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Futebol Internacional

Após golpe de empresário, zagueiro transforma vestiário em pedaço do Brasil na China

Lucas Maia, de 32 anos, teve passagem recente pelo Paysandu no futebol brasileiro

21 jul 2025 - 04h59
(atualizado em 21/7/2025 às 01h24)
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Resumo
O zagueiro Lucas Maia, de 32 anos, relata sua adaptação à vida e ao futebol na China, destacando desafios culturais, como alimentação e comunicação, além de momentos cômicos e a união com colegas brasileiros para manter um pedaço do Brasil no país asiático.
Lucas Maia em ação com a camisa do Henan FC
Lucas Maia em ação com a camisa do Henan FC
Foto: Divulgação/Henan FC

Os mais de 18,5 mil quilômetros entre Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e a cidade de Zhengzhou, na China, dão sinais das diferenças entre o local onde o zagueiro Lucas Maia, de 32 anos, nasceu e onde vive desde que passou a defender o Henan FC, no início deste ano.

Alimentação, comunicação e dificuldade de acesso às redes sociais são apenas alguns dos pontos que o jogador de futebol precisou lidar até se sentir em casa no país asiático. Hoje, com a esposa e os dois filhos, ele garante que está adaptado, mas nem sempre foi assim.

“Foi bem difícil. Primeiramente, alimentação. A gente foi se adaptando às comidas muito picantes aqui. Eles comem muita pimenta. O celular aqui não pega WhatsApp, não pega Instagram, tem que usar VPN; isso também foi uma dificuldade. Eu fiquei um mês sem chip, só usava Wi-Fi. Então, eu saía na rua e não tinha internet. Depois que chegou minha esposa e meus filhos, fomos nos adaptando. A gente começou a comer em casa. Eu não precisava mais sair para comer, ela fazia tudo em casa. Agora, estamos bem adaptados”, conta, em conversa com o Terra.

Para piorar a situação, Maia logo de cara se deparou com 10 dias de pré-temporada com frio e neve na Coreia. Até com as baixas temperaturas, o zagueiro se acostumou, mas ainda há um fator que atrapalha: a comunicação. 

Com o mandarim como idioma, muitos chineses não falam inglês. Assim, resta para o brasileiro se virar com o auxílio de tradutores nas atividades do clube e com aplicativos no dia a dia. 

“Aqui tem muito tradutor. O treinador passado era coreano. Ele tinha um tradutor para ele. Nós, brasileiros, temos um tradutor. Os chineses têm um tradutor. Então, se você quiser se comunicar com o jogador dentro de campo, ou seja, em um treinamento, você tem que chamar um tradutor, você tem que falar em português para o seu tradutor traduzir para eles. É meio difícil a comunicação. Até hoje é um pouco difícil”, explica o defensor.

Para alívio de Maia, o treinador português Daniel Ramos assumiu o comando do Henan recentemente. Embora as instruções tenham ficado mais fáceis para o ex-zagueiro do Paysandu, os tradutores não se afastam do gramado para caso surja a necessidade de conversar com os companheiros.

“Dentro de campo, os tradutores estão sempre ali em volta, explicando a sessão, o treinamento. É um pouco difícil, mas dentro de campo é mais fácil, justamente nos treinamentos, porque um vai como exemplo, outro já sabe o que tem que fazer, então fica mais fácil. É mais no termo de comunicação mesmo, de posicionamento, isso aí que complica um pouco. Mas durante os treinamentos é mais fácil, porque um vai como exemplo ali, então sempre puxamos ali à frente, porque a explicação vem em português, então a gente já sabe o que tem que fazer, os outros automaticamente copiam e aí sai mais fácil”, continua o camisa 23.

Mesmo em meio às dificuldades de adaptação, o zagueiro conta com a ajuda de um esquadrão brasileiro no Henan. Bruno Nazário, Felippe Cardoso e Iago Maidana também vestem as cores da equipe de Zhengzhou.

Apesar das diferenças culturais, o quarteto faz questão de levar um pedaço do Brasil para os vestiários dos estádios chineses. Seja com a zoeira tradicional do país ou com a caixinha de som tocando pagode, sertanejo e até mesmo reggaeton, a união é um dos pontos fortes da convivência longe de casa.

“A gente costuma fazer [churrasco]. Agora, a gente conseguiu adaptar onde o Nazário mora. Tem um espaço maior. Ele comprou uma churrasqueira, então a gente consegue fazer um churrasquinho lá.Aqui, a gente mora num apartamento, então é só na grelha mesmo. Dá pra fazer também. A gente convida alguns chineses. Muitos não vão, mas teve outro dia que um foi e aí fica aquela resenha de chinês, de tradutor. Imagina só, é só risada e ninguém sabe o que ele tá falando”, brinca ao recordar as ‘resenhas’ do grupo.

Lucas Maia em ação com a camisa do Henan FC
Lucas Maia em ação com a camisa do Henan FC
Foto: Divulgação/Henan FC

Golpe de empresário em primeira ida para a China

A relação do atleta gaúcho com a China, porém, é mais longa e muito menos engraçada do que sua passagem pelo Henan. Em 2019, após deixar o Resende, do Rio de Janeiro, uma proposta do país asiático o levou a viajar para um período de testes. 

Tudo parecia ir bem, até o momento da assinatura do contrato oficial. Um aviso de última hora de que teria que abrir mão de metade do salário para empresários o fez desistir do acordo e retornar ao Brasil, para o São José, do Rio Grande do Sul.

“Na época, eu vim com um empresário espanhol, que me trouxe uma proposta de um valor. Quando eu cheguei, eu e outro brasileiro, fizemos as avaliações, os testes, assinamos pré-contrato e estávamos esperando o dono do clube chegar para poder assinar o contrato original, o contrato mesmo do clube. E foi passando o tempo e nada, e esse empresário mesmo chegou, entrou no nosso quarto e falou que na China tem que estar sempre um chinês no negócio pra poder o negócio andar".

"E eu não sabia disso, e eles não me falaram antes também. Então, eles chegaram e me falaram que teria que dar uma porcentagem pra uma pessoa, uma outra porcentagem pra outra pessoa. Isso virou uma bola de neve, eu falei: ‘não, não vou aceitar, não foi isso que a gente acordou’. Eles queriam tirar metade do meu salário, do que foi oferecido. Era 50%, é muita coisa, e foi aí que não foi pra frente, que não deu certo”, completa. 

Antes da volta à China pelo Henan, Maia passou cinco anos no futebol mexicano. Por lá, vestiu as cores de Cafetaleros de Chiapas, Cancún e Puebla, até que decidiu retornar ao Brasil pelo Paysandu, em 2024. 

Feliz e adaptado em Zhengzhou, o zagueiro não pensa em deixar a China tão cedo. Nesta temporada, já são 16 partidas disputadas, com direito a três gols marcados. “Eu penso em permanecer aqui [China]. É um país que eu gostei muito, que eu tô gostando. [Quero] permanecer nesse mercado. Estou muito feliz aqui, a família está adaptada. A ideia é fazer um bom campeonato. Terminar bem o campeonato e ver o que Deus tem preparado pra nós. O meu objetivo é esse.”

Lucas Maia em ação com a camisa do Henan FC
Lucas Maia em ação com a camisa do Henan FC
Foto: Divulgação/Henan FC
Fonte: Redação Terra
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