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Retrospectiva 2025: Botafogo tem temporada de "one-hit wonder"

Vitória do Glorioso sobre o PSG aquece o coração em ano de renhidas batalhas jurídicas, guerra de narrativas e planejamento controverso

23 dez 2025 - 08h15
(atualizado às 08h15)
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Jesus na causa! Rival não conseguiu alcançar a façanha do Botafogo em 2025 –
Jesus na causa! Rival não conseguiu alcançar a façanha do Botafogo em 2025 –
Foto: Vitor Silva/Botafogo / Jogada10

Você já leu ou ouviu falar na expressão one-hit wonder? Pois ela define com exatidão o 2025 do Botafogo. No universo da música, o termo serve para designar artistas que explodem com um grande sucesso nas rádios, mas não conseguem criar canções com a mesma popularidade ou qualidade daquela que caiu no gosto da audiência e da crítica. O Extreme é lembrado apenas pela balada mela-cueca "More Than Words". O Survivor não conseguiu superar o hino "Eye of the Tiger". O Soft Cell agitou as pistas com somente "Tainted Love". E o Glorioso só alcançou a glória ao derrotar o Paris Saint-Germain por 1 a 0, no Rose Bowl Stadium, em Los Angeles, em 20 de junho, pela segunda rodada do Super Mundial de Clubes da Fifa.

Frasista de primeira linha, Renato Paiva utilizava as entrevistas coletivas para, além de alimentar o próprio ego, se consagrar diante dos microfones e das câmeras. Antes do encontro com os franceses, o então técnico do Botafogo sentenciou: "O cemitério do futebol está cheio de favoritos". Cálculo? Previsão? No dia seguinte, o Alvinegro beirou a perfeição de uma orquestra executando uma ópera-rock de rara complexidade. Nove espartanos cercaram os jogadores adversários e defenderam a cidadela alvinegra de forma comovente para que, em um contragolpe, Igor Jesus derrubasse todas as convicções do planeta bola. O PSG, atual campeão europeu, cairia para o Mais Tradicional na maior vitória do futebol brasileiro deste século. A imagem do camisa 99 com os braços abertos está eternizada.

Jesus na causa! Rival não conseguiu alcançar a façanha do Botafogo em 2025 –
Jesus na causa! Rival não conseguiu alcançar a façanha do Botafogo em 2025 –
Foto: Vitor Silva/Botafogo / Jogada10

O triunfo maiúsculo chocou o mundo, confirmou a grandeza do Botafogo e pavimentou a sobrevivência do Glorioso no Grupo da Morte na Copa do Mundo. No entanto, a equipe parou e encerrou um dos capítulos mais bonitos de sua história logo depois, na derrota para o Palmeiras por 1 a 0, na prorrogação, resultado que colocou uma tampa sobre o trabalho de Paiva no Mais Tradicional. Mandachuva da SAF, John Textor arrancou os poucos cabelos ao ver o time alvinegro jogando de forma tão reativa contra um rival do mesmo porte. Não perdoou, portanto,  o português e chamou Davide Ancelotti, filho de Carlo Ancelotti, da Seleção Brasileira, para ser o treinador.

Bravatas, demora e dois títulos perdidos

Campeão da Libertadores e do Brasileirão em 2024, o Botafogo se reapresentou, em janeiro, sem treinador. Aliás, em dezembro, o cargo já estava em aberto. Seduzido pelo vil metal dos petrodólares, Artur Jorge trocou o Mais Tradicional pelo Al-Rayyan, do Catar, em uma tacada de mestre. Afinal, saiu como o maior da história por uma fração majoritária do botafoguismo, evitou o risco de se "queimar" em uma segunda temporada e deixou muita gente órfã. Sem o técnico bracarense, o clube se desfez de reservas importantes do time campeão, como Gatito, Tchê Tchê, Eduardo, Romero, Júnior Santos e Tiquinho. Os astros Almada e Luiz Henrique também foram embora. Chegaram, em contrapartida, Linck, Jair, David Ricardo, Artur e Santi, além de nomes que não corresponderam, como Rwan, Nathan e Elias.

Enquanto não anunciava o novo treinador, o Botafogo levou o Carioca em banho-maria. Até aí, tudo bem. Os Estaduais são torneios decadentes que, no dia seguinte, ninguém lembra. O problema é que esta "ressaca" sugou a possibilidade de a Estrela Solitária disputar a Supercopa do Brasil, taça que o time não fez frente à equipe da Lagoa Rodrigo de Freitas, em Belém do Pará. No mês seguinte, o Glorioso levou um vareio constrangedor do Racing na Recopa. Foi tão humilhante que os jogadores argentinos deixaram o Estádio Nilton Santos dançando cumbia! Dois canecos inéditos que trariam paz ao Mais Tradicional atirados ao lixo, com os interinos Carlos Leiria e Cláudio Caçapa.

Botafogo não competiu nas taças do início do ano –
Botafogo não competiu nas taças do início do ano –
Foto: Vitor Silva/Botafogo / Jogada10

Textor, no dia seguinte, se cansou da novela sobre a falta de treinador e anunciou Renato Paiva, opção que gerou muita rejeição na torcida. Com as taças da Libertadores e do Brasileirão ao alcance de suas mãos, o Godfather minimizou os desastres esportivos do início do ano e lançou um desafio aos rivais: "Come and get us (venham nos pegar)". Horas depois, como era véspera de Carnaval e a cidade estava em ebulição, o big boss abriu uma Brahma e caiu no samba. Enquanto isso, o elenco iniciaria o período de um mês de treinos para o Campeonato Brasileiro e a fase de grupos da Copa Libertadores. O ano, de fato, começaria em abril.

Os pecados e as virtudes de Renato Paiva

Uma das missões de Renato Paiva era limpar a imagem de sua passagem no Bahia, trajetória marcada por um lamentável bate-boca com um jornalista local. E ele conseguiu, pois transmitiu serenidade e foi impecável no trato com os profissionais de imprensa. Mas o português precisava mostrar muito mais. Só com a cordialidade duraria pouco. Ele logo identificou que o Alvinegro era um "time de duas caras". Ou seja, não conseguia repetir, fora do Colosso do Subúrbio, o mesmo padrão de jogos como mandante. Aos poucos, porém, a equipe conseguiu beliscar vitórias em suas visitas. Em casa, um assombro! Paiva obteve 92,5% de aproveitamento, número que ajudou a classificar o Mais Tradicional para as oitavas de final da Libertadores e da Copa do Brasil e colocá-lo no G6 do Brasileirão, antes do embarque aos Estados Unidos.

Impaciente, torcida queria a cabeça de Paiva no sexto jogo. Porém, na sequência, aceitou o treinador –
Impaciente, torcida queria a cabeça de Paiva no sexto jogo. Porém, na sequência, aceitou o treinador –
Foto: Vitor Silva/Botafogo / Jogada10

Paiva cometeu os seus erros antes da demissão, em julho. O maior deles foi insistir no volante De Paula, de volta após um período de empréstimo no Criciúma. No íntimo, o Mister acreditava que recuperaria aquele jogador que despontou no passado como uma grande promessa do Palmeiras. O cabeça de área chegou a virar "10", mas sumiu em jogos grandes até perder de vez espaço na equipe. Outro que decepcionou no período foi o centroavante Mastriani - não foi a sombra que Igor Jesus precisava e esteve longe dos tempos de América-MG e Athletico-PR.

Ainda durante a era Paiva, o Botafogo anunciou as contratações de Pantaleão, Montoro, Tucu e Cabral, todos utilizados na Terra do Tio Sam.

Textor x Eagle

As renhidas batalhas jurídicas nortearam o segundo semestre do Botafogo. Resumindo. Dona de 90% do futebol do Alvinegro e proprietária do Lyon, a Eagle Football entrou na Justiça para destituir John Textor das decisões da SAF, quase da mesma forma como forçou o big boss a renunciar ao clube francês por conta de uma grave crise financeira e risco de rebaixamento. A holding tem o Godfather como sócio majoritário, porém, em litígio com os seus pares acionistas. O empresário norte-americano conseguiu, todavia, manter o poder no Mais Tradicional, em decisão contestada pela empresa. Entre acusações nos tribunais, dívidas com o fundo Ares pela compra do Lyon e os áudios vazados de sempre, o bilionário alvinegro adotou um discurso pacificador, argumentando que os desentendimentos com a Eagle eram "brigas de família" e estavam próximos de um acordo. It's only business, confabulava o magnata da ensolarada Flórida.

Textor segue no poder e centralizando as decisões no Mais Tradicional –
Textor segue no poder e centralizando as decisões no Mais Tradicional –
Foto: Vitor Silva/Botafogo / Jogada10

A Eagle Football, porém, não quis saber de bandeira branca e sustentou, em outubro, que Textor e a SAF/Botafogo se utilizaram de "táticas de guerrilha", travando a criação de um Tribunal Arbitral para resolver o imbróglio ao criar um "senso ilusório da realidade". A holding reclamou que, com o big boss no comando do Glorioso, havia a chance de o empresário ter carta branca para praticar conclaves irregulares e contratações ilícitas. Em seguida, o Godfather mudou o conselho de administração da companhia, rompeu com antigos sócios e falou em manter o Alvinegro na Eagle, sem precisar recomprar o futebol do clube.

A paz, contudo, ainda não havia sido selada. Antigo aliado de Textor, o associativo, em novembro, solicitou um interventor judicial no futebol do Botafogo, assim como a proibição da venda de ativos, como, por exemplo, jogadores. Depois, desistiu da ação. A SAF, na ocasião, não deixou barato e respondeu, ponderando que os pedidos na Justiça eram "baseados em alegações inverídicas, sem amparo jurídico, sem fundamento no contrato de investimento ou no acordo de acionistas". Que climão no palacete colonial de General Severiano! Haja conflito neste intrincado xadrez!

Eliminação nas Copas e G6 no Brasileirão

De volta às quatro linhas, Davide Ancelotti assumiu o cargo de treinador do Botafogo, em julho, no lugar de Renato Paiva. Aos 35 anos, ele iniciaria a carreira em um gigante do futebol mundial, com a experiência de acompanhar o pai, Carlo Ancelotti, como auxiliar no Bayern de Munique, Napoli, Everton, Real Madrid e uma partida na Seleção Brasileira. Naquele momento, o departamento de futebol e a nova comissão técnica reformulavam o elenco em plena metade da temporada. Gregore foi para o clube de Artur Jorge, no Catar. John, Jesus, Cuiabano e Jair reforçaram o Nottingham Forest por conta da aproximação de Textor com o grego Evangelos Marinakis, dono do clube inglês.

Davide Ancelotti iniciou sua carreira no Botafogo –
Davide Ancelotti iniciou sua carreira no Botafogo –
Foto: Vitor Silva/Botafogo / Jogada10

O Forest, por sua vez, liberou Danilo, ex-Palmeiras, para o Fogão e topou ceder Cuiabano por empréstimo. O Botafogo ainda comprou o jovem colombiano Barrera, o mastodôntico Neto e o grandalhão Ramos. Com os reforços e os jogadores que ficaram de 2024, o time de Ancelottinho não conseguiu ir longe nas Copas. Caiu para a LDU, na altitude de Quito, nas oitavas da Libertadores, com o score agregado de 1-2, de virada. Na Copa do Brasil, passou pelo Bragantino, voltou às quartas, mas perdeu, nos pênaltis, para o Vasco, após um 2 a 2 na série. Em setembro, por isso, muito torcedor já havia decretado o fim de 2025. No Brasileirão, a equipe estava longe do título. Um ano, portanto, de mãos vazias.

Restou ao Botafogo garantir a vaga na Libertadores-2026, objetivo logrado com êxito a três rodadas para o fim do Brasileiro e um dos méritos no contestado trabalho de Ancelottinho. Apesar das críticas e das ironias, aliás, o jovem treinador europeu também fechou a conta com dez partidas de invencibilidade. Mas não permaneceu no Mais Tradicional. Luca Guerra, preparador físico, estava prestes a ser demitido. Apelidado pela torcida de "Açougueiro do Lonier", o italiano teve o trabalho contestado pela diretoria por conta do número incomum (e elevado) de lesões. Entre o clube e a fidelidade ao amigo, Davide sinalizou com a segunda opção e bradou, assim, um "arrivederci" aos alvinegros

O bom e velho do Botafogo

Na análise individual do elenco, Marçal, grata surpresa, merece um capítulo à parte. Aos 36 anos, ele parece um vinho devidamente conservado em uma adega climatizada por conta do calor inclemente do Rio de Janeiro. Quanto mais envelhece, melhor. Nesta temporada, o lateral-esquerdo segurou o rojão diante das ausências na zaga. Pantaleão e Bastos foram acometidos por graves lesões. O camisa 21, então, tomou conta da posição quando exigido. Fechou a casa, marcou gols, viveu fase artilheira e foi o único jogador que, tirando a partida contra o PSG, levou a nota máxima do Jogada10 nas atuações.

Marçal teve a segunda melhor média de notas do Jogada10 em 2025 –
Marçal teve a segunda melhor média de notas do Jogada10 em 2025 –
Foto: Vitor Silva/Botafogo / Jogada10

Multicampeão em 2024, Marçal já havia encerrado o seu "tempo de Botafogo". Recebeu outras propostas, porém, atendeu uma ligação de John Textor e acertou a volta até dezembro deste ano. De plano C, o bom e velho defensor assumiu o protagonismo no elenco. Agora, conta com argumentos de sobra para convencer o clube a respeito de sua renovação. Como ficou somente quatro meses fora, não é injusto considerá-lo o jogador mais longevo do Glorioso. Ele chegou em 2022, no primeiro ano da SAF, quando o clube ainda sonhava com voos maiores. Sem dúvida, o futuro o colocará no mesmo patamar de ídolos como Freitas, Barboza e Telles. 2025 foi o ano do Marçal!

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