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Sem sacrifício! Jogar com dengue seria perigoso para Bastos

7 mai 2015 - 09h36
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Imagine esta cena. Jogo complicado no Morumbi. O São Paulo, pressionando o Cruzeiro durante todo o segundo tempo, coloca em campo Michel Bastos, que ainda se recupera de uma dengue. Se realmente isso acontecesse na última quarta, seria digno de aplausos? De acordo com especialistas, muito pelo contrário. Mesmo que o quadro de dengue do jogador não tenha sido muito aguda, não precisando de internação, o sacrifício feito poderia ter complicações graves para a doença.

“O esforço físico abaixa ainda mais a imunidade, então ele corre o risco de um mal maior. A imunidade é muito baixa com a doença, então tem um nível de plaquetas pequeno. A dengue abaixa o volume de plaquetas, aí com o esforço físico também há uma baixa de plaquetas, e isso leva a agravar o quadro”, explica o Dr. Miguel Arruda, professor da Unicamp e especialista na área de fisiologia do futebol.

Baixa imunidade poderia piorar a dengue de Michel se ele jogasse
Baixa imunidade poderia piorar a dengue de Michel se ele jogasse
Foto: Alan Morici / FramePhoto

A avaliação é semelhante ao de Denise Macedo Vaz, professora do Departamento de Bioquímica da Unicamp. “Por que se fica quantificando plaqueta das pessoas (exame usado para acompanhar a evolução da dengue)? Se cair em um nível muito baixo, de 50 mil/m³ para baixo, a pessoa pode ter hemorragia internamente, o que não acontece quando as plaquetas estão altas. Isso pode levar ao óbito”, afirma a professora.

Com o surto de dengue no Estado de São Paulo, a doença se tornou uma nova preocupação para os departamentos médicos dos clubes paulistas. O atacante Guerrero voltou a jogar apenas na última quarta após ficar quase um mês afastado. O zagueiro Werley, do Santos, não jogou a primeira partida final do Campeonato Paulista pelo mesmo problema. Nesta semana foi a vez de Michel Bastos, cortado do duelo entre São Paulo e Cruzeiro.

No caso tricolor, houve a esperança até o último momento de que fosse apenas uma gripe, tanto que ele estava na pré-lista de convocados antes de ter o diagnostico confirmado. Pode parecer estranha tamanha disparidade entre cada jogador, mas os médicos afirmam que é completamente normal.

“A gente tem identificado quatro tipos de vírus da dengue. Ele pode ter sido infectado com o vírus mais brando, e as manifestações são diferentes. Não é todo mundo que tem a mesma manifestação, porque o nosso comportamento imunológico é diferente de um para outro”, conta o Dr. Arruda.

O planejamento do São Paulo é avaliar novamente o jogador no fim de semana para reintegrá-lo aos treinos na segunda-feira, com a esperança que tenha condições de jogo para o jogo de volta contra o Cruzeiro. O clube entrará em contato com um infectologista para acompanhar os exames do jogador.

"Fiquei sabendo do Michel ontem (terça). Achávamos que era uma virose, mas ontem se constatou a dengue. Acho que não é tão forte, até hoje veio nos ajudar. Talvez eu possa contar com ele", afirmou Milton Cruz depois da partida contra o Cruzeiro.

A dengue começa com os sintomas parecidos de uma gripe muito forte: dores no corpo e articulações são comuns, além de febre. O quadro pode piorar para o estágio hemorrágico, que causa sangramentos internos no paciente. O problema maior é a baixa imunidade apresentada pelo paciente. Juntando o choque da doença com a queda natural causada pelo esforço físico, haveria a possibilidade de uma doença muito mais grave afetar o atleta.

“Não é olhar só a dengue em si. Por que que morre a pessoa com dengue? Porque já está debilitada com outras coisas. Por que a dengue é perigosa em idoso e em quem tem problema de hipertensão, cardíaco ou outro problema crônico? Essa pessoa já está debilitada. Se instala um outro vírus. Ele morre da dengue? Não, de alguma outra coisa que já tinha. É o caso do Michel, ele pode abrir um outro caso e ir à óbito. Depende do quadro criado, mas chances tem”, analisa o Dr. Arruda.

Fonte: EFuroni Conteúdo Editorial
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