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Futebol Internacional

Brasileiro viu ‘bicho’ de R$ 100 mil escapar, foi eleito melhor lateral e descobriu segredo de Firmino no Catar

Paulo Otavio, de 30 anos, é um dos destaques do Al Sadd nas últimas temporadas

6 set 2025 - 04h59
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Resumo
Paulo Otavio destacou sua trajetória no futebol até se tornar ídolo no Catar, onde hoje atua no Al Sadd, revelou como descobriu a contratação de Firmino e elogiou a qualidade de vida e as conquistas no país.
Paulo Otavio levanta troféu de título no Catar
Paulo Otavio levanta troféu de título no Catar
Foto: Divulgação/Al Sadd

Paulo Otavio, de 30 anos, hoje, vive o que considera o “paraíso”, vestindo a camisa do Al Sadd e morando no Catar. Para jogar ao lado de craques renomados e se tornar ídolo no Oriente Médio, porém, o lateral-esquerdo brasileiro teve de batalhar muito e rodar pelo mundo da bola até alcançar o seu espaço no futebol. 

“É uma experiência única como ser humano e atleta. Esse período está sendo lindo para mim e minha família. São conquistas importantes na vida de um jogador e na vida do ser humano, tanto dentro quanto fora de campo. A gente tá muito feliz”, conta o jogador nascido no interior de São Paulo, em conversa com o Terra.

Antes de ser eleito o melhor lateral da liga do país nas duas últimas temporadas, Paulo Otavio viveu dias de muito drama, principalmente no início da carreira. A falta de espaço em equipes brasileiras como Athletico-PR, Coritiba, Santo André, Paysandu e Tombense o fizeram mudar cedo para a Europa. Aos 21 anos, ele não pensou duas vezes, arrumou as malas e partiu sem olhar para trás.  

Seu primeiro time no Velho Continente foi o LASK, da Áustria, onde ainda estava longe dos grandes palcos do futebol mundial, mas conheceu o treinador que mudou sua vida: Oliver Glasner. Após a incerteza com o rebaixamento para a terceira divisão da Alemanha pelo FC Ingolstadt, o técnico austríaco confiou no brasileiro.

Paulo Otavio em ação pelo Wolfsburg
Paulo Otavio em ação pelo Wolfsburg
Foto: Bernd Thissen/picture alliance/Getty Images

“Nós tivemos um descenso naquele ano e eu não poderia jogar a terceira divisão. Comecei a pensar o que iria fazer. O meu telefone toca e é o Oliver Glasner, um cara que foi fundamental na minha carreira. Ele primeiro me mandou uma mensagem, estava escrito dessa maneira: ‘O momento é difícil. Sei que é doloroso. Mas você tem uma cláusula no seu contrato e eu vou acioná-la. Você quer vir para o Wolfsburg?’”, conta.

O brasileiro não teve dúvidas, topou o convite e vestiu a camisa da tradicional equipe alemã por quatro temporadas. Quando o ciclo no Wolfsburg chegou ao fim, o lateral mostrou novamente seu valor pela confiança, assim como demonstrou a Glasner.

Na época, seu staff negociava com equipes de Espanha, Inglaterra, Rússia e do próprio futebol alemão para a sequência da carreira. Tudo parecia fluir bem, até que uma lesão fez com que quase todos os interessados ‘sumissem’, exceto o Al Sadd, conforme recorda.

“Faltavam uns seis ou sete jogos para acabar o ano e eu estava conversando com um ‘zilhão’ de equipes. Mas eu me machuquei em um domingo à noite, e, na segunda-feira, todo mundo desapareceu. O único que realmente não sumiu nesse meio tempo foi o Al Sadd. E aí, claro, financeiramente era uma proposta totalmente diferente das outras. Tinham propostas que equivaleriam em um longo prazo. Mas, quando você tem uma confiança depositada, acho que nada mais justo do que retribuir isso”, explica sobre a ida para o Catar. 

Paulo Otavio deixa gramado lesionado em último jogo pelo Wolfsburg
Paulo Otavio deixa gramado lesionado em último jogo pelo Wolfsburg
Foto: Stuart Franklin/Getty Images

O 'bicho' que ficou no quase no Catar

Ao chegar no Catar, Paulo Otavio se deparou com o paraíso esperado. Além da qualidade de vida para a família e estrutura do país, o lateral passou a vivenciar um lado mais luxuoso do futebol, inclusive com o pagamento dos famosos ‘bichos’, premiações dadas por resultados e desempenho além do salário.

“Para eles, é dever a gente passar o carro em todo mundo. Então, é um jogo ou outro que vão dar prêmios significantes. Foi uma coisa que eu nunca tinha vivido ainda. A gente precisava ganhar o jogo pra abrir uns 15 pontos e ficarmos perto do título. Estávamos jogando fora de casa, contra o Al-Wakrah, era um jogo relativamente difícil. Foi 0 a 0 no primeiro tempo, o treinador foi falar, aí o cara apareceu no vestiário e falou: ‘peraí, agora que faço eu’. Ele falou que eram US$ 20 mil (R$ 108,5 mil) para ganhar o jogo”, recorda.

A promessa do dirigente, no entanto, parece não ter contagiado o restante do time da mesma maneira que aconteceu com o brasileiro: “Eu entrei no segundo tempo pensando ‘nossa senhora, do nada, vou ganhar R$ 100 mil. Logo de cara saiu um pênalti e a gente errou. Não precisava fazer muita coisa, só um golzinho e a gente ganhava R$ 100 mil. Mas empatou, e o empate para eles é igual derrota”, lembra o lateral, que, embora não tenha levado o 'bicho' pra casa, conquistou o título da liga naquela temporada.

Parceria com craque no Al Sadd

Se as cifras falam alto em premiações, é certo que tem nomes de peso no Campeonato Catari. Um deles é Roberto Firmino, ex-Liverpool e Seleção Brasileira, que chegou ao Al Sadd na última janela de transferências.

Antes de a negociação ser concretizada, os rumores tomaram conta do noticiário, e Paulo Otavio passou a ser alvo de questionamentos. Embora se esquivasse de procurar respostas, o lateral descobriu de maneira inusitada que o craque seria seu companheiro.

“Todo mundo estava me perguntando se o Firmino viria. Eu ainda estava no Brasil, não sabia e ninguém tinha falado nada. Mas aí ele me seguiu no Instagram. Na hora, eu falei: ‘Ele vem’. Não ia me seguir do nada. Segui ele de volta e mandei [mensagem]. Daí ele me falou que na quinta chegaria”, revelou o camisa 6.

Com Firmino ao lado, o lateral quer continuar conquistando títulos no Catar. Desde que chegou ao país, em 2023, conquistou o bicampeonato da Liga Catari, uma Copa do Emir e uma Copa do Catar. 

Paulo Otavio comemora gol com Roberto Firmino e outros companheiros
Paulo Otavio comemora gol com Roberto Firmino e outros companheiros
Foto: Divulgação/Al Sadd

Vida de Paulo Otavio no Oriente Médio

Quando recebeu a proposta para jogar no Catar, o lateral ponderou o lado familiar. O medo do desconhecido por questões envolvendo a liberdade que a esposa e a filha teriam no país chegou a ser considerada, mas bastou uma visita a Doha para tudo mudar. 

“A primeira coisa que eu pensei foi que tenho a minha esposa, e a minha filha estava a nascer na época. Como seria? Se eu vou com duas mulheres em casa, eu tô indo pro mundo árabe, que é totalmente voltado para as mulheres não poderem fazer tal coisa. Por isso, o clube me levou ao Catar antes de assinar contrato, pra eu conhecer tudo e poder decidir. E, quando conheci tudo, mudei meu pensamento: ‘isso aqui tem que dar certo. Se não der certo, eu tô conhecendo o paraíso e não vou poder entrar’”, explica. 

Após três anos em solo catari, o lateral tem a certeza que a desconfiança era desnecessária: “É óbvio, minha esposa não vai poder andar com um shortinho curto, não vai andar com uma regata. Mas ela pode andar normalmente, como se estivesse no Brasil ou na Europa. Não precisa do véu na cabeça, não precisa de nada disso”.

Paulo Otavio em amistoso de pré-temporada pelo Al Sadd
Paulo Otavio em amistoso de pré-temporada pelo Al Sadd
Foto: Divulgação/Al Sadd

Mesmo sem a necessidade de seguir algumas normas, Paulo Otavio gosta de se sentir dentro da cultura local e, inclusive, vê o gesto como uma forma de conquistar o respeito dos cataris.

No Ramadã, por exemplo, as equipes invertem os períodos de atividade para alinhar com o cronograma do jejum islâmico. Embora não siga as normas dentro de casa, o brasileiro respeita ao máximo os costumes locais e sequer bebe água durante suas corridas pela cidade.

“Querendo ou não, tem trabalhadores ali, no sol de rachar. Eles estão ali sofrendo e você vai tomar sua aguinha aqui. É uma maneira de respeitar eles também. Você pode até fazer, mas eu acho que é uma tremenda falta de respeito com eles, e você pode, por exemplo, tomar uma multa do governo”, destaca o lateral, que mesmo feliz e adaptado ao Catar, ainda mantém vivo o sonho de brilhar no futebol brasileiro. 

“Voltar ao Brasil é o único sonho que me falta realizar. Mas eu também não quero voltar com 37 anos só para acabar a carreira. Se eu tiver que voltar, quero conquistar alguma coisa ainda. Poder ajudar, não quero voltar só para ser um bom jogador para vestiário. Se eu perceber que está virando para esse lado, acho que eu não voltaria”, completa.

Fonte: Redação Terra
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