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Paraguai confia nos 'brasiguaios' para surpreender Brasil na Copa América

País se reforça com jogadores que atuam no Campeonato Brasileiro para ser competitivo no torneio continental

27 jun 2019 - 11h11
(atualizado às 11h23)
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A seleção paraguaia é a mais brasileira entre os elencos estrangeiros presentes nesta Copa América. Os adversários da equipe da casa nesta quinta-feira, em Porto Alegre, pelas quartas de final, há anos são personagens de um intercâmbio constante de futebol entre as duas nações, inclusive com o elenco atual formado por vários atletas com passagens importantes por clubes do Brasil.

Chamar parte da seleção do Paraguai de "brasiguaios" não é um exagero. O termo bastante comum em cidades da fronteira, como Foz do Iguaçu (PR) e Ponta-Porã (MS), se refere à mistura dos dois países, algo corriqueiro neste elenco comandado pelo técnico Eduardo Berizzo. Dos principais jogadores do plantel, três defendem clubes brasileiros (Gatito, Gómez e González) e dois tiveram passagens pelo Brasil, casos do lateral Piris (ex-São Paulo) e Balbuena (ex-Corinthians).

O goleiro Gatito Fernández é um exemplo dessa mescla. Desde 2014 ele está no futebol brasileiro e já defendeu times como Vitória, Figueirense e agora está no Botafogo. O pai dele, Roberto Fernández, teve trajetória parecida, ao passar na década de 1990 por Inter e Palmeiras, além de jogar pelo Paraguai na Copa de 1986 e na última Copa América disputada no Brasil, em 1989.

O zagueiro Gustavo Gómez e o atacante Derlis González defendem respectivamente Palmeiras e Santos, onde são titulares. Os dois são amigos de longa data e costumam se encontrar em São Paulo nas horas de folga. A amizade mantida no Brasil levou os dois a organizarem um jogo beneficente no Paraguai às vésperas do Natal de 2018, quando arrecadaram doações de alimentos para famílias carentes.

@am10sports @albirroja

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Também na defesa paraguaia, Iván Piris teve passagem rápida pelo São Paulo entre 2011 e 2012. Outro defensor do elenco tem ligações ainda mais fortes com o Brasil. Fabián Balbuena foi campeão brasileiro pelo Corinthians em 2017 e por ter nascido na fronteira, em Ciudad Del Este, aprendeu a falar português desde criança. Ainda adolescente, o atual jogador do West Ham escutava bandas brasileira como CPM22 e Charlie Brown Junior.

Apesar de nunca ter jogado no Brasil, o atacante Óscar Romero tem uma ligação forte com o País. O irmão gêmeo dele, Ángel Romero, defende o Corinthians desde 2014, e faz parte de uma lista numerosa de paraguaios em ação na Série A do Campeonato Brasileiro. Atualmente são 11 deles. Apenas Argentina e Colômbia têm mais estrangeiros inscritos.

RAÍZES PARAGUAIAS

A presença de paraguaios no futebol brasileiro começou a aumentar na década de 1980 graças a Julio Cesar Romero, o Romerito. O paraguaio campeão da Copa América pelo país em 1979 é ídolo do Fluminense e foi um dos primeiros de uma série de compatriotas a fazer sucesso no Brasil. A maior parte deles veio nos anos 1990, período de grande sucesso e ascensão da seleção paraguaia.

O zagueiro Carlos Gamarra passou por Inter, Corinthians, Flamengo e Palmeiras, onde ficou conhecido pela qualidade nos desarmes e competência na marcação. O lateral Arce, autor de belas cobranças de falta e cruzamentos, foi campeão da Libertadores por Grêmio e Palmeiras ao lado de outro compatriota, o zagueiro Rivarola. O volante Enciso teve passagem pelo Inter e ganhou o Campeonato Gaúcho de 1997.

Todos eles fizeram parte da histórica seleção paraguaia que disputou a Copa de 1998, na França. O grupo só foi eliminado pelos donos da casa na prorrogação. Por coincidência, o treinador simbolizava também a ligação entre Brasil e Paraguai: era o gaúcho Paulo Cesar Carpegiani.

Estadão
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