Com Rússia em alerta, COI mantém "cartilha" de segurança otimista em Sochi
Quem caminha pela cidade de Sochi percebe rapidamente que o clima se divide em duas tendências: a chamada “atmosfera olímpica”, que o Comitê Olímpico Internacional (COI) buscou criar para a Olimpíada de Inverno de 2014, e a tensão das autoridades da Rússia em busca de segurança para o evento.
Na cidade de temperaturas amenas (cerca de 10º C em pleno inverno), não é raro encontrar voluntários de agasalhos coloridos, dividindo-se em grupos prontos para orientar delegações, jornalistas e turistas. Nos estabelecimentos, muitos produtos de patrocinadores são facilmente vistos.
Ao mesmo tempo, as forças de segurança da cidade podem ser detectadas a todo momento. Afinal, a ameaça não poderia ser mais clara: desde que dois atentados a bomba em dezembro mataram pelo menos 30 pessoas em Volgogrado (a cerca de 700 km de Sochi), os organizadores dos Jogos Olímpicos de 2014 se mantiveram em alerta – especialmente diante da promessa de novos atentados, feita pelo grupo separatista que assumiu a autoria dos atentados no fim de 2013.
No entanto, segundo o COI, nenhum esquema de segurança especial vem sendo adotado se comparado a outros grandes eventos esportivos. Tendo como base competições como os Jogos Pan-Americanos de 2011 (Guadalajara, no México), a Olimpíada de 2012 (Londres, na Inglaterra) e as partidas da Copa das Confederações de 2013, o presidente do COI aponta presença de policiais e forcas armadas que pouco se diferem de demais competições.
“Neste quesito, as Olimpíadas não são diferentes de grandes eventos. Grandes eventos estão sob ameaça”, disse Thomas Bach, o presidente do COI, em entrevista coletiva na cidade de Sochi, descartando que a possibilidade de um ataque a bomba pudesse mudar a sede da Olimpíada de Inverno de 2014. “Não tínhamos alternativas, ou nos renderíamos aos terroristas.”
Bach afirmou ainda contar com “a confiança das autoridades, que têm colaborado de maneira muito próxima”. E justamente este é o ambiente criado pelas forças de segurança em Sochi, cidade turística a beira do Mar Negro.
Quem anda de trem pela cidade tem que passar pelas burocráticas zonas de inspeção, nas quais dezenas de funcionários vestidos com agasalhos roxos revistam a bagagem dos passageiros – mochilas, bolsas e blusas passam por esteiras de raio-x, enquanto os funcionários passam o detector de metais em cada revistado, incluindo moradores. Poucos dos responsáveis pela revista falam inglês.
Uma vez nos trens, veículo que concentra as atenções diante da possibilidade de um ataque, o passageiro ouve com frequência avisos (em russo e em inglês) alertando sobre a possibilidade de pacotes estranhos nas composições. A cada viagem, policiais em dupla passam a todo momento pelos vagões em busca de movimentação suspeita.
Nos ônibus da organização, que circulam em diversas linhas gratuitas para pessoas credenciadas, não ha qualquer revista. Nos ônibus comuns, muito menos. De quebra, uma estação de polícia próxima ao principal terminal rodoferroviário da cidade apresenta um mural com fotos de suspeitos procurados – mais uma vez, ha dezenas deles.
Nada que tenha alterado a programação de segurança do COI ate agora. “Fui certificado antes de vir, e agora que estou aqui. Estamos confiantes em todas as informações que tivemos com a Rússia”, declarou Thomas Bach, que comparou a situação de Sochi após os atentados a Volgogrado ao momento de Salt Lake City, sede da Olimpíada de Inverno de 2002, meses após os atentados de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos.
“Era uma segurança grande, e pudemos viver a atmosfera olímpica. O mesmo acontecerá aqui em Sochi”, completou.
