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Jogos Pan-Americanos

Dia de fúria! "Trapalhada" no judô tira americanos do sério

Combate com 10 minutos de espera, derrota após árbitro indicar luta paralisada e vitória que quase escapou marcaram dia de judoca e técnico

12 jul 2015 - 09h56
(atualizado às 09h57)
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O Brasil saiu como principal protagonista no primeiro dia de judô com três medalhas conquistadas. Mas se os combates de ontem tivessem premiação para melhor coadjuvante, com certeza o troféu seria entregue para a america Angélica Delgado e seu treinador Jimmy Pedro. A atleta fez as três lutas mais confusas do dia nos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015.

A primeira delas foi a mais marcante. Pouco depois do início da luta contra a mexicana Jennifer Cruz, Angélica viu a luta ser paralisada, porque o placar marcava outro combate: entre a cubana Dayaris Mestre Alvarez e a equatoriana Diana Cobos. Os juízes que demoraram mais de dois minutos para se tocar do erro, quiseram parar a luta e começar novamente. Só que Angélica já tinha a vantagem de um waza-ari. A situação fez o técnico Jimmy Pedro enlouquecer. 

Americana Angélica Delgado (primeira da dir. para esquerda) conseguiu sair com bronze, mesmo após "dia maluco"
Americana Angélica Delgado (primeira da dir. para esquerda) conseguiu sair com bronze, mesmo após "dia maluco"
Foto: Eduardo Palacio / Terra

Membros da organização andavam de um lado para o outro, americana e mexicana ficaram plantadas no tatame por mais de 10 minutos, atraso na programação e nada do problema se resolver. Até que os juízes usaram do bom senso e mesmo com o placar errado continuaram a disputa em que a americana acabou levando mesmo a melhor. 

Angélica Delgado quase teve primeira luta paralisada e waza-ari cancelado por conta de erro no placar
Angélica Delgado quase teve primeira luta paralisada e waza-ari cancelado por conta de erro no placar
Foto: Terra

"Começamos a luta, Angelica estava ganhando a luta por um waza-ari, eles quiseram interromper tudo que já tinha acontecido e começar depois, sem o placar já conquistado. Eu falei para federação: para os técnicos que estão lá, a lista que me deram era a quarta luta, não tem problema. Vocês não podem apagar um waza-ari já conquistado, o mais importante é que a atleta certa vença a luta. A atleta não pode perder porque os membros da organização não colocaram o nome certo no placar. Não faz sentido isso".

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Angélica avançou à semifinal para encarar a canadense Ecaterina Guica. Mais confusão à vista. A luta estava acirrada até a metade quando as duas saíram da área limitada e o juiz falou a palavra matê, que no judô significa pare. Neste momento, a judoca da casa aplicou um golpe e derrubou Angélica ao chão. Para surpresa da americana, o árbitro deu vitória por ippon da canadense. Para mais gestos e caretas de Jimmy Pedro do lado de fora. 

"Eu sabia que não venceria aquela batalha, porque o árbitro sempre diz: diga a seus atletas nunca pararem de lutar. Mas a palavra matê significa pare. Então um atleta mentalmente quando ele escuta matê, ele para. Mesmo se ele estiver sofrendo um ataque, ele para e deixa ser derrubado porque escutou matê. Eu sabia que estava muito perto o matê e o golpe, então não conseguiria vencer".

Com o ouro perdido, a americana e seu treinador foram para disputa do bronze desolados pelo que aconteceu. Com vantagem de duas advertências durante boa parte da luta, Angélica proporcionou mais emoção para quem estava na arquibancada. Nos três segundos finais da luta contra a dominicana Maria Garcia, ela viu a rival vir com força para cima e derrubar na mesma hora que o cronômetro zerou. A torcida pediu a vitória da dominicana, os árbitros foram revisar o que aconteceu. Nisto Jimmy Pedro já se mexia todo na cadeira ao lado do tatame. Porém, dessa vez, a confusão foi a favor. Os árbitros acabaram confirmando a vitória da americana, que saiu com o bronze de Toronto. 

"Quando você olha o replay você vê que o placar marcava 0s antes da garota fazer qualquer ataque. Você vê claramente que Angélica venceu antes de ser derrubada. Graças a Deus, deu para ver no placar. Hoje foi um dia louco. Pensei: 'de jeito nenhum, a gente pode perder de novo'. Foi um dia louco para Angélica. Ela teve um grande dia, apesar de tudo que aconteceu", afirmou o treinador.

De acordo com Jimmy Pedro, o mais difícil foi manter a judoca focada depois de todos os fatos inusitados. "Você tem que dizer para as atletas: 'esqueça as situações, esqueça o dia e tudo que aconteceu, porque estamos perto do pódio. Vença essa garota, você sabe que é capaz e tudo o que aconteceu vai passar'. Então ganhamos a medalha. Tenho certeza que ela está feliz".

Fonte: Terra
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