O peixe morre pela boca, Renato Gaúcho!
Um dos poucos técnicos de capacidade comprovada no futebol brasileiro, na atualidade, Renato Gaúcho poderia tirar pelo menos uma lição da humilhante eliminação do Grêmio na Libertadores - referir-se aos adversários sem menosprezá-los. Estaria assim evitando que lhe dirigissem uma famosa expressão popular: "O peixe morre pela boca".
A imagem de sua decepção e as cenas de imobilidade diante do show dos rubro-negros sobre o seu time, na goleada por 5 a 0 do Flamengo em cima do Grêmio, na noite de quarta (23), refletem muito mais que a angústia do treinador, talvez em busca de alguma inspiração que impedisse o Flamengo de fazer mais gols no Maracanã.
Ali, a máscara da autossuficiência em excesso e da intolerância, mesclada de xenofobia, parecia querer saltar de seu rosto e desvendar o Renato Gaúcho de outrora, brincalhão, divertido, descontraído, bom de bola e de papo.
Questionar o trabalho de Jorge Jesus do Flamengo gratuitamente, como fez no mês passado, ressaltando que o português tinha um currículo desprezível ("nunca conquistou nada e está com 65 anos"), não ajudou em nada ao Grêmio, tampouco promoveu os dois jogos entre os rivais pela fase semifinal da Libertadores.
Ao contrário, o gesto reduziu Renato ao degrau da intransigência e da falta de respeito público por outro profissional do esporte. A resposta de Jorge Jesus não veio com palavras e pedras. Mas sim com trabalho qualificado, inteligência, estratégia e cinco gols.