Proibições e memória: colecionador de pranchas expõe história do surfe em 'shapes' e 'quilhas' em SC
Natural de Porto Alegre (RS), Ben-Hur Naymayer é um dos expositores que integra o surfe ao público em etapa da WSL em Imbituba (SC)
Ben-Hur Naymayer, colecionador de pranchas de surfe, expõe em Imbituba (SC) acervo que resgata a história do esporte no Brasil, enquanto a 3ª etapa do Circuito Banco do Brasil de Surfe 2025 avança com surpresas e disputas nas quartas de final.
"O surfista não é nada sem sua prancha". O lema do colecionador Ben-Hur Gomes Naymayer, 55 anos, se materializa em um torneio como a 3ª etapa do Circuito Banco do Brasil de Surfe 2025 na Praia da Vila, em Imbituba (SC), onde atletas desfilam, às vezes, com duas ou três pranchas. A variedade de opções mostra como o equipamento evoluiu desde que o surfe passou a ser difundido no Brasil, na década de 1960.
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Ben-Hur mantém, há mais de três décadas, um acervo de pranchas de surfe e roda o país com exposições itinerantes, uma vez que sua coleção remonta à história da modalidade entre as décadas de 1960 e 1980. Como um dos expositores que trabalham para integrar o público à competição em Imbituba, o gaúcho de Porto Alegre (RS) explicou as diferenças e revelou detalhes sobre suas pranchas.
Quem para por um momento para observar a coleção de Ben-Hur, automaticamente se depara com duas pranchas diferentes das demais: uma prancha feita toda em madeira, produzida na Califórnia, nos Estados Unidos, no início da década de 1960.
A outra relíquia é uma produção da São Conrado Surfboards, a primeira fabricante de pranchas de surfe brasileiras, feita em 1968 no Rio de Janeiro, com quase 2,6 metros de comprimento e 25 kg.
Segundo o colecionador, o shape estadunidense remonta a uma época em que os surfistas utilizavam pés-de-pato e não subiam nas pranchas para surfar. Já a brasileira remete a um momento em que o surfe era proibido em determinados horários no RJ por um motivo inusitado: falta de segurança para os banhistas.
"Na época da produção dessa prancha, era proibido surfar entre 8h e 16h, já que as pranchas não tinham lash (a corda que prende o equipamento à perna do surfista). E é uma prancha que pesa cerca de 25 kg. Se o surfista caísse, ela ia rolando e poderia até acertar alguém na água", conta.
Apesar das diferenças, Ben-Hur explica que o material utilizado para a produção das pranchas não sofreu grandes alterações com o passar das décadas, mas o equipamento recebeu melhorias. Desde o formato e tamanho até as 'rabetas' (as partes traseiras das pranchas) e 'quilhas' (as barbatanas situadas na parte inferior do equipamento), tudo para dar mais estabilidade e manobrabilidade aos surfistas.
Em seu acervo, Ben-Hur conta com aproximadamente 150 pranchas diferentes, mas também faz jus à história 'antiga' do surfe, segundo ele, com roupas de borracha, revistas e outros materiais colecionáveis. Segundo ele, a ideia de colecionar os equipamentos começou quando, na década de 1980, emprestou uma prancha de um amigo e passou a relembrar dos equipamentos dos quais tinha se desfeito.
"Voltei para casa com essa prancha e me peguei pensando nas minhas pranchas antigas, em como elas estariam se estivessem guardadas comigo. Nisso, comecei a colecionar e hoje são mais ou menos 150 pranchas", relembra.
Segundo o colecionador, o maior desafio é a manutenção dos equipamentos, uma vez que o tempo os torna mais frágeis, e a obtenção de um espaço físico, onde planeja expor as pranchas e criar um museu na cidade de Imbituba.
"O surfista não é nada sem a prancha. Ele conta suas histórias, mas a matéria física daquela história é as pranchas. É ela que a gente usa para surfar, ela é quem sempre acompanha o surfista. E a cada evolução, cada momento da história, tem uma prancha diferente. Por isso me apaixonei", finaliza.
O que esperar do 4º dia de competições em Imbituba
Após uma sexta-feira histórica na Praia da Vila, que recebeu o primeiro torneio feminino organizado pela WSL no pico catarinense, o sábado, 20, promete uma série de baterias eletrizantes com os últimos 32 surfistas, entre homens e mulheres, que brigam por vagas nas quartas de final do torneio.
Na sexta, algumas das surfistas 'queridinhas' dos torcedores locais caíram na água, como Tainá Hinckel e Laura Raupp, e venceram suas baterias, assegurando a classificação para a próxima fase. Quem também se classificou foi a veterana Silvana Lima, que falou ao Terra sobre a emoção por surfar em Imbituba.
Entre os homens, o dia foi marcado por surpresas, reviravoltas e quedas de alguns dos maiores nomes da competição. É o caso de Adriano de Souza, o Mineirinho, e João Chianca, o Chumbinho, que se despediram do torneio após ficarem com a terceira colocação em suas respectivas baterias.
Alguns dos talentos catarinenses, como Mateus Herdy e Heitor Mueller, bem como Weslley Dantas, líder do ranking sul-americano, venceram e também avançaram às quartas de final da etapa, que funciona no formato de Qualifying Series (QS) da WSL e rende, aos campeões, 4 mil pontos no ranqueamento.
O dia também promete uma sessão de surfe com lendas brasileiras, como Renan Rocha, Jacqueline Silva, Piu Pereira e Fábio Carvalho, além de Michell Peninha, prefeito de Imbituba. Haverá, também, uma grande ação de limpeza da orla da Praia da Vila, organizada por entidades de proteção ambiental.
Além de transmitir todas as baterias, o Terra também mostra todos os detalhes e bastidores da 3ª etapa do Circuito Banco do Brasil de Surfe 2025 em Imbituba.


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