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Análise: Digimon Survive surpreende com história sombria

Novo jogo da saga de monstrinhos digitais traz combinação de combate tático com narrativa profunda

8 ago 2022 - 14h08
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Digimon Survive conta uma história poderosa!
Digimon Survive conta uma história poderosa!
Foto: Bandai Namco / Divulgação

Digimon é uma franquia que, ao menos no mundo dos jogos, nunca teve medo de se reinventar e sempre apresentou novas fórmulas em cada um de seus jogos. Digimon Survive segue esse mesmo caminho e arrisca, misturando dois gêneros com nichos específicos: RPG Tático e Novela Visual.

Embora tenha seus altos e baixos, a aventura protagonizada por crianças perdidas em um mundo repleto de monstros não deixa de ser intrigante em nenhum momento, além de ser sombria e dar o devido peso para cada decisão tomada pelo jogador.

Ninguém está a salvo!

A história é o foco de Digimon Survive. Contada como uma Novela Visual, durante a maior parte do tempo o papel do jogador será de apenas ler e pressionar um botão para passar pelos longos diálogos, intervindo apenas em momentos específicos. Há um cuidado da HYDE em deixar a fórmula mais amigável para aqueles que nunca se aventuraram pelo gênero, investindo em minigames de navegação ou investigação, por exemplo. Já a parte do combate deve ser responsável por apenas 30% do jogo, dependendo de quantas batalhas opcionais o jogador decidir fazer ao longo da jornada.

Apesar da introdução remeter a outras aventuras Digimon, com crianças sendo transportadas misteriosamente para um mundo repleto de monstros, o que vem a seguir é uma história sombria, que aborda os traumas de cada personagem. Os perigos físicos e mentais que uma criança comum correria neste tipo de mundo são levados a sério, assim como o desenvolvimento das relações dentro de um grupo que vive sob constante estresse e com poucas informações.

A história é sombria e coloca os personagens e risco o tempo todo
A história é sombria e coloca os personagens e risco o tempo todo
Foto: Digimon Survive / Reprodução

Protagonistas, Takuma e seus amigos nunca estão a salvo. Em uma aventura que faz jus ao nome do jogo - Survive significa Sobrevivência -,  as ações e escolhas do jogador podem levar as crianças até mesmo à morte, algo que acontece sempre de maneira chocante e deixa todo o resto do grupo - e o próprio jogador - arrasado e reflexivo sobre sua parcela de culpa.

É normal não sentir muita afeição por um ou outro personagem e ir contra o que eles pensam nos momentos decisivos, mas isso pode selar destinos e deixar o jogador reflexivo sobre o que poderia ter sido feito diferente. Digimon Survive incentiva esses resultados ao limitar o número de interações possíveis em diversos momentos, obrigando o jogador a decidir quem apoiar ou com quem conversar.

O foco é total na narrativa!
O foco é total na narrativa!
Foto: Digimon Survive / Reprodução

Nos momentos em que os diálogos permitem escolhas, há sempre três opções. Cada uma delas tem um tipo diferente: harmonia, cólera e moral. As escolhas nestes momentos causam impacto de diversas maneiras: no combate, ajudam a conversar e capturar novos Digimon, já na história levam a quatro finais, em que personagens diferentes escapam do mundo com vida.

Para completar todo o jogo, assistindo todos os finais e capturando os pouco mais de cem Digimon, será preciso dedicar mais de uma centena de horas. Todo esse conteúdo, vale lembrar, está localizado em português brasileiro pela Bandai Namco - embora existam pequenos erros de tradução, o trabalho é muito bem feito.

Combate entrega pouco

A batalha é tática e por turnos
A batalha é tática e por turnos
Foto: Digimon Survive / Reprodução

Se por um lado a história prende a atenção e surpreende, por outro o combate deixa a desejar. Digimon Survive aposta em uma fórmula de RPG Tático no mesmo estilo de Final Fantasy Tactics e Disgaea, mas não consegue atingir o mesmo nível de qualidade.

Durante os combates, o jogo deixa de lado seus cenários 2D com personagens ilustrados e se transforma em um ambiente tridimensional semelhante aos tabuleiros de xadrez. O jogador escolhe quais Digimon vão para o combate, orientando seus movimentos e ataques, turno após turno.

O sistema é bem simples e merecia mais profundidade: diferenças de elevação no terreno, arquétipos de Digimon e progressão por níveis são fatores pouco explorados e bem simplistas. O design dos mapas também deixa a desejar e quase sempre apenas coloca os combatentes em posições opostas do cenário, não trazendo surpresas ou outros elementos que tornem as lutas interessantes, mesmo em batalhas contra chefes.

Digievolução está presente
Digievolução está presente
Foto: Digimon Survive / Reprodução

As famosas Digievoluções funcionam como o sistema de classes do jogo, mas falta diferenciação nos ataques e criatividade para uso do cenários, detalhes que poderiam tornar os duelos bem mais interessantes.

É possível equipar até dois tipos itens, que podem ser encontrados durante a jornada, em cada Digimon para aumentar seus atributos, mas isso é só. Há poucos elementos de gerenciamento, o que deve frustrar aqueles que se interessam pelo jogo graças à sua proposta de ser um RPG Tático.

Assim, o combate deixa a sensação de que é uma parte secundária de Digimon Survive, que não teve recursos ou tempo suficiente de desenvolvimento. Esse mesmo combate tinha a capacidade de levar o jogo a outro nível e torná-lo, de fato, inesquecível.

Considerações

Digimon Survive - Nota: 8
Digimon Survive - Nota: 8
Foto: Reprodução / Game On

Digimon Survive surpreende pelo tom sombrio e pela narrativa, que contrasta bastante com o aspecto infantil característico de outros títulos da franquia. As escolhas feitas pelo jogador trazem impacto nos rumos da história, e nenhum personagem estará a salvo durante toda a aventura. É uma pena que o combate seja raso e desinteressante, mesmo não tirando o potencial para possíveis sequências.

Lançado em 28 de julho, Digimon Survive está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Switch, Xbox One e Xbox Series X/S.

Esta análise foi feita com uma cópia para PlayStation 5 gentilmente cedida pela Bandai Namco.

Fonte: Game On
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