Adeus, 2014! Botafogo deixa "limbo" e se renova com taça
Ele não tem mais o mesmo peso de anos anteriores (quando dava vaga à final do Campeonato Carioca), mas merece, sim, ser comemorado. O título da Taça Guanabara, agora entregue ao melhor colocado da fase de classificação do Estadual do Rio de Janeiro, talvez não tivesse dono melhor que o Botafogo. Se havia um clube carioca que precisava de alguma alegria no início de 2015, este era o alvinegro de General Severiano. E assim aconteceu .
O Botafogo simplesmente renasceu das cinzas neste início de temporada. É improvável encontrar alguém que, em dezembro de 2014, tenha cravado que o time da Estrela Solitária terminaria a primeira fase do Campeonato Carioca com a melhor campanha dentre as 16 equipes da elite estadual. Os alvinegros viraram o calendário esfacelados e, incrivelmente, encontraram forças para se acertar nos primeiros meses de 2015.
O novo rebaixamento à segunda divisão nacional, amargado com uma rodada de antecedência em 30 de novembro de 2014, apontava que o que Botafogo precisava, mesmo, era levar um choque. Má gestão financeira, insistência com técnico inexperiente, confusão com atletas fortes dentro do elenco, eleições... Tudo isto contribuiu para que o descenso ocorresse . E de maneira tão cruel – com poucas chances de salvação.
Mas, apesar de soar precoce pela fragilidade dos campeonatos estaduais, boa parte disto parece coisa do passado. O Botafogo versão 2015 é mais humilde, consciente, preciso. Em 16 partidas oficiais disputadas no ano até aqui, o time acumulou 11 vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. O que explica isto? Além da óbvia diferença de qualidade dos times do Carioca com relação ao do Brasileiro de 2014, a mudança de mentalidade. O clube alvinegro tem se mostrado mais ciente de seu próprio tamanho na nova temporada.
Para começar, contratou um técnico barato e que precisava se reerguer. Provar o seu valor. Após alguns insucessos consecutivos e até uma aventura como comentarista esportivo, René Simões aceitou o “trabalho mais desafiador da sua carreira”, como já disse em algumas oportunidades, e, até aqui, não decepcionou. Conseguiu definir um padrão para o time e, ao menos, já tem montada uma boa base para a Série B. Prova disto é que, ao lado do Flamengo, o Botafogo encerrou a primeira fase do Carioca com a melhor defesa e o melhor ataque da competição.
A volta ao Engenhão (agora rebatizado de Estádio Nilton Santos) também parece ter dado nova vida ao clube alvinegro, que tem conseguido se impor e conquistar bons resultados dentro de casa (foram seis vitórias em seis jogos, com 17 gols feitos e apenas dois sofridos). Isto sem falar no bom desempenho de jogadores que, por onde passaram, sempre foram muito contestados. Os renegados Jobson, Bill e Carleto, por exemplo, são alguns dos principais nomes do atual elenco alvinegro.
Ainda é muito cedo para fazer qualquer análise ou constatação mais precisa? Sim. Mas não se pode negar: os quatro primeiros meses do Botafogo em 2015 foram muito melhores do que o imaginado. Que eles não deem a impressão de que tudo está resolvido, mas que sirvam, sim, como base para a continuidade do trabalho no restante do ano. O principal objetivo, afinal, não é erguer Taça Guanabara ou Campeonato Carioca. E sim subir à Série A com um time confiável, que já permita projetar 2016. O acesso seria muito bem-vindo, não é mesmo, Maitê Proença?
