Ucrânia proíbe participação de equipes nacionais em competições com russos e belarussos
Decisão do Ministério da Juventude e do Esporte reforça posicionamento contra movimentação do COI para reintegrar Rússia e Belarus em competições internacionais
O Governo da Ucrânia proibiu a participação de equipes nacionais em eventos esportivos que tenham competidores da Rússia e de Belarus. A decisão, publicada pelo Ministério da Juventude e do Esporte, é um reforço ao posicionamento do estado ucraniano contra a movimentação do Comitê Olímpico Internacional (COI) para reintegrar atletas russos e belarussos ao circuito internacional de competições como participantes neutros.
A determinação não deixa claro se haverá impacto sobre atletas de esportes individuais, como o tênis, que mantém russos e belarussos em suas principais competições, sem identificação nacional. Também não foi esclarecido se a medida pode afetar o futebol masculino em meio às eliminatórias da Eurocopa. Belarus recebeu autorização para participar e está competindo normalmente, assim como a própria Ucrânia, mas as duas seleções estão em grupos diferentes. Já a Rússia foi proibida de participar.
Com o decreto desta sexta, a Ucrânia pretende pressionar os organizadores dos eventos a uma escolha entre entre ficar do lado das duas nações banidas ou dos ucranianos. No mês passado, quando a medida ainda não havia sido concretizada, mas já estava em debate, o COI se pronunciou dizendo que ela "prejudicaria apenas a comunidade de atletas ucranianos".
Desde o início da invasão da Rússia, apoiada por Belarus, ao território ucraniano, federações e associações esportivas têm barrado a participação de atletas e times de ambos os países em campeonatos das mais diversas modalidades. Em março, contudo, o COI recomendou que russos e belarussos fossem reintegrados às competições ao redor do mundo, sob a condição de que atuem como atletas neutros, sem exibirem símbolos nacionais.
A recomendação foi bastante criticada pelo governo ucraniano, assim como por outros fortes opositores da Rússia, como a Alemanha. Nancy Faeser, ministra do Interior alemã, considerou o passo rumo à reintegração "uma bofetada nos atletas ucranianos". O Ministério da Juventude e dos Esportes da Ucrânia, por sua vez, defendeu que esportistas da Rússia e da Belarus não devem "estar presentes em arenas esportivas".
As críticas ao COI, contudo, vieram de todos os lados. O próprio Comitê Olímpico Russo se pronunciou para dizer que os critérios estabelecidos para o retorno de seus atletas a competições internacionais são "uma farsa". Isso porque uma das determinações do COI é que os atletas russos e belarussos não tenham ligação militar com seus países. De acordo com o Ministério de Defesa da Rússia, mais de 20 medalhistas russos dos Jogos Olímpicos de Tóquio ocupavam cargos militares e 45 eram filiados ao Clube de Esportes do exército.