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Nem CR7, nem Gabigol: Barbeiro não larga por nada seu bairro e clientes jogadores de Remo e Paysandu

Barbeiro Everton é a única unanimidade quando se fala da rivalidade entre Remo e Paysandu

25 jun 2021 - 12h10
(atualizado às 12h10)
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Everton ao lado de jogador do Remo (Foto: Divulgação)
Everton ao lado de jogador do Remo (Foto: Divulgação)
Foto: Lance!

Resenha e confiança. Esses são os fundamentos que fazem o barbeiro Everton Furtado dos Santos ser a única unanimidade quando se fala do clássico paraense entre Remo e Paysandu. De um começo difícil, tendo que liberar internet para atrair clientela, Everton hoje é dono de uma das barbearias mais populares do bairro de Marambaia. Grato por sua origem, não abandona seus clientes jogadores nem por requisições dos ídolos Cristiano Ronaldo e Gabigol.

Em entrevista ao L!, o simpático Everton conta, entre outras coisas, suas origens no mundo da barbearia e como conquistou o respeito e confiança de jogadores de futebol.

Sobre intervenção da mãe, ele conta como começou e a influência do destino para que tivesse resiliência para persistir no ramo.

- Comecei a ser barbeiro por conta do salão da minha mãe. Ela trazia o material dela quando estava de folga e assim comecei a cortar o cabelo do meu irmão e primos. Quando tinha uns 15 anos ela me levou pro salão e fiquei só na máquina. Não tinha muita habilidade com a tesoura - começa Everton.

- Ela até me colocou pra tomar conta de um pequeno salão, mas era muito imaturo e não consegui. Depois disso rodei. Trabalhei com comércio, fiz propagandas... Mas tinha aptidão mesmo pro ramo da barbearia. Certa vez, com 22 anos, parei um tempo para cortar cabelo e fiz quase a minha quinzena. Foi ai que pensei que estava no lugar certo e mudei de profissão - completa.

Antes de virar unanimidade entre jogadores, o barbeiro traçou uma estratégia que deu certo. Liberou sinal de Wi-Fi para quem ficasse próximo à barbearia improvisada na porta do vizinho.

- Eu colocava cadeiras para cortar cabelo de clientes na frente da casa do meu vizinho. Ficava uma aglomeração porque liberava Wi-Fi. Pessoal ficava pensando: "Tá lotada essa barbearia". Que nada! Era só por causa da internet eu liberava até tarde - brinca.

O mesmo vizinho também foi responsável pelo primeiro contato e início de Everton no mundo futebolístico. Apesar de nunca ter sido seu grande sonho, Everton revela que a amizade construída com os atletas mudou sua vida.

- Esse meu vizinho conhecia o Ilaílson, ex-jogador de Remo e Paysandu. Um dia ele nos apresentou e, cheio de medo, cortei o cabelo dele. Se não gostasse nunca mais viria. Mas, logo em seguida me convidou pra assistir um jogo. Ele até trocou de time, mas me indicou pro zagueiro Charles e foi assim sucessivamente. Quem era do Remo também chamava o pessoal do Remo, até o pessoal da base. Cheguei ir até em concentração - conta Everton.

- Minha vida mudou bastante. Fiquei mais requisitado. Na verdade, nunca tive a intenção de atender todos esses jogadores. Comecei sozinho e em menos de quatro anos empreguei dez barbeiros. Sozinho eu não daria conta do pessoal do meu bairro. Até porque o pessoal da cidade também vem conhecer meu estabelecimento, muitos querem saber a minha história. Isso é muito gratificante. Quero que minha barbearia seja reconhecida pelo corte, não pela mídia - revela.

Everton, orgulhoso, destaca que a resenha e sua disponibilidade são os diferenciais para atrair a clientela do mundo da bola e ficar até mesmo por dentro de bastidores inusitados.

- A resenha e a disponibilidade são os principais fundamentos. Não tenho tempo ruim! A gente cria uma certa empatia. No decorrer dos cortes a gente cria um vínculo com os jogadores. O Tuna Luso, que foi campeão da segunda divisão, até colocou gratuitamente minha logomarca no uniforme. Quando eles foram campeões, entrei no gramado e me chamaram pra tirar foto. Vi a taça, me empolguei, e a levantei. O problema é que era pro capitão levantar. Saí no jornal e ninguém entendeu quem eu era. Era só o barbeiro do time - brinca.

Everton levantando a taça do Tuna Lusa Brasileiro (Foto: Divulgação)
Everton levantando a taça do Tuna Lusa Brasileiro (Foto: Divulgação)
Foto: Lance!

- Já fui chamado de barbeiro da sorte. Eu cortava o cabelo de jogadores e o time deles não perdia, ou empatavam ou ganhavam. Eu profetizava também: Vai fazer dois gols e quero que comemore assim (mexe no cabelo). Hoje eu corto a maioria dos jogadores do Remo. A gente conversa muito sobre roupa, versículos. Time que está bem quer ouvir coisas boas. Sempre tomo cuidado. Preciso ter boas máquinas, exercer meu papel técnico bem e levantar a energia do jogador. Eles também tem o cuidado de não comentarem coisas ruins - afirma sobre os assuntos conversados durante o corte de cabelo.

Questionado se gostaria de assumir uma carreira internacional e morar fora do país, comum para barbeiros que acompanham o dia a dia de astros internacionais no futebol, Everton desdenha da ideia. Para ele, o bairro Marambaia é sua única casa.

- A verdade é que não tenho essa vontade. Até brinco com meus jogadores. Peço pra eles não me abandonarem quando estiverem iguais ao Neymar. Quando estiverem na mídia, não esqueçam do meu corte, ein! Para viajar eu preciso pensar nas minhas condições. Não é impossível, mas preciso pensar na minha família e filhos. Não tenho o sonho de expandir, quero permanecer no meu bairro. Apenas ter meu local próprio. Não quero perder minhas origens. Se um jogador me chamasse pra morar em outro lugar, eu teria que pensar muito - disse.

O panorama muda quando se fala de representar o Brasil no corte de cabelo de jogadores da Seleção em uma edição de Copa do Mundo.

- Iria na hora. Com certeza. Querendo ou não é uma vitrine, independente se for Série A, B ou C. Tudo é válido. O que prevalece é ganhar moral com essas pessoas. Quem não é visto é esquecido - pontua Everton.

Por fim, revela o desejo de fazer a cabeça do craque português Cristiano Ronaldo e do ídolo rubro-negro Gabigol, apesar de simpático com o Vasco por conta de Yago Pikachu.

- Cristiano Ronaldo e Gabigol seriam uma boa. Milhões de seguidores me assistindo, já pensou? É até curioso porque eu gostava do Vasco por conta do Pikachu, apesar de não ter cortado o cabelo dele ainda - conclui.

Lance!
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