Lance Armstrong: a cronologia de uma queda
Datas relevantes da queda do americano Lance Armstrong, que admitiu na segunda-feira ter se dopado em entrevista à apresentadora americana Oprah Winfrey.
A queda de Armstrong em algumas datas chave:
1992: Armstrong disputa os Jogos Olímpicos de Barcelona e se inicia sua carreira de ciclista profissional.
1993: Aos 21 anos, vence sua primeira etapa na Volta da França e é campeão mundial de ciclismo de estrada.
Outubro de 1996: É atingido por um câncer nos testículos, é submetido a uma cirurgia e a um tratamento por quimioterapia.
1997: Cria a 'Livestrong' uma fundação de luta contra o câncer, e volta a treinar.
Julho de 1999: Conquista a primeira das suas sete vitórias na Volta da França
2004: É acusado de doping em livro escrito por David Walsh e Pierre Ballester.
Julho de 2005: Sétima e última vitória na Volta da França. Armstrong se aposenta do ciclismo profissional.
Agosto de 2005: O jornal esportivo francês L'Equipe informa que as amostras de urina de Armstrong na Volta da França de 1999 deram positivo para EPO.
2008: Armstrong volta ao ciclismo profissional.
2009: Termina na terceira posição da Volta da França.
20 de maio de 2010 - Após quatro anos negando, Floyd Landis, o americano que perdeu o título da Volta da França de 2006 por um exame positivo para testosterona, admite ter usado doping durante a prova para, segundo ele, "aliviar a consciência". Em seguida, acusa Armstrong, seu antigo líder na equipe US Postal, de ter se dopado, o que este nega. Landis não apresenta provas, mas as autoridades americanas levam o caso a sério e a Food and Drug Administration (FDA) abre uma investigação, dirigida por Jeff Novitzky, famoso por ter coordenado os trabalhos no caso Balco, que flagrou atletas como a velocista Marion Jones.
22 de julho de 2010 - Enquanto Landis detalha na imprensa americana seus anos de doping, especialmente as sessões de transfusão de sangue com Armstrong, o sete vezes campeão do Tour de France contrata um famoso advogado para a sua defesa na investigação federal, que avança com vários depoimentos em um tribunal federal na Califórnia. Greg Lemond, o primeiro americano a vencer a Volta da França, critica duramente Armstrong e é um dos que testemunha ante as autoridades, considerando que as investigações levarão a provas "incontestáveis".
Novembro de 2010 - O investigador Jeff Novitzky visita a Europa, especialmente a sede da Interpol em Lyon (França). A organização policial negocia uma colaboração judicial entre as autoridades europeias e americanas.
19 de janeiro de 2011 - A revista americana Sports Illustrated publica uma reportagem contra Armstrong na qual ele é acusado de ser o "instigador" de um esquema de doping organizado dentro da equipe Motorola nos anos 1990.
21 de abril de 2011 - Apesar dos poucos detalhes divulgados sobre a investigação, o jornal italiano La Gazzetta dello Sport indica a colaboração das autoridades de diferentes países europeus (Itália, França, Suíça e Espanha) com os investigadores americanos, especialmente sobre aspectos financeiros de Michele Ferrari, o polêmico preparador físico italiano de Armstrong.
21 de abril de 2011 - Outro astro do ciclismo americano suspenso por doping, Tyler Hamilton, declara ao canal CBS ter visto Armstrong injetando EPO durante o Tour de France de 1999, o ano de seu primeiro título no evento.
Forçado a devolver a medalha de ouro conquistada nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, depois de ter sido flagrado em um exame e confessado o doping, Hamilton voltou à carga um ano mais tarde, denunciando um exame positivo de Armstrong na Volta da Suíça de 2001, pelo qual o ciclista texano não foi punido. A União Ciclista Internacional (UCI) nega ter efetuado o exame, como havia afirmado Hamilton. "500 exames antidoping em todo o mundo, tanto fora como em competição. Nunca positivo. Os fatos falam por si mesmos", se defende Armstrong.
20 de maio de 2011 - O canal CBS informa que George Hincapie, o único ciclista que acompanhou Armstrong nos sete títulos do Tour, teria admitido aos investigadores que viu o amigo fazer uso de doping. Hincapie não confirmou nem desmentiu a informação.
3 de fevereiro 2012 - A justiça americana abandona a investigação federal sobre as "denúncias de crimes federais por membros e associados de um equipe ciclista profissional em parte propriedade de Lance Armstrong", sem explicar os motivos da decisão. Enquanto a justiça federal joga a toalha, a justiça esportiva não desiste. A Usada anuncia que continua com a própria investigação. "Ao contrário da promotoria, o trabalho da Usada é promover um esporte limpo, mais do que fazer respeitar as leis. Desejamos fazer isto com os elementos obtidos durante a investigação federal", explica o diretor Travis Tygart.
13 de junho 2012 - A Usada anuncia a abertura de um processo disciplinar por doping contra Armstrong e cinco colaboradores na equipe US Postal: Johan Bruyneel, Michele Ferrari, Luis del Moral, Pedro Celaya e Pepe Martí. O texano, de 40 anos, é proibido de participar em provas de triatlo, esporte que adotou após a aposentadoria como ciclista profissional.
9 de julho - Denunciando uma "vingança" pessoal de Travis Tygart contra ele, Lance Armstrong lança um contra-ataque nos tribunais civis para tentar interromper o processo da Usada. Processa em um tribunal federal de Austin a agência antidoping, por considerar que esta não respeita seu direito a um processo justo.
10 de julho - O preparador físico Michele Ferrari, o médico Luis del Moral e o técnico Pepe Martí são os primeiros protagonistas punidos pelo resto da vida por um sistema de doping organizado na equipe US Postal.
20 de agosto - O juiz do tribunal federal de Austin rejeita a demanda de Armstrong porque, segundo o magistrado, não compete aos tribunais americanos julgar um problema esportivo. O ciclista fica com poucos dias para decidir se pede ou não um processo arbitral à Usada.
23 de agosto - Lance Armstrong anuncia ter desistido de contestar as acusações de doping da Usada. "Hoje, viro a página", escreve no Twitter. Pouco depois, a Usada anuncia a retirada de todos os resultados esportivos do ciclista a partir de 1º de agosto de 1998, incluindo as sete vitórias na Volta da França (1999-2005) e sua exclusão definitiva do ciclismo.
10 de outubro: O relatório da Usada, de 202 páginas acompanhadas de um anexo de 1.000 páginas com testemunhos e estudos, é enviado à UCI. No documento, o organismo acusa Armstrong de ter montado "o programa de doping mais sofisticado da história do esporte". Entre os 26 depoimentos estão os de 15 ex-companheiros do ciclista que "conheciam sua atividades de doping". Seis ex-companheiros do ciclista americano que estavam na ativa em 2012 são suspensos durante seis meses; Levi Leipheimer, Christian Van de Velde, David Zabriskie, Tom Danielson, George Hincapie e Michael Barry.
12 de outubro: A Volta da França anuncia que deseja que a UCI deixe vagos os anos em que Armstrong venceu o Tour e que estas edições não sejam atribuídas a outros ciclistas.
17 de outubro: A Nike, principal patrocinadora de Armstrong, anuncia o fim do contrato com o ciclista em consequência das provas de doping. Outros patrocinadores, como Annheuser-Busch e Trek, tomam a mesma decisão. O ciclista deixa a presidência da fundação 'Livestrong', que ele mesmo havia criado em 2007 depois de derrotar a doença.
22 de outubro: A UCI aprova a decisão da Usada e retira de Lance Armstrong as sete vitórias na Volta da França.
14 de janeiro de 2013: Armstrong pede descuplas aos funcionários da fundação Livestrong pouco antes da gravação da entrevista com Oprah Winfrey, que irá ao ar na próxima quinta-feira.