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Jogos de Paris

Daniel Dias encerra carreira com quarto lugar em Tóquio

Brasileiro fez boa final e se aposenta das piscinas com 27 medalhas paralímpicas conquistadas

1 set 2021 - 08h01
(atualizado às 08h13)
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O maior medalhista do Brasil em Paralimpíadas encerrou a carreira. Daniel Dias nadou sua última prova na Tóquio-2020, a final dos 50m livre da classe S5 (atletas com má-formação congênita ou amputados) e chegou em quarto lugar, atrás de três atletas chineses.

Daniel Dias é o maior medalhista brasileiro da história da Paralimpíada
Daniel Dias é o maior medalhista brasileiro da história da Paralimpíada
Foto: Ale Cabral/CPB

Daniel não teve uma boa saída, mas se recuperou rapidamente e gradualmente foi ultrapassando os competidores - exceto os chineses. Daniel fechou com o tempo de 32s12. O medalhista de ouro foi Tao Zheng (30s31), que quebrou o recorde paralímpico, Weiyi Yuan foi prata (31s11) e Lichan Wang chegou em terceiro (31s35) e ficou com o bronze.

Em entrevista ao SporTV, Daniel demonstrava muita emoção. "Acabou, mas eu estou feliz. Só tenho que agradecer a Deus, louvado seja Ele. Deus me deu infinitamente mais do que eu pedi, se eu escrevesse não seria tão perfeito como foi. E agradecer à minha família. Cada braçada é para eles. Papai está chegando em casa", disse, enquanto chorava.

Daniel tem 27 medalhas paralímpicas no currículo, sendo 14 de ouro, sete de prata e seis de bronze. Em Mundiais, o brasileiro tem 40 medalhas, sendo 31 de ouro, e em Jogos Parapan-Americanos, são 33 medalhas, todas de ouro.

Em Tóquio, Daniel aumentou a coleção de medalhas com mais três bronzes: nos 100m livres S5, nos 200m livres S5 e no revezamento 4x50m livres misto 20 pontos, que junta atletas de classes diferentes, mas cuja soma numérica tem que ser 20. Além disso, disputou as finais e acabou sem medalha em mais duas provas: foi sexto no 50m peito da classe S5 e quinto nos 50m costa S5.

No último ciclo olímpico, a natação passou por uma reclassificação e atletas que antes eram da S6 acabaram "caindo" para a S5. Dessa forma, Daniel teve que entrar em disputas contra competidores com deficiências menos severas, que dominaram as provas com grande vantagem para quem já era da S5.

Em Tóquio, Daniel demonstrou algumas vezes que isso o fez duvidar se conseguiria mais conquistas. Após alcançar segunda medalha de bronze em Tóquio, Dias disse ao SporTV ter tirado um peso das costas com a conquista da primeira, que havia sido no dia anterior. "As coisas estão fluindo", alegrou-se.

Com a carreira prestes a ser encerrada, Daniel pode ter certeza de que inspirou muitos outros a se tornarem nadadores. Ele mesmo começou no esporte dessa maneira: com má-formação congênita nos membros superiores e na perna direita, começou a competir em 2006, inspirado em Clodoaldo Silva, e bateu todos os recordes possíveis.

"Sou muito grato pela natação. Jamais imaginei chegar aonde cheguei. Se eu fosse escrever, lá quando eu comecei, há 16 anos, tudo que eu conquistei, eu jamais iria conseguir escrever isso. Não seria tão perfeito como foi", afirmou, ao anunciar a aposentadoria, em janeiro.

Fora das piscinas, Daniel deve se dedicar mais ao Instituto Daniel Dias, criado em 2014 para fomentar o esporte paralímpico brasileiro, e também à atuação nos bastidores do esporte - ele é membro da Assembleia Geral do Comitê Paralímpico Brasileiro e na Comissão Nacional de Atletas.

Estadão
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