dragon's Dogma 2 é um dos melhores jogos do ano
Foto: Capcom / Reprodução

Ocasionalmente, na vida somos expostos a obras inesquecíveis. No mundo dos jogos, o panteão está cada vez mais seletivo, mas vez ou outra surge algo tão extraordinário e "fora da caixa" que não temos outra opção senão parar e admirar o que está diante dos nossos olhos.

Felizmente, este é o caso de Dragon’s Dogma 2. Dirigido pelo lendário Hideaki Itsuno e produzido pela Capcom, a sequência de um dos RPGs mais “undergrounds” da geração anterior demonstra que ainda há espaço para inovações em uma indústria que, cada vez mais, se dobra diante do status quo.

Fantasia e política

A proposta de Dragon’s Dogma sempre foi um pouco clichê, utilizando a “jornada do herói” para entregar uma experiência memorável. Dragon’s Dogma 2, no entanto, pega a mesma ideia do jogo original e a expande consideravelmente.

Você é o Arisen (Nascen, em português), um homem que, ao enfrentar o dragão vermelho, teve o peito perfurado e o coração roubado. Mas, ao invés de partir em busca do dragão logo de cara, o jogador é colocado no meio de um conflito político entre uma rainha-regente, um falso rei, e uma imperatriz.

O Nascen é, por direito canônico, o rei de Vermund. Depois da morte do último rei, a rainha-regente elabora um plano para continuar no poder, enganando os súditos de Vermund com a ascensão de um falso Nascen que, assim como o herói verdadeiro, pode controlar as forças dos peões.

A missão principal consiste em coletar evidências que provam a sua legitimidade ao trono, levando-o a uma jornada por toda Vermund e pelo império leoteriano de Battahl. Devo admitir que, mesmo depois de quase 50 horas, ainda não consegui chegar no final da história, visto que o jogo entrega um mundo enorme, expansivo e com muitas atividades e segredos.

Um mundo vivo e imersivo

O mundo aberto é imersivo e brutal
O mundo aberto é imersivo e brutal
Foto: Dragon's Dogma 2 / Reprodução

Dragon’s Dogma 2 é um playground de ideias ambientado num mundo medieval e fantasioso. Desde a primeira hora, somos incentivados a sair das rotas principais e explorar cada canto do mapa, que esconde centenas de segredos, monstros e calabouços. A exploração é muito orgânica, e raramente haverá um “ponto amarelo” de referência ou uma linha de GPS que te leva ao local exato.

Durante as expedições pelo mundo, é necessário manter os olhos abertos e os ouvidos atentos, pois ele é criado de uma forma que incentiva o jogador a parar e pensar “talvez eu deva seguir essa trilha”. E, caso o jogador siga sua intuição, com certeza encontrará algum tipo de recompensa.

Explorar Vermund e Battahl é muito satisfatório. Seja descobrindo um templo escondido dos elfos ou entrando no covil de um dragão menor, cada jornada fora dos portões das cidades é uma aventura única, livre de quaisquer amarras roteirizadas. Basicamente, quase tudo que acontece na aventura é feita de forma natural, quase acidental. 

O jogo não oferece muitas alternativas de viagem rápida, o que pode ser um pouco intimidador. Mas existem tantas coisas acontecendo durante suas viagens pelo mundo aberto que você percebe que há pouca necessidade de usar a mecânica. Particularmente, prefiro caminhar por todo o mapa do que andar em uma carroça lenta ou gastar uma das minhas preciosas pedras de viagem.

As missões são, em sua maioria, feitas para que o jogador explore o mundo, e encontre soluções sem qualquer tipo de guia. Fiquei surpreso com a quantidade de missões que descobri “por acaso”, e completei-as apenas com o conhecimento de certos elementos disponíveis no mundo aberto. O jogo não zomba da inteligência do jogador, dando a ele total liberdade para progredir no seu próprio tempo e descobrir as coisas sozinho.

No geral, o mundo aberto de Dragon’s Dogma 2 é um dos melhores que já vi. Depois de tantos jogos com mundos que priorizam a quantidade ao invés da qualidade, é impressionante ver como um mapa pode ser tão vivo, imersivo e gostoso de explorar.

Sei que o ideal seria comparar Dragon’s Dogma 2 com Elden Ring ou até mesmo com o mais recente The Legend of Zelda, mas talvez a melhor comparação seja com Red Dead Redemption 2. Ambos os jogos colocam o jogador em um mundo brutal e dinâmico, recompensam a exploração e oferecem perigos constantes na jornada, potencializados pelo excelente combate.

Combate brutal

O combate é um dos pontos mais fortes do jogo
O combate é um dos pontos mais fortes do jogo
Foto: Dragon's Dogma 2 / Reprodução

O combate sempre foi o ponto mais forte de Dragon’s Dogma. Na época, o jogo inovou ao misturar elementos de hack ‘n slash com a famosa mecânica de “escalada”. E é óbvio que a sequência expande este estilo de jogo.

No início, o combate pode parecer um pouco básico. Você tem um botão de ataque comum, um botão de ataque forte, e um botão de habilidade que varia conforme a sua classe. No entanto, ao subir de nível é possível notar que o jogo vai além de “esmagar quadrado” para vencer uma luta.

O jogador pode escolher entre 10 diferentes classes – ou vocações. Cada vocação tem 10 níveis, e cada nível abre um leque de habilidades ativas e passivas, que dão liberdade para montar o melhor estilo possível. Ao contrário de outros RPGs, você é livre para mudar sua vocação a qualquer momento, desde que tenha experiência o suficiente para adquirir novas habilidades.

Existe algo muito especial em escalar um ciclope, sacar sua espada, e estacar o olho dele com um poderoso golpe. Basicamente, todos os inimigos de estatura maior podem ser escalados, abrindo espaço para aplicar golpes fatais e críticos nos pontos mais fracos, como o coração de um dragão ou a calda de uma quimera.

Algumas classes oferecem mais facilidade ao escalar inimigos, enquanto outras são mais propensas ao uso de magias e ataques à distância. No final das contas, o jogo oferece muitos caminhos para o jogador se especializar no estilo preferido de combate.

Além disso, o Nascen pode invocar até três Peões para ajudá-lo na aventura. Os Peões são NPCs criados por outros jogadores e agem de forma independente em combate. Caso você tenha um Peão mago, por exemplo, ele irá focar na cura de todos os membros da equipe, enquanto um Peão guerreiro vai chamar a atenção dos inimigos e servir de tanque para ataques mais poderosos.

Os Peões também auxiliam na aventura pelo mundo aberto. Eles compartilham a experiência vivida em outros “mundos” com outros jogadores, e indicam ao jogador como completar uma missão, onde encontrar baús secretos, cavernas e explicam os pontos fracos de inimigos.

Conclusão

Dragon's Dogma 2 – Nota: 10
Dragon's Dogma 2 – Nota: 10
Foto: Reprodução / Game On

Dragon’s Dogma 2 é uma vitória não só para Hideaki Itsuno, mas também para os fãs do jogo original. Todas as ideias que foram descartas na época por quaisquer tipos de limitação puderam ser exploradas nesta sequência, e fica claro que houve muito carinho e dedicação na criação dessa experiência fantástica.

A verdade é que todo mundo, seja novato ou veterano, precisa experimentar Dragon’s Dogma 2. Não fiquem surpresos se ele for o vencedor nas premiações futuras. 

O jogo tem alguns problemas de desempenho no PlayStation 5, mas nada que estrague a experiência como um todo. Apenas relaxem, e aproveitem uma das melhores aventuras dos últimos anos.

Dragon's Dogma 2 será lançado no dia 22 de março para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.

*Esta análise foi feita em um PlayStation 5 com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Capcom.

Fonte: Game On
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