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Pelé, Pelezinho ou Pelezão? Como Mauricio de Sousa fez do Rei um personagem de quadrinhos

Amigo do Rei criador da Turma da Mônica conta a história que está por trás da criação do desenho

30 dez 2022 - 08h10
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A ideia vinha se fortalecendo a cada encontro meu com o Pelé. E mais se fortalecia a cada encontro nosso que ocorriam geralmente em aviões ou aeroportos. Uma das vezes foi na volta de uma viagem da Itália.

Foi quando falamos da criação de um personagem baseado na sua figura. Depois continuamos discutindo, aqui ou ali, como deveria ser esse personagem. Um super jogador? Um jovenzinho bom de bola? Uma criança que ainda estivesse se preparando para ser o campeão do mundo? Eram dúvidas minhas, mas não dele.

O Pelé pensava num personagem à sua semelhança física naquele momento quando ainda jogava e estava no Cosmos de Nova York. Eu insistia que um personagem criança atingiria uma faixa de público importante para a perpetuação de sua imagem.

Com todas as possibilidades de fabulações e mensagens bem-humoradas e positivas que os quadrinhos infantis permitem. Mas o projeto exigia um "lobby". Um corpo a corpo. E me despachei para Nova York no Rockfeller Center onde ficavam os escritórios do Pelé. Ia continuar minha campanha pelo Pelezinho direto com o rei.

Acervo Maurício de Sousa
Acervo Maurício de Sousa
Foto: Divulgação/Maurício de Souza / Estadão

Mas Pelé não queria aceitar. Insistia no Pelezão. Então resolvi apelar.

Lá mesmo, na sala do Pelé, rabisquei diversos "Pelezinhos" nas mais diversas poses. Ficaram muito bonitinhos. Daí sugeri ao Pelé que, como não estávamos nos entendendo, ele tirasse a dúvida mostrando esses desenhos para seus filhos. Kelly já era crescidinha e o Edinho se mostrava um garotinho esperto, atento.

Eu os tinha conhecido pouco antes ao visitar o apartamento onde Pelé morava ainda com Rose. Sentia que se dependesse das crianças o Pelezinho ganharia a parada. E não deu outra. No dia seguinte, quando cheguei ao escritório do Pelé, ele me esperava meio emburrado. Confessou que as crianças tinham votado em peso nos personagens que eu desenhara na véspera. Daí para diante houve uma deliciosa temporada de novas criações e estudos que iam desde longos papos com o Pelé contando coisas de sua infância em Bauru e me ajudando na elaboração dos personagens secundários.

Conheci todos seus antigos amiguinhos via memoráveis cartinhas que me enviava dos mais diversos pontos do mundo com lembranças de suas molecagens e sugestões de historinhas e reminiscências. Sem essa colaboração, como conheceríamos seu amigo de todos os momentos? O Cana Braba? Ou sua primeira namoradinha, a Neuzinha Sakai. Ou o frangueiro Frangão? A Samira dos quibes? A Bonga namoradeira? Ou seu fiel cãozinho Rex que ajudava até a cavar buracos para as traves? São as lembranças de uma infância mágica, carregada de amor da avó, dos pais, irmãos, todos fãs do pequeno Edson. Antes mesmo que ele virasse o Pelé do mundo.

Estadão
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