PUBLICIDADE

Motociclismo

Zarco faz currículo à la Elle Woods e amplia disputa por vaga de Dovizioso na Ducati

Depois de Francesco Bagnaia, o francês também tratou de se colocar como candidato a um posto na Ducati em 2021. Vice-campeão da MotoGP nos últimos três anos, o italiano de Forli ainda não renovou com a casa de Bolonha

12 ago 2020 - 04h15
Compartilhar
Exibir comentários
Johann Zarco fez pole e pódio em Brno
Johann Zarco fez pole e pódio em Brno
Foto: Red Bull Content Pool / Grande Prêmio

A Ducati ainda não definiu quem será o companheiro de Jack Miller na temporada 2021 da MotoGP. Mas não é por falta de candidatos. A casa de Bolonha optou por esperar pelas corridas da Áustria para determinar o próximo passo no campeonato, mas o passar do tempo só faz aumentar a lista de candidatos.

Titular da Ducati desde 2013, Andrea Dovizioso tem sido o homem forte do time, já que, nos últimos três anos, deu à fábrica italiana o vice-campeonato da MotoGP. Mas o histórico de certa forma pomposo não foi o suficiente para assegurar uma renovação direta de contrato. A relação outrora sólida entre o italiano de Forli e a equipe de Borgo Panigale desenvolveu algumas rachaduras e, para piorar, a questão financeira também causou um impasse. Temendo os efeitos no orçamento por conta da pandemia do novo coronavírus, a fábrica comandada por Claudio Domenicali quer pagar um salário um tanto menor. O que o #4, claro, não concorda.

Em um campeonato onde a janela de transferências acontece cada vez mais cedo, a Ducati segue adiando a definição da futura dupla de pilotos. Em pleno agosto, a única certeza é que Miller vai subir da Pramac ― onde já tem contrato direto com a fábrica ― para a estrutura oficial e que Danilo Petrucci não segue no time. O italiano de 29 anos já acertou com a KTM para correr pela Tech3 na próxima temporada.

Johann Zarco foi um dos destaques do fim de semana em Brno
Johann Zarco foi um dos destaques do fim de semana em Brno
Foto: Red Bull Content Pool / Grande Prêmio

No mês passado, durante a abertura do campeonato, Davide Tardozzi, chefe da equipe, afirmou que a negociação tinha sido adiada para este mês. "Achamos que, para as duas partes, o melhor é seguirmos juntos, mas decidimos esperar e vamos ver o que acontece em agosto", disse na época.

Na semana passada, Paolo Ciabatti, diretor-esportivo da Ducati, afirmou que a meta é "esperar até a segunda corrida na Áustria", marcada para o dia 23.

O tempo, contudo, não tem sido um aliado de Dovi. Se em Jerez de la Frontera foi Francesco Bagnaia quem entregou um currículo fino e elegante, em Brno foi Johann Zarco que fez sua carta de apresentação no maior estilo Elle Woods, a clássica personagem de Reese Whiterspoon que fazia seus currículos em papel cor de rosa e perfumado em 'Legalmente Loira'. E isso justamente em um fim de semana em que Andrea, além de chegar atrasado para a entrevista de emprego, não se vestiu para a ocasião.

No GP da Tchéquia, Dovizioso se classificou apenas em 18º, o pior resultado da carreira do italiano, e recebeu a bandeirada em 11º, mais de 16s atrás de Brad Binder, o vencedor no traçado tcheco. Só faltou mesmo falar palavrão e usar gírias com o entrevistador.

A equipe de Bolonha já afirmou que a meta é olhar primeiro para dentro, daí fácil entender que Bagnaia e Zarco são os principais rivais de Dovizioso. Tito Rabat também corre com uma Ducati, mas está muito longe de poder ameaçar qualquer um.

No caso de Pecco, o destino não parece ser um aliado do jovem integrante da Academia de Pilotos VR46. No GP da Andaluzia, o campeão de 2018 da Moto2 caminhava para um segundo lugar em Jerez, mas teve de abandonar a corrida após uma quebra na Desmosedici. Para piorar, o jovem de 23 anos fraturou a perna direita logo no primeiro dia de atividades em Brno e não vai voltar à pista antes de Misano, no próximo mês.

Zarco, porém, encontrou as estrelas alinhadas para impressionar. Algo que, aliás, ele estava precisando. O francês já tinha mostrado talento quando corria com a Yamaha da Tech3, mas a passagem pela KTM deixou uma imagem para lá de arranhada. Afinal, Johann aceitou a proposta para guiar uma moto sabidamente em desenvolvimento, mas não teve a boa vontade de desenvolvê-la. E, enquanto isso, ainda falou um pouco demais ao se queixar do protótipo austríaco.

A língua solta, aliás, também vitimou a Avintia. O bicampeão da Moto2 chegou a rejeitar a vaga alegando não se tratar de "uma equipe de ponta". O que, aliás, era verdade: a estrutura espanhola sempre foi a lanterna entre as equipes privadas e contava com pouco apoio da Ducati.

Isso, porém, mudou em 2020. A Avintia conseguiu um amparo maior da casa de Bolonha e foi o próprio Gigi Dall'Igna, chefe da Ducati Corse, a divisão esportiva, que convenceu Johann a aceitar a proposta. Assim, o #5 deu não só a primeira pole à equipe, mas também o primeiro top-3 na MotoGP.

"Estava certo em ter dúvidas sobre a equipe no ano passado, pois tive dificuldade durante a temporada e não queria ter ainda mais. E eles não tinham os resultados certos", disse Zarco no fim de semana. "Mas, além disso, eles eram como uma equipe privada, não satélite ― não era o mesmo investimento da Ducati e, neste nível, tudo é tão caro e todas as partes da moto, todos os detalhes são muito importantes", ponderou.

"Agora, a Ducati está cuidando de todos esses detalhes da equipe e podemos ver que todos os técnicos da Ducati estão cuidando disso, além de os mecânicos estarem totalmente apaixonados e trabalhando bem", considerou. "No passado, não era um trabalho ruim dos mecânicos que afetava os resultados, é só que eles estavam sempre muito limitados no orçamento e não tinham as melhores peças para competir. Então é por isso que eles tinham muita dificuldade. Agora eu só estou feliz por poder oferecer a eles este bom resultado", declarou.

Além de pole e vitória, Johann deu outra demonstração de destreza do cumprir a punição da volta longa. O francês foi tão impecável que sequer perdeu a terceira colocação.

Depois de uma temporada duvidosa como a de 2019, Zarco precisava de um fim de semana como o de Brno para relembrar o mundo de seu talento. E ele conseguiu isso justamente em uma etapa que foi das mais difíceis para os pilotos mais experientes da Ducati.

Johann fez o que tinha de fazer para apimentar a briga pela vaga no time de fábrica: mostrou velocidade, inteligência, destreza e talento. Resta saber se Dovizioso vai conseguir um troco a altura no Red Bull Ring.

Nosso jornalismo sempre foi independente. E precisamos do seu apoio para seguirmos em frente e oferecer o que temos de melhor: nossa credibilidade e qualidade. Seja qual o valor, tenha certeza: é muito importante. Nós retribuímos com benefícios e experiências exclusivas.

Assim, faça parte do GP: você pode apoiar sendo assinante ou tornar-se membro da GPTV, nosso canal no YouTube.

Grande Prêmio
Compartilhar
Publicidade
Publicidade