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'Lorotites'

No jogo dos sete erros, o Brasil entrou com seis e a Fifa, ao escolher um árbitro despreparado, com o sétimo

20 jun 2018 - 04h04
(atualizado às 04h04)
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O que ganha Copa não é saliva, mas, sim, talento, esforço e sorte.

Na seleção brasileira, jogam Marcelo e Casemiro, que atuam no Real Madrid da Espanha, que acaba de ganhar a Liga dos Campeões da Europa; Neymar Jr., campeão francês pelo PSG; Gabriel Jesus, campeão da Primeira Liga britânica pelo Manchester City; e Roberto Firmino, vice-campeão da mesma Liga dos Campeões pelo Liverpool, da Inglaterra. O time treinado por Tite, que foi campeão mundial de clubes pelo Corinthians, fez uma eliminatória brilhante em primeiro lugar. Mas nada disso garante a taça.

O time empatou com a Suíça na estreia e isso não quer dizer que não possa ganhar o torneio na Rússia. Para tanto, terá de mostrar mais talento, esforço e sorte. O golaço de Philippe Coutinho resultou de seu engenho individual, não da construção do grupo. O empate da Suíça, de um jogo de sete erros.

Thiago Silva e Marcelo se enrolaram com a bola na entrada da área e a perderam para os suíços: dois. O lateral esquerdo pegou uma sobra, perdeu a segunda chance de chutar para longe e teve de ceder lateral perto da linha de fundo: três. Shaqiri dominou e cruzou, a bola bateu em Miranda e saiu pela linha de fundo: quatro. O craque do time bateu o córner, a bola encobriu Casemiro na primeira trave e chegou à cabeça do zagueiro Zuber, que havia saído da esquerda para a direita passando por sete brasileiros em fila dupla, nenhum dos quais fez um movimento para lhe impedir o passeio, com facilidade que Nelson Rodrigues compararia com chupar um Chicabon; e Miranda, tido no Brasil como um dos melhores zagueiros do mundo, deu as costas ao adversário, depois de medir a distância entre os dois com os braços voltados para trás sem olhar a bola: cinco. Alisson não saiu para evitar o cabeceio na pequena área e seus defensores alegam que goleiro não sai da linha de gol em marcação por zona: seis. Ao saltar, o zagueiro suíço empurrou de leve Miranda, que ficou de pé. O árbitro mexicano Cesar Ramos não marcou a falta e a arbitragem de vídeo não alertou para o empurrão: sete.

No jogo dos sete erros, o Brasil entrou com seis e a Fifa, ao escolher um árbitro despreparado, com o sétimo. Ou seja, o pentacampeão mundial não tem força política na entidade que organiza o torneio, porque a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não tem moral.

Seu ex-presidente Marco Polo del Nero não viajava para fora do País temendo ser preso por corrupção. O presidente, coronel Antônio Carlos Nunes, comprometido a votar nos EUA, México e Canadá para sediarem a Copa de 2026, fez parte da minoria que sufragou o Marrocos, pensando que o voto seria secreto.

Tudo ainda pode acontecer, até mesmo nada. Se o Brasil for campeão, ninguém se surpreenderá. Mas Tite precisa esclarecer por que proibiu Miranda de cair para não simular, mas não recriminou Gabriel Jesus pela encenação inconvincente para cavar um pênalti, atirando-se ao solo na direção oposta ao puxão do zagueiro.

E Neymar Jr. terá de escolher entre ser campeão do mundo e malabarista de circo.

*JOSÉ NÊUMAUNNE É JORNALISTA, POETA E ESCRITOR

Estadão
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