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Relembre o São Paulo campeão mundial e da Libertadores há 15 anos

Veja como foi a campanha nos títulos conquistados sobre Athletico-PR e Liverpool

22 mai 2020 - 08h10
(atualizado em 23/5/2020 às 17h46)
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Em 2005, o São Paulo deu início a um dos períodos mais vitoriosos de sua história, conquistando títulos como a Copa Libertadores, o Mundial de Clubes e o Paulistão. A TV Globo vai transmitir a partida entre São Paulo x Liverpool neste domingo, às 15h45, e será a chance de rever um dos campeonatos mundiais do time tricolor.

Com nomes como Rogério Ceni, Lugano, Mineiro, Josué, Danilo, Grafite, Luizão e Amoroso, o Tricolor goleou o Athletico-PR na final continental, após ter superado outros grandes times, como Palmeiras e River Plate.

No Mundial, um gol de Mineiro permitiu ao São Paulo levantar a taça de campeão do mundo após vencer o Liverpool.

Relembre os principais momentos da trajetória do São Paulo na conquista do título da Libertadores e do Mundial de Clubes em 2005.

São Paulo na Fase de Grupos da Libertadores 2005

O São Paulo levou a sério a máxima de "ganhe seus jogos em casa e empate fora" na Fase de Grupos da Libertadores em 2005.

Após estar perdendo por 3 a 1, o Tricolor empatou com o The Strongest por 3 a 3 em sua estreia na altitude da Bolívia. No primeiro jogo em casa, 4 a 2 na Universidad de Chile.

Na sequência, dois jogos contra o Quilmes: empate por 2 a 2, fora, e vitória por 3 a 1 no Morumbi. A classificação veio com uma rodada de antecedência, graças ao empate em 1 a 1 com a Universidad de Chile.

Sem pressão, o São Paulo ainda fez 3 a 0 no The Strongest. Desde 1987 o Tricolor não perdia um jogo da competição Sul-Americana no Morumbi, e a escrita se manteve.

Mudança no São Paulo: sai Leão, chega Autuori

Em grande fase, o time comandado por Emerson Leão conquistou o título do Paulistão com duas rodadas de antecedência. Na campanha, goleadas contra Atlético Sorocaba (4 a 1), Portuguesa Santista (5 a 0) e Marília (6 a 0).

O Tricolor também superou Palmeiras (3 a 0), Corinthians (1 a 0) e conquistou o título diante do Santos, quando o empate por 0 a 0 lhe bastava. O grito de "campeão" poderia ter vindo um jogo antes, mas a Portuguesa venceu o São Paulo por 2 a 1.

Pouco depois do título estadual, Emerson Leão recebeu convite para treinar o Vissel Kobe, do Japão, onde ganharia cerca de R$ 600 mil por mês. O treinador aceitou e saiu do Tricolor antes do 5º jogo da Libertadores, deixando a classificação às oitavas encaminhada.

Para seu lugar o clube contratou Paulo Autuori, que vinha trabalhando como técnico da seleção do Peru e já havia treinado um time campeão da Libertadores, o Cruzeiro, em 1997.

Episódio de racismo envolvendo Desábato e Grafite

Na vitória do São Paulo sobre o Quilmes, no Morumbi, um episódio acabou chamando mais atenção do que o próprio jogo: um caso de racismo envolvendo o zagueiro Desábato e Grafite.

No 1º tempo da partida, Grafite e Arano se estranharam após uma disputa de bola. O argentino 'perseguiu' o atacante, e, pouco depois, Desábato se aproximou e disse algo a Grafite. Ele revidou batendo no rosto do rival, que foi ao chão. O árbitro decidiu mostrar o cartão vermelho para Arano e Grafite que, inconformado, desceu ao vestiário.

Seu companheiro Fabão afirmou a jornalistas que Desábato usou termos como "macaco" e "negrito" para ofender o jogador negro.

Logo que o juiz apitou o fim do jogo, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves foi ao gramado e deu ordem de prisão a Desábato. "Qual o motivo?", perguntou o argentino, para a resposta, que gerou protestos dos jogadores do Quilmes: "motivo de racismo". Desábato foi conduzido ao 34º DP em um carro do DEIC na ocasião, e passou a noite na delegacia pelo crime de "injúria qualificada".

Grafite levou quase 4h30 para dar seu depoimento e saiu somente no início da manhã, sem dar entrevistas. O zagueiro passou quase 40 horas preso antes de pagar uma fiança de R$ 10 mil e retornar à Argentina. O fato gerou posicionamentos do embaixador do país no Brasil e do governador Geraldo Alckmin.

Após sua liberação, Desábato tentou se justificar: "Não disse nada de racismo. Apenas respondi a provocações que o Grafite havia feito dias antes. Ele disse que mostraria uma banana para nós se fizesse um gol".

O tratamento do tema na imprensa argentina também causou polêmica. O jornal Olé, por exemplo, afirmou que Grafite, "de tanto insistir com o tema da discriminação, conseguiu o que queria: esquentar o jogador do Quilmes".

Pouco depois, Grafite foi convidado pela Câmara dos Deputados para um debate sobre racismo. Em outubro do mesmo ano, o jogador desistiu de prosseguir com a queixa na Justiça.

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São Paulo e Palmeiras: clássico na Libertadores

Nas oitavas de final, o Tricolor se deparou com um velho conhecido. O Palmeiras havia vencido seus jogos contra o Deportivo Táchira, da Venezuela e empatado com o Cerro Porteño, do Paraguai. Contra o Santo André, empatou em casa e perdeu fora. Foi o suficiente para passar de fase na 2ª posição do Grupo 4.

Em um jogo de grandes defesas de Marcos e Rogério Ceni no Parque Antártica, Cicinho arriscou de longe e acertou no ângulo, 1 a 0. Antes do fim do jogo, Alceu chegou a cuspir no rosto de Lugano.

"Falam que eu levei cuspida. Prefiro falar do jogo. A gente se encontrou no exame antidoping, mas quem briga ali tem uma suspensão ainda maior, não era o local apropriado. Esses assuntos de ofensa devem ser decididos em dois, sem que ninguém saiba, sem repercussão na imprensa", respondeu o uruguaio sobre o episódio.

Alceu, do Palmeiras, cospe em Lugano, do São Paulo, em jogo da Libertadores 2005.  
Alceu, do Palmeiras, cospe em Lugano, do São Paulo, em jogo da Libertadores 2005.
Foto: Reprodução / TV Globo (2005) / Estadão

Na volta, no Morumbi, um susto: aos 50 segundos de jogo, o Palmeiras conseguiu balançar as redes. O lance, porém, estava impedido. Aos 9 minutos do segundo tempo, Josué segurou Juninho na entrada da área e deixou o São Paulo com um a menos em campo.

Aos 34, Diego Tardelli entrou na área acompanhado por dois zagueiros do Palmeiras. Ele se atrapalhou na jogada, mas um adversário colocou a mão na bola. Rogério Ceni fez 1 a 0 e ampliou a vantagem convertendo o pênalti.

Quando tudo já estava decidido, ainda houve tempo para Cicinho, que completava 100 jogos com a camisa do São Paulo marcar mais um, de falta: 2 a 0. Foi o gol de número 10 mil da história da Libertadores da América.

Goleada e 'quase recorde' de Rogério Ceni

Nas quartas de final, o São Paulo encarou o Tigres, do México. O jogo de ida foi no Morumbi e trouxe uma histórica goleada.

Rogério Ceni fez o primeiro gol da noite em uma falta frontal na entrada da área, aos 30 minutos de jogo. Quando o placar estava em 2 a 0, um zagueiro segurou Luizão próximo à meia-lua e foi expulso. Rogério novamente foi à cobrança e ampliou.

Aos 23, Ceni teve a oportunidade de fazer três gols num mesmo jogo pela primeira vez, mas chutou a penalidade máxima para fora. Com os tentos de Luizão e Souza, o jogo acabou 4 a 0.

Amoroso chega ao São Paulo durante a Libertadores

Ainda no primeiro tempo do jogo de ida contra o Tigres, Grafite sofreu um arrancamento muscular no joelho direito. O jogador precisou passar por uma cirurgia que o tiraria de campo por alguns meses no dia 7 de junho de 2005.

Em 17 de junho, 10 dias após ter perdido o seu camisa 9, a diretoria do São Paulo anunciou a contratação de Amoroso, que viria a ser importante em momentos decisivos, para substituí-lo. Ele reeditou o ataque do Guarani no Brasileirão de 1994 ao lado de Luizão.

River Plate e o 'jogo das pedras'

O São Paulo enfrentou um gigante continental na semifinal da Libertadores em 2005: o River Plate, equipe com a qual tem um histórico de confusões.

Além de pedras arremessadas que estouraram seis vidros do ônibus dos visitantes, também houve provocações dentro do estádio. A torcida do São Paulo atirava copos e bandeirinhas, do anel superior, enquanto a do River revidava com paus arrancados dos assentos. Houve confronto entre torcedores argentinos e a Polícia Militar, que resultou em 11 policiais e um torcedor feridos.

Em um jogo tenso, de duas bolas na trave por parte do São Paulo, o placar só foi aberto aos 31 minutos do segundo tempo, após Danilo, de fora da área, aproveitar rebote da zaga em uma cobrança de escanteio. Aos 42, mão na bola e pênalti para Rogério Ceni ampliar. 2 a 0.

Na ocasião, foi o 13º gol do goleiro na temporada. Ele tinha um a mais que Grafite e dois a menos que Diego Tardelli. Com cinco tentos na Libertadores, o goleiro também seria um dos artilheiros do São Paulo ao final da competição, ao lado de Luizão.

O jogo da volta se deu em uma semana futebolística focada na rivalidade entre Brasil e Argentina. Em 28 de junho, semifinal da Copa do Mundo sub-20 e vitória da Argentina por 2 a 1. Na final da Copa das Confederações, no dia seguinte, vitória brasileira por 4 a 1.

Em Buenos Aires, torcedores do River Plate jogaram pedras em ônibus do São Paulo na chegada ao Monumental de Nuñez. O veículo com os jogadores e os outros com dirigentes e sócios foram atacados e tiveram janelas quebradas.

Um gol de Danilo logo aos 11 minutos de jogo desestruturou o River Plate, que ainda conseguiu empatar aos 35. Na etapa final, o River não conseguia concluir com precisão, mesmo com cinco atacantes em campo. Em contra-ataques, o São Paulo marcou duas vezes.

Antes do gol de Fabão, que abriu 3 a 1 por volta dos 34 minutos de jogo, a torcida do São Paulo passou a sofrer ataques com uma 'chuva de pedras' arremessadas em direção ao time visitante. A maioria dos torcedores são-paulinos precisou sair do estádio antes mesmo de o River Plate diminuir o placar, dando números finais à partida e colocando o São Paulo novamente na decisão da Libertadores: 3 a 2.

São Paulo x Athletico-PR: a final da Libertadores 2005

Pela primeira vez na história, uma final de Libertadores seria decidida entre dois times do mesmo país: São Paulo e Atlhetico-PR.

O time de Curitiba por pouco não ficou de fora da competição ainda na 1ª fase. Chegou à última rodada precisando apenas empatar com o Independiente Medellín, da Colômbia, para se classificar. O Furacão foi goleado por 4 a 0 em plena Arena da Baixada, mas contou com uma improvável vitória do já eliminado Libertad fora de casa, contra o América de Cali, e foi às oitavas.

O resultado, porém, custou o cargo do técnico Edinho Nazareth, substituído por Antônio Lopes pouco depois, e de 12 atletas. A mudança surtiu efeitos positivos, pois o time superou o Cerro Porteño, nos pênaltis, venceu seus dois jogos contra o Santos nas quartas de final e superou o Chivas Guadalajara por 3 a 0 no Brasil na semifinal, empatando a volta e conquistando a vaga histórica na final.

Por conta do regulamento, o Athletico não pôde jogar a ida da final em sua casa. O escolhido acabou sendo o Beira-Rio, do Internacional, em Porto Alegre, que tinha cerca de 17 mil assentos a mais que os 23 mil do estádio do finalista.

Aloísio, que mais tarde no mesmo ano seria contratado pelo São Paulo, abriu o placar para o Athletico-PR aos 14 do primeiro tempo. Cicinho quase fez um gol olímpico, mas a bola de seu escanteio bateu no travessão. O empate são-paulino veio após um bate-rebate na área, com o goleiro Diego afastando a bola direto na cabeça do zagueiro Durval. 1 a 1.

No jogo da decisão, no Morumbi, Amoroso abriu o placar ainda no primeiro tempo, aos 16 minutos. Como ocorreu ao longo da campanha, o time voltou ainda melhor no segundo tempo: Fabão, aos 7, e Luizão, aos 25, ampliaram.

Momentos após o árbitro indicar dois minutos de acréscimo, Diego Tardelli fechou a goleada, aos 44: 4 a 0. Torcedores passaram a invadir o campo. O time do Athletico tentou voltar ao ataque, mas, diante das invasões, o árbitro encerrou a partida aos 45m41s. Pela 3ª vez em sua história, o São Paulo Futebol Clube se tornava campeão da Copa Libertadores da América.

A primeira foi em 1992, quando o time venceu o Newell's Old Boys, nos pênaltis, e a segunda em 1993, quando superou a Universidad Católica, do Chile, na final.

O São Paulo no Mundial de Clubes 2005

No tumultuado Brasileirão de 2005, que contou com o escândalo da Máfia do Apito, em que os jogos do juiz Edilson Pereira de Carvalho precisaram ser remarcados, o São Paulo, já 'relaxado' pela conquista da Libertadores, ficou apenas na 11ª colocação.

Entre a Libertadores e o Mundial, o São Paulo passou por mudanças pontuais, como a saída do atacante Luizão e a chegada de Aloísio.

Antes de enfrentar o Liverpool, o Tricolor precisou passar pelo Al-Ittihad, que contava com poucos jogadores conhecidos, como o brasileiro Tcheco e o atacante Mohamed Kallon. O time tricolor não teve vida fácil diante do time da Arábia Saudita.

Saiu à frente no placar, com Amoroso, e tomou o empate ainda no primeiro tempo. No 1º minuto da etapa final, voltou à frente, mais uma vez com Amoroso, e ampliou aos 11, com Rogério Ceni. O Al-Ittihad diminuiu aos 22, mas sua reação parou por aí. 3 a 2.

O Liverpool era o alvo a ser batido no Mundial da FIFA, disputado no Japão, em 2005. A equipe inglesa havia conseguido a vaga ao vencer a Liga dos Campeões em uma final histórica. O time inglês, que vinha de 11 jogos sem levar gol, tinha em seu elenco nomes como Gerrard, Xabi Alonso, Sissoko, Kewell, Carragher, Morientes e o grandalhão Peter Crouch.

Na decisão, logo aos 26, Aloísio deu passe pelo alto para Mineiro, que entrou na área e concluiu. 1 a 0. Dois minutos depois do São Paulo abrir o placar, um susto: Xabi Alonso acertou uma cabeçada no travessão após cobrança de escanteio.

Aos seis minutos do segundo tempo, outro lance histórico. Gerrard cobrou falta com perfeição, mas Rogério Ceni fez uma defesa valiosa. O Liverpool seguiu pressionando até o fim, e teve até gols anulados, mas não chegou ao empate.

A equipe manteve o placar até o final e os jogadores receberam a medalha de ouro antes de Rogério Ceni levantar a taça de campeão mundial de 2005.

Antes, o São Paulo já havia vencido a Copa Intercontinental em 1992, superando o Barcelona por 2 a 1, e em 1993, vencendo o Milan por 3 a 2. O torneio é reconhecido pela FIFA como um mundial.

Estadão
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