Paula Pequeno: 'minha filha está aprendendo a lutar comigo'
No quadro de títulos conquistados com a seleção brasileira de vôlei, não faltam motivos para encher Paula Pequeno de orgulho. São três campeonatos Sul-Americanos, dois Grand Prix e a medalha de ouro nas Olimpíadas de Pequim, de 2008, onde foi eleita a melhor jogadora do torneio. Mais importante do que as conquistas dentro de quadra é a nova forma de amar que a brasiliense descobriu há seis anos, quando se tornou mãe.
Sem pensar em deixar a profissão de lado, a atual ponteira do Fenerbahçe, da Turquia, jogou até o quinto mês de gestação e, hoje, para conciliar a profissão com o novo papel, investe na qualidade do tempo que passa com a pequena Mel - fruto do relacionamento com o ex-jogador de handebol, Alexandre Folhas. “A maternidade é uma coisa única e especial. Só quem é mãe pode definir o quanto acrescenta à vida. É o amor mais puro, forte e inabalável que existe” afirma a atleta de 31 anos, em entrevista exclusiva ao Terra.
Terra - Como foi recebida a notícia da gravidez?
Paula Pequeno
- Foi um susto muito grande porque eu estava prevenida, mas a Mel foi atrevida e veio do mesmo jeito. Eu estava me programando para engravidar depois das Olimpíadas de 2008, mas são coisas do papai do céu, quando Ele quer ninguém impede.
Terra - Como imaginou sua carreira a partir desse momento?
Paula Pequeno
- Como a gravidez me pegou de surpresa, fiquei apreensiva com relação à minha carreira e tive medo de não poder ir aos Jogos Olímpicos de Pequim, sendo que eu já tinha perdido os de Atenas, por causa de uma lesão no joelho. Na época estava jogando em Osasco (SP), onde atuei por 11 anos, e tive todo o respaldo necessário. Isso ajudou muito.
Terra - Não teve medo de jogar até o quinto mês de gestação?
Paula Pequeno
- Joguei até os cinco meses e meio. Todos ficavam preocupados, mas eu me sentia bem para fazer tudo e, de 15 em 15 dias, me consultava com a minha obstetra por precaução.
Terra - Como foi a fase após o nascimento da Mel?
Paula Pequeno
- Voltei a treinar 24 dias depois do parto. Era uma loucura para administrar a rotina de treinamento com a amamentação, me sentia mais cansada do que o normal. Era difícil deixar a Mel para ir trabalhar, porque ela era muito novinha, mas eu tinha o campeonato mundial como objetivo, então, todo o sacrifício teria que valer a pena. Me cuidei bastante, engordei somente 13 quilos e tive parto normal, o que foi fundamental para o meu retorno precoce às quadras.
Terra - Em algum momento pensou em desistir da carreira para ficar apenas no papel de mãe?
Paula Pequeno
- Nunca pensei em largar a carreira para ser só mãe, porque muitas atletas conseguiram conciliar e eu me espelhava. Sempre amei muito a minha profissão e tinha certeza de que a minha filha teria o orgulho que ela tem hoje da mamãe. A Mel foi e sempre será a minha grande inspiração.
Terra - Como faz para conciliar o esporte com a maternidade?
Paula Pequeno
- A melhor maneira de conciliar a profissão e o papel de mãe é investir em qualidade. Em quantidade é difícil, pois tenho uma rotina de treinos e jogos muito rígida. Então, quando estou com ela, dou tudo de mim, não importa o tempo que temos juntas. Tento passar para a Mel a melhor versão do amor, da luta, do respeito, do caráter, da educação e da importância da família.
Terra - Hoje, como acompanha o crescimento da sua filha de seis anos?
Paula Pequeno
- Estamos sempre juntas, é impossível viver sem ela por perto. Às vezes me preocupo porque tenho que trocá-la de escola, de ambiente e morar longe da família. Mas faz parte, ela está aprendendo a lutar junto comigo e esse espírito pode prepará-la para o futuro.
Terra - Você leva a Mel para as quadras?
Paula Pequeno
- Sempre que posso a levo para os treinos. Ela adora ir aos jogos, se diverte muito e sente muito orgulho. Me ajuda a tirar fotos com os fãs e também a dar autógrafos (risos).