Flamengo e Palmeiras viram destaque em jornal espanhol
Diario AS analisa domínio esportivo, força financeira e modelos de gestão que colocam os rivais brasileiros entre os mais competitivos do mundo
O protagonismo de Flamengo e Palmeiras, já evidente nas competições sul-americanas e nas disputas nacionais, agora também ganha ressonância internacional.
Em uma ampla reportagem, o Diario AS, veículo espanhol, destacou a hegemonia construída pelos dois clubes na última década, e apontou os fatores que explicam por que os rivais brasileiros se consolidaram como potências "com projetos ambiciosos", capazes inclusive de rivalizar financeiramente com grandes equipes europeias.
O periódico analisa a fase esportiva e estrutural que acompanha tanto Flamengo quanto Palmeiras, finalistas da Libertadores e concorrentes diretos no Brasileirão. Um levantamento dos últimos dez anos mostra a soberania dos dois lados. No período, cada um conquistou duas Libertadores, enquanto o time paulista venceu quatro edições do Brasileiro e o carioca, duas.
A reportagem ainda lembra que o Flamengo chegou a quatro das últimas sete finais da Libertadores, enquanto o Palmeiras disputou três nesse intervalo, desempenho que transformou a rivalidade em pauta constante também na imprensa estrangeira.
Além do impacto esportivo, o AS destaca a solidez administrativa e financeira que sustenta o sucesso. A reformulação das gestões, aliada ao crescimento de receitas com bilheteria, sócio-torcedor, direitos de transmissão, patrocínios e vendas de jogadores, criou um ciclo de prosperidade.
"Com um excedente maior, eles tendem a montar equipes e elencos melhores, que por sua vez geram mais receitas e prêmios, num ciclo virtuoso", afirma Thiago Freitas, diretor de operações da Roc Nation Sports.
A matéria cita como exemplo a chegada de jogadores vindos diretamente da Europa por valores de destaque, como Vítor Roque, contratado pelo Palmeiras por €25 milhões após deixar o Barcelona, e Samuel Lino, que saiu do Atlético de Madrid para o Flamengo por €22 milhões. Segundo o texto, "as contratações mostram que ambos podem competir com as melhores equipes do mundo — ou quase".
Os especialistas ouvidos reforçam que a ascensão não se explica apenas pelo dinheiro. Guilherme Bellintani, CEO da Squadra Sports, aponta que "porte econômico e organização" são as bases do domínio recente, enquanto Moisés Assayag, especialista em finanças esportivas, ressalta a profissionalização das gestões como fator crucial para manter o alto rendimento.
Há, ainda, o contraste entre as fontes de receita de cada clube. Enquanto o Palmeiras se destaca pelas vendas de jogadores (€225 milhões arrecadados desde 2021, sendo €82 milhões só em 2024), o Flamengo alcança marcas recordes com bilheteria, direitos de transmissão e patrocinadores, devendo ultrapassar €320 milhões de receita nesta temporada.
O AS também explora o peso dos programas de sócios e da estrutura dos estádios. O Palmeiras lidera o país no número de associados, impulsionado pelo ecossistema do Avanti e pelos serviços da fintech Palmeiras Pay, que já soma 160 mil contas abertas. No Flamengo, ainda que o clube não divulgue balanços recentes do programa de sócios, os números de público no Maracanã permanecem entre os maiores do continente, com média superior a 40 mil torcedores em 2024.
O texto aborda ainda o crescimento do mercado de apostas esportivas como fonte de patrocínio, ressaltando os contratos milionários das duas equipes. O Flamengo recebe €43 milhões anuais da Betano, enquanto o Palmeiras firmou com a Sportingbet o maior patrocínio de sua história.
Por fim, o jornal relembra que Palmeiras e Flamengo estão entre os indicados ao Globe Soccer Awards na categoria de Melhor Clube do Mundo, ao lado de potências como Bayern de Munique, Barcelona, Chelsea e PSG. A premiação será anunciada em 28 de dezembro, em Dubai, reforçando a projeção global que acompanha o futebol brasileiro neste momento.
Para o AS, o domínio de ambos "transcende o campo de jogo" e se tornou um exemplo de como transformar paixão em receita, estrutura e competitividade. Uma década de protagonismo que, ao que tudo indica, continuará repercutindo dentro e fora do país.