Ex-Vasco, Gabriel Pec se reinventa nos Estados Unidos e quer se testar no futebol europeu
Ponta brasileiro foi campeão da MLS pelo LA Galaxy na última temporada
Gabriel Pec, ex-Vasco e destaque do LA Galaxy, conquistou a MLS em 2024 e agora almeja testar seu futebol na Europa, visando realizar os sonhos de jogar a Champions League e integrar a Seleção Brasileira.
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Gabriel Pec, de 24 anos, pode dizer que não é mais o mesmo jogador de quando deixou o Vasco da Gama, em fevereiro de 2024. Desde que desembarcou nos Estados Unidos, o ponta amadureceu dentro e fora de campo. Nessas mudanças, deixou de lado algumas características que o tornavam um atleta mais defensivo e encontrou um “futebol mais alegre” com a camisa do LA Galaxy.
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“Consegui evoluir bastante com a minha chegada aqui. No Vasco, era muita marcação. Eu era quase um lateral. Isso foi muito importante pra mim, me fez evoluir taticamente e defensivamente. Entender mais do jogo. Aqui, cheguei com uma proposta diferente, porque o nosso time joga muito com a bola. Evoluiu muito meu um contra um e minha decisão final no último terço, que era algo que eu queria melhorar", disse o camisa 11, em conversa exclusiva com o Terra.
A mudança na carreira, segundo ele, o ajudou a despertar habilidades adormecidas, além de trazer mais alegria para o seu futebol. "Fiquei muito feliz, consegui desenvolver um futebol que eu tinha e meio que estava um pouco guardado dentro de mim. Que era o futebol mais alegre. O futebol brasileiro de ir pra cima, de driblar, de fazer gol e dar assistência. Acho que foi tudo no tempo certo. No Vasco, aprendi muito e aqui eu tô aprendendo muito também. E isso é bom porque continuo evoluindo como jogador.”
Essa evolução não fica apenas da boca para fora. Logo em sua temporada de estreia pela equipe da Costa Oeste dos Estados Unidos, o atacante foi o destaque do título da MLS, com 19 gols e 15 assistências em 38 jogos. As atuações o levaram a desbancar Luis Suárez, do Inter Miami, como melhor contratação do futebol norte-americano em 2024, e a ser convocado para o All Star Game.
Mesmo com os números expressivos do primeiro ano, se engana quem pensa que Pec teve vida fácil ao chegar no país. Para se adaptar ao campeonato local, o jogador revelado pelo Vasco precisou do apoio de companheiros de time, comissão técnica e diretoria nos “primeiros três ou quatro jogos”.
“Foi uma adaptação um pouco diferente, um pouco mais difícil. Porque aqui os gramados são muito rápidos, a bola corre mais. A liga é um pouco diferente, aqui exige um pouco mais de físico, de atacar o espaço, de receber a bola na frente", pontua Pec, que destaca as diferenças entre o futebol norte-americano e o brasileiro.
"Aqui, fisicamente, é até mais forte que no Brasil. Acho que a diferença é que, no Brasil, o sistema é mais compacto. É mais estudado, mais estratégico. Mais posicionado com empate. Jogando fora de casa, às vezes, joga pra se defender. A nossa equipe não. Aqui, a gente joga todos os jogos pra ter a posse de bola. Pra ir pra cima, pra criar chances”, recorda o camisa 11.
A certeza de que teria essa ajuda no período de adaptação, inclusive, foi um dos motivos que levaram Pec a aceitar a proposta dos LA Galaxy dentre as demais ofertas que surgiram a partir de sua melhor temporada com a camisa do Vasco. O outro ponto que chamou a atenção do atacante foi a presença de nomes de peso na MLS, sendo Lionel Messi, do Inter Miami, o principal deles.
“Também tem a confiança que o clube depositou em mim. Eles virem, gastarem um valor alto, sendo o maior investimento do clube até hoje. Isso fez eu me sentir bem. Saber que eu chegaria num lugar onde as pessoas confiaram em mim, no meu futebol, me dariam tempo e confiança. E isso para um jogador é muito importante. Cheguei um pouco nervoso e ansioso para poder render aquilo que eles estavam depositando em mim”, afirma ele ao explicar a escolha pelo futebol dos Estados Unidos.
Se dentro de campo teve algumas dificuldades, fora das quatro linhas o ponta se deparou com um cenário bastante parecido com as praias do Rio de Janeiro. Por outro lado, um dos obstáculos encontrados foi o idioma, mas que superou com o apoio da esposa, Isabella Lipatin, que já havia feito intercâmbio nos Estados Unidos.
“Pra mim, a adaptação mais difícil mesmo foi a questão da língua e da distância da família. Mas minha esposa me ajuda bastante. O inglês dela é fluente. Eu até brinco com ela, falando que ela é americana. Isso facilitou a minha adaptação”, recorda.
Nesta temporada, porém, o LA Galaxy vive momento bastante distinto de 2024. A equipe ocupa a lanterna da Conferência Oeste da MLS, com apenas 16 pontos em 25 jogos disputados. A esperança de título fica pela Leagues Cup, torneio em que enfrentará o Pachuca, do México, nas quartas de final.
Mesmo com o cenário complicado, Pec se destaca com oito gols e uma assistência em 29 partidas. Essas atuações levaram o ponta a ter o nome ligado a times como Palmeiras e Cruzeiro na atual janela de transferências.
Mesmo adaptado aos Estados Unidos, o brasileiro não descarta uma nova mudança em um futuro próximo. “Fico muito feliz de ver o mercado brasileiro sempre me olhando, me querendo. O Palmeiras, um grande clube, o Cruzeiro, que vem aparecendo cada vez mais na mídia. Fico muito feliz de poder ver esses grandes clubes tendo um olhar pra mim. Mas, agora, o meu foco é ir pra Europa, porque eu quero ver como eu me sairia na Europa."
Embora não feche portas, o atacante priorizaria por uma ida para o futebol europeu, onde realizaria o sonho de jogar a Champions League e estar mais perto da Seleção Brasileira. "Já joguei no Brasil pelo Vasco e agora aqui nos Estados Unidos, na MLS. Mas claro que estou aberto a ver as propostas, o que vem. Porque, como eu falei, quero ir pra onde me aproxima do meu sonho, que é um dia jogar a Champions League e também ir pra Seleção Brasileira. Quanto a isso, fico mais reservado, mas tenho sonhos e quero realizar todos”, diz com bastante otimismo.
Parceria estrelada, clássico ao estilo Libertadores e vida nos EUA
Nos Estados Unidos, Pec criou um laço especial com um ídolo do futebol mundial: Marco Reus. Em Los Angeles, o alemão virou amigo e, às vezes, conselheiro do atacante brasileiro.
“Eu ainda não sou muito bom no inglês, mas, sempre que dá, a gente está conversando, dando uma risada. Um dos conselhos que ele mais me dá é de que consiga criar muito ali no terço final. Então, ele fala pra eu ter mais calma, mais frieza na hora de finalizar ou na hora de achar um passe, pra sempre decidir a melhor jogada”, conta.
Juntos, Pec e Reus têm sido os destaques em um confronto único do futebol norte-americano: o clássico El Tráfico, que coloca o LA Galaxy frente ao LAFC. No último duelo, o brasileiro marcou duas vezes no emocionante empate em 3 a 3. Antes, ele já havia marcado na derrota por 2 a 1, em julho de 2024.
Para o camisa 11, o clima hostil em jogos na casa do rival transforma o dérbi no confronto mais brasileiro dos Estados Unidos. Esse cenário ao estilo Libertadores, aliás, motiva o jogador.
“Eu gosto muito desses jogos, porque eu fui acostumado, desde novinho, a jogar clássicos, jogar contra o Flamengo. Esses jogos me fazem ter mais atenção, me fazem querer jogar mais, querer fazer gols. Graças a Deus, no último jogo, eu fiz dois gols contra eles. Foi muito legal. Foi um jogo lá e cá, tanto que terminou 3 a 3, com a gente empatando no último minuto, na casa deles. A torcida jogando cerveja na gente, jogando copos, xingando. Foi muito legal esse jogo, esse momento”, detalha.
Nos próximos capítulos do El Tráfico, o rival do Galaxy terá um reforço de peso. Ídolo do Tottenham, da Inglaterra, Son Heung-Min foi anunciado pelo LAFC nesta janela de transferências: “É bem legal ver que tem grandes jogadores vindo pra cá, jogadores com nome no futebol mundial. A única coisa que eu sinto é mais vontade de enfrentar eles. Assim como a gente tem o Reus, agora, eles têm o Son. Os dois são jogadores conhecidos mundialmente. Quem ganha é a Liga, é o jogo. Estou muito ansioso para enfrentar eles novamente, porque sempre é um grande jogo, onde sempre tá lotado, e a atmosfera é muito legal”, completa.
A vida de Pec em Los Angeles, porém, vai além dos jogos contra o LAFC. No tempo livre, ele conta que gosta de ir a restaurantes e praias com a esposa, além de frequentar a igreja. Quando a folga é maior, o casal aproveita para viajar, inclusive para o México. Como bom atleta, o ponta também não deixa de acompanhar outros esportes, como basquete e futebol americano. Nas modalidades, a torcida fica para os Lakers e os Los Angeles Rams.
