Pode-se dizer que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, saiu de Brasília, no último sábado, com um saldo positivo na questão política após a estreia da Seleção Brasileira sobre o Japão, por 3 a 0. Com rusgas com a presidente Dilma Rousseff, o dirigente viu ela e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, serem vaiados pelo grande público no Estádio Nacional Mané Garrincha.
Do lado dos dois, praticamente mudo, Marin saiu incólume da manifestação contrária da torcida e ainda ganhou como presente algumas imagens ao lado da presidente, encontro que estava querendo há algum tempo para reforçar sua posição política dentro da CBF, já que tem de se preocupar em eleger o vice Marco Polo Del Nero no próximo pleito da entidade.
Quatro dias se passaram e esse cenário tem tudo para mudar. No segundo jogo da Seleção, diante do México, na Arena Castelão, Marin não terá como "escudos" a seu favor Dilma e Blatter. Os dois não estarão presentes em Fortaleza. Com isso, teoricamente, a figura do presidente da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) vira alvo principal na indignação da população com os gastos da Copa do Mundo. Marin, porém, parece não estar nem um pouco preocupado com esta situação.
Mesmo com protestos sendo marcados para dentro da Arena Castelão, como o de torcedores cantarem o hino nacional de costas, o presidente da CBF prefere dizer que a questão das manifestações ficará apenas do lado de fora dos estádios da Copa das Confederações.
"Dentro do campo não vejo nenhum preocupação. No estádio em si não tenho preocupação. Agora fora do estádio não cabe à CBF, a não ser procurar dar a máxima tranquilidade àqueles que se dirigem ao estádio. Não quero desviar do foco esportivo. As autoridades competentes saberão tomar as ações adequadas para que isso não se torne um problema para a Copa das Confederações e Copa do Mundo", disse o dirigente nesta terça-feira, durante anúncio de um novo patrocinador da entidade.
Além de ficar mais "exposto" ao público, Marin viu nesta semana Douglas de Felice deixar de ser seu assessor. De Felice foi peça importante na mudança de postura do dirigente desde que a imagem dele ficou arranhada após vazamento de três áudios com declarações comprometedoras de sua parte, além das denúncias de Ivo Herzog, filho do ex-jornalista Vladimir Herzog, sobre a possível participação do presidente da CBF em torturas da época da ditadura militar.
Marin diz que protestos não preocupam "espetáculo":
Durante os dois meses em que de Felice cuidou da imagem de Marin, duas mudanças estratégicas foram visíveis: o presidente da CBF passou a evitar os holofotes, em especial a imprensa. Também dispensou a tinta e assumiu os cabelos brancos. Sem um guia ao seu lado, Marin pode se perder novamente nas suas declarações e ver a imagem que vinha reparando se ruir novamente.
Manifestação foi realizada nas imediações do Estádio do Maracanã neste domingo, antes da partida entre México x Itália, pela Copa das Confederações. O ato sofreu forte repressão da Polícia Militar do RJ, que respondeu com bombas de efeito moral e balas de borracha
Foto: Mauro Pimentel / Terra
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