Candidata, Tóquio nega risco a Olimpíada de 2020 após crise de Fukushima
O primeiro ministro do Japão assegura que a crise de contaminação nuclear do país está “sob controle” e não deve afetar a candidatura de Tóquio para receber a Olimpíada de 2020.
Shinzo Abe se uniu à representação do Japão na apresentação para o Comitê Olímpico Internacional (COI) antes da votação deste sábado entre Tóquio, Istambul e Madri.
Abe dirigiu declaração a respeito da usina de Fukushima. “Permitam-me assegurar que a situação está sob controle. Nunca aconteceu, e nunca acontecerá nenhum dano a Tóquio”, afirmou.
O presidente do Comitê Olímpico do Japão, Tsunekazu Takeda, também se mostrou confiante. “Vote em Tóquio, e você votará por uma entrega garantida”, declarou.
Decisão imprevisível
Escolher a cidade com os menores riscos parece ser o principal desafio do COI.
Tóquio tem sido vista com um ligeiro favoritismo, mas o status tem sido colocado em questão diante das preocupações com o vazamento de material radioativo da usina de Fukushima.
Madri, antes descartada diante dos problemas financeiros da Espanha, gerou repercussão recente e pode aparecer como vitoriosa. Enquanto isso, Istambul aparece como zebra.
As bolsas de Londres tem sido tomadas por apostas em Madri, cujas chances saltaram de 4/1 (pagando 4 libras para cada 1 investida) há uma semana para 5/4. Tóquio permanece como favorita, ainda que suas chances tenham caído para 5/6. Istambul para 6/1.
As eleições do COI são extremamente imprevisíveis, uma vez que os membros votam em uma urna secreta e levam em consideração razões pessoais. Alguns membros ainda estão indecisos e estão esperando as apresentações finais antes de tomarem uma decisão.
Com dois membros do COI ausentes, 95 deles estão aptos para votar na primeira rodada. Como a maioria de votos é uma exigência para a vitória, o processo deverá ir para uma segunda rodada. A cidade com menos votos é eliminada na primeira rodada, levando a decisão para uma urna direta. O presidente do COI, Jacques Rogge, que está deixando o cargo, abrirá o envelope para anunciar o vencedor.
As três cidades são candidatas repetidas: Istambul concorre pela quinta vez, com Madri tentando pela terceira vez seguida e Tóquio concorrendo pela terceira vez.
As campanhas anteriores foram marcadas por distribuição geográfica ou fatores emocionais. Em 2009, o COI deu a Olimpíada de 2016 ao Rio de Janeiro diante dos esforços brasileiros para levar os Jogos para a América do Sul pela primeira vez.
Não há a mesma sensação desta vez, uma vez que as campanhas têm sido dominadas por aspectos negativos de cada candidatura: Síria, escândalos de doping, protestos, recessão econômica, altas taxas de desemprego (27% na Espanha) e desastre radioativo.
Muitos membros do COI ainda irão votar com o Rio em mente. A cidade tem sido criticada pelos atrasos nas construções e por outas questões em sua preparação para 2016, colocando os membros em busca de uma sede segura e confiável para 2010.
Com as dificuldades no Rio, muitas pessoas estão pensando: precisamos estar em mãos seguras ou correr alguns riscos?”, questiona John Coates, membro australiano do COI.
Tóquio tem se proclamado como “um par de mãos seguras”, mas tem estado em uma semana defensiva por conta de Fukushima. Alguns membros do COI tem procurado Shinzo Abe para conversar sobre a questão na manhã deste sábado.
Madri ganhou terreno nos últimos meses, semanas e dias. A virada começou diante da apresentação técnica da cidade em Lausanne (Suíça), em julho, na qual os espanhóis se apresentaram como uma opção financeiramente segura: 80% das sedes está pronta, e o investimento necessário para as demais não chega a US$ 2 bilhões.