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Ligação de Cuca, infância difícil... As histórias do novo reforço do Verdão

Novo reforço do Palmeiras, Deyverson venceu muitas dificuldades para triunfar na vida. Irmão do atacante conta detalhes dessa superação e revela como Cuca conquistou o atleta

13 jul 2017 - 14h13
(atualizado às 14h58)
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- Deyverson é um jogador que todos os times gostariam de ter.

O elogio ao mais novo reforço do Palmeiras vem de quem o conhece muito bem. Anderson Brum, irmão mais velho do atacante, se derrete ao falar sobre o caçula. Anderson é goleiro titular do Angra dos Reis, time da Terceira Divisão do Rio de Janeiro (aquele clube do "torcedor solitário"), e faz questão de apresentar Deyverson para a torcida alviverde. Em entrevista ao LANCE!, Anderson listou as qualidades de Deyverson e contou que o técnico Cuca foi decisivo para que a negociação fosse concretizada.

Deyverson, de 26 anos, se destacou pelo Alavés (ESP) na temporada 2016/2017, ajudando o time a ser vice-campeão da Copa do Rei. O atacante chegou ser alvo do Sporting (POR), mas optou pelo Palmeiras após uma ligação de Cuca.

- Existia a opção de ele seguir na Europa. Porém, teve uma pessoa que foi de extrema importância na vinda dele para o Brasil, que foi o Cuca. Meu irmão estava aqui no Brasil, de férias. Ele estava em um restaurante, almoçando, quando surpreendentemente o Cuca ligou e conversou com ele, falou do projeto do Palmeiras. Então, isso alegrou muito o coração do meu irmão, e também o coração de toda a família. Essa ligação aconteceu há duas semanas. O Cuca convenceu meu irmão e o empresário para que esse desfecho com o Palmeiras fosse concluído com sucesso - disse Anderson, ressaltando que o martelo só foi batido após o telefonema de Cuca:

- A negociação vinha acontecendo há algum tempo. Fiquei sabendo que alguém do Palmeiras foi ver a final da Copa do Rei (em 27 de maio), mas a conclusão mesmo foi após a ligação do Cuca. Depois da ligação, o Deyverson nos reuniu na sala e falou do Palmeiras com muito carinho. Os amigos ficavam perguntando onde o Deyverson jogaria nessa temporada, e nós procuramos esconder, porque as coisas só estão certas depois da assinatura. Então, para não prejudicá-lo, para não gerar especulações falsas, guardamos o segredo até o anúncio. Nós guardamos tudo a sete chaves.

Deyverson está na Espanha, finalizando suas últimas pendências pessoais, e é esperado no Brasil até a próxima segunda-feira. O atacante assinou contrato de cinco anos com o Palmeiras, comprado por cerca de 5 milhões de euros (R$ 18 milhões), e o valor deverá ser custeado pela Crefisa, patrocinadora alviverde. Anderson Brum acredita que seu irmão dará alegrias à torcida.

- Deyverson é um atacante moderno. A gente conversa muito e eu sempre elogio ele. Ele é um atacante que aparece bem na frente e também tem um compromisso tático com o time na marcação. Ele é alto, forte, e além disso tem muita velocidade. É raro você ver um atacante como ele. Geralmente, o atacante ou sabe fazer o pivô, ou tem boa velocidade. Mas ele tem os dois. Ele vai agregar muito no time do Palmeiras. Vai ajudar na hora que tiver apertando lá atrás. Quando derem a bola nele, ele vai subir, ganhar a bola, segurar a bola, distribuir bem para o time. E para fazer o gol, ele sabe concluir muito bem - comentou Anderson sobre Deyverson, que tem 1,87 m e 78 quilos.

Antes da final da Copa do Rei, o então técnico do Barcelona, Luis Enrique, avaliou Deyverson como um "jogador completo". No entanto, o talento do ataque poderia estar hoje no gol. Deyverson foi goleiro dos 12 aos 14 anos e só não insistiu na posição por conselhos da família. Curiosamente, o pai de Deyverson era goleiro amador.

- Ele jogava no time amador do meu pai, no Rio, o Associação Esportiva Social e Cultural Mamaô. Ele chegou a ser campeão como goleiro menos vazado, mas tomou um rumo diferente na carreira, com aconselhamento do meu pai, que foi goleiro, e meu. Falamos que a posição era ingrata, que não tinha tanto reconhecimento. A gente via que ele tinha qualidade para jogar na linha. Já na linha, ele passou pelo Tigres do Brasil e pelo Nova Iguaçu, mas não foi aproveitado. Em 2011, ele recebeu uma grande oportunidade no Grêmio Mangaratibense, da Terceira Divisão do Rio - falou Anderson.

Anderson com a camisa do irmão (Foto: Divulgação/Angra dos Reis)

Antes do Grêmio Mangaratibense, Deyverson também trabalhou vendendo caldo de cana, salgadinho e ajudando clientes de supermercado a carregarem sacolas. A vida era dura no humilde bairro Bairro Santa Margarida, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, mas o garoto seguiu em frente. Do Grêmio Mangaratibense, o atacante foi para o Benfica B, em 2012. De lá para cá, os gols se multiplicaram e o sucesso chegou, recompensando todo o esforço do pai Carlos Alberto Silva, o Mamaô.

- Mamaô foi um apelido que o falecido avô colocou nele. Além de goleiro amador, nosso pai era presidente da associação de moradores, morávamos em uma comunidade. Minha mãe não trabalhava para cuidar de mim, do Deyverson e do Leandro, nosso irmão do meio, que virou militar. Tivemos uma infância difícil, nosso pai foi um guerreiro. Nosso pai tirava do almoço dele para pagar a passagem de ônibus do Deyverson, para que ele fosse treinar. Ele deixava de se vestir, de ter suas prioridades, por nós. Ele pedia as coisas por nós. O apelido dele entre os amigos ficou sendo "Pidão". Hoje eu, como pai de família, sei porque ele fez isso. O pai passa por vergonha, muitas vezes, para colocar algo na mesa dos filhos. Nosso pai é o maior responsável por hoje o Deyverson ser bem sucedido - destacou Anderson Brum, hoje com 31 anos:

- Deyverson é um espelho para mim. Quero crescer também, sigo lutando ainda. Já fui goleiro do Figueirense, sonho novamente estar em um clube de destaque. Eu ainda acredito, pois meu pai está comigo, meu irmão está comigo.

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